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|Economia

Não governam para nós

O ministro da Economia destaca o «muito bom» desempenho num ano em que cresceram as desigualdades e o poder de compra caiu a pique, graças ao brutal aumento do custo de vida. Foi «muito bom»... para os mesmos de sempre.

CréditosTiago Petinga / Agência Lusa

Coincidiu. Enquanto Costa e Silva se regozijava a debitar números, milhares de trabalhadores, reformados e pensionistas davam corpo a uma manifestação rumo à Assembleia da República, em Lisboa. Outros milhares fizeram-no, ontem também, um pouco por todo o País. Nas ruas, o sentimento (a CGTP apelidou-o de Indignação) é de revolta face ao rumo que a vida toma, com cada vez maiores dificuldades para chegar ao fim do mês, conseguir pagar um tecto, alimentar a família ou ter tempo para estar com ela, graças aos horários desregulados, e devido aos salários que a inflação vai comendo. Tendência que Governo e patrões se recusam a contrariar, como hoje se confirma de novo com a aprovação das alterações laborais da chamada agenda do trabalho digno. 

Na Assembleia, o ministro da Economia voltou a falar do «maior aumento de sempre» do salário mínimo, como se ele tivesse sido capaz de acompanhar o aumento do custo de vida ou permitisse tirar trabalhadores da pobreza. Não permite. Vangloriou-se com o crescimento do PIB em 6,7% – «Desde 1987 que o País não atingia uma marca desta dimensão». Mas há também quase 40 anos que os portugueses não pagavam tanto pelos bens de consumo essenciais e ontem ouviram-se testemunhos de reformados que já só conseguem fazer uma refeição por dia, muitas famílias com filhos que enganam a fome para os alimentar.

De que serve o crescimento da economia e dos indicadores que importam a Bruxelas, se quem cá vive não tem para comer? Ou se o nível de investimento público vem decrescendo? De que serve o facto de as exportações terem passado 50% do PIB, se quem cria o que exportamos tem salários à beira do salário mínimo? Costa e Silva reconheceu que a escalada da inflação (que o Governo se recusou contrariar) afectou o rendimento das famílias e das empresas, e disse-o como se de uma inevitabilidade se tratasse. Ao mesmo tempo, falou dos valores recorde que atingiram sectores, como o do turismo, e que graças à exploração e precariedade em que mantêm os seus trabalhadores contribuem para este estado de coisas. 

Os «sinais positivos» de que fala o ministro da Economia e do Mar reportam-se aos mesmos de sempre e não chegam a quem verdadeiramente cria a riqueza. Vejam-se os lucros escandalosos da banca, que nem por isso deixa de asfixiar o direito das famílias à habitação enquanto vai engordando os seus accionistas.

Não vale a pena insistirem com argumentos, como o da guerra, porque a realidade desmente qualquer retórica. A riqueza existe, só não é bem distribuída. E quando um governante vai ao Parlamento atestar esta realidade, fica claro que não governa para o povo.  

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