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|comunicação social

Após denúncias, NOVO Semanário apressa-se a pagar o que deve aos jornalistas

Há mais de um ano que o semanário se negava a pagar o trabalho de mais de uma dezena de jornalistas. O actual assessor de imprensa da Iniciativa Liberal foi director do jornal durante esse período.

Premonitório cartaz de publicidade do NOVO Semanário, de 2021, que aparenta referir-se às práticas do próprio jornal 
Premonitório cartaz de publicidade do NOVO Semanário, de 2021, que aparenta referir-se às práticas do próprio jornal Créditos / NOVO Semanário

Parece que afinal o modelo económico adoptado pelo NOVO Semanário, em circulação desde 2021, pouco tem de «original e novo», como o próprio pretende. Pelo contrário, o jornal assenta as suas bases nas mais perversas práticas do patronato português.

Não será de espantar que, durante o período em que o NOVO Semanário explorou economicamente o trabalho de vários jornalistas, fotojornalistas e cronistas, o jornal tenha tido como director Octávio Lousada Oliveira. O mesmo que, em Janeiro de 2022, passou a assumir a assessoria de comunicação da Iniciativa Liberal.

Por seu lado, Francisco Oom Pimenta Peres, presidente do conselho de administração do jornal, e Miguel Côrte Real, presidente da comissão executiva, foram, nas últimas eleições autárquicas, candidatos nas listas do PSD a Porto e Lisboa, respectivamente.

Tendo em conta que o estatuto editorial assume que será o jornal, «o primeiro fiscal da sua própria actuação», preferindo «sempre sacrificar a sua existência aos seus princípios fundadores». É justa a presunção de que, face à total inacção do jornal relativamente a estas denúncias (que se vêm repetindo desde há mais de seis meses), o calote financeiro fará parte, então, dos príncipios fundadores do jornal que se pretende novo e independente.

Entre os mais activos cronistas do NOVO Semanário, que se afirma de «centro-direita», está Rita Matias, deputada do Chega, Rui Rocha, deputado da Iniciativa Liberal e Aline Hall de Beuvink, vice-presidente do Partido Popular Monárquico.

Dezenas de crónicas, reportagens e fotografias foram utilizadas sem pagar aos autores

Não será, neste momento, justo afirmar que o NOVO Semanário se recusou determinadamente a pagar a dívida que contraiu com uma série de trabalhadores da área (cujos trabalhos utilizou sem quaisquer pudores). A publicação de uma carta aberta, em solidariedade com 11 desses trabalhadores, subscrita por mais de 60 pessoas do sector, desbloqueou, como que por magia, um impasse de muitos meses.

Alguns destes trabalhadores não recebiam desde Maio de 2021 (isto num jornal que começou a publicar em Abril de 2021). Segundo as denúncias, o jornal e a empresa que o detém, a Lapanews, deixaram de responder aos pedidos de resolução da situação em Março deste ano.

«Desde Maio de 2021 até Novembro de 2021, as facturas dos trabalhos encomendados (e publicados) aos colaboradores Ana Brígida, Ana Martins Ventura, António Marujo, Ana Rita Espírito Santo, Enric Vives-Rubio, Francisco Romão Pereira, Miguel Madeira, Nuno Cruz, Ricardo Coelho Lopes, Rodrigo Cabrita e Rui Miguel Oliveira, nunca foram pagas», pode ler-se na carta aberta.

«São cerca de 6 mil euros no total, o que pode não parecer muito para cada um, mas são valores que fazem falta a quem realizou os trabalhos, não só por ser justo, mas também porque adiantaram os valores de despesas do seu bolso e pagaram o IVA, como exige a lei».

Gato escondido com o rabo de fora. Estratégia de gestão liberal foi um fracasso

«Não se engane. Existe uma política de criação de pobreza neste país. Deliberada. Uma agenda de que quanto mais pobres e dependentes melhor», afirmou, em Junho, Diogo Agostinho, até à poucos dias director-executivo do NOVO Semanário e com um longo currículo de cargos ligados ao PSD (na Santa Casa da Misericórdia, com Pedro Santana Lopes, e na Câmara Municipal de Cascais, com Carlos Carreiras).

Uma tão perspicaz advertência só poderia ter sido desenvolvida por alguém que, no seu dia a dia, concretiza, na prática, essa mesma política de criação da pobreza para a qual alertava incautos leitores.

Segundo apurou o jornal Público, outros 17 profissionais, que colaboraram com o jornal, já vieram a público denunciar a utilização dos seus trabalhos, por parte do NOVO Semanário, sem a devida remuneração.

A denúncia pública foi suficientemente humilhante para forçar o jornal, que a Lapanews pretende vender até ao final de Julho, a pagar a alguns destes trabalhadores. Nem assim reconquistaram a confiança na integridade do NOVO Semanário: «só acredito quando vir o dinheiro na conta», disse o fotojornalista Francisco Romão Pereira ao Público.

A situação não é nova, pelo contrário, é apenas expressão maior do modelo de gestão liberal do jornal. Em Janeiro de 2022, a cronista Raquel Costa anunciava o fim da sua colaboração com o NOVO Semanário: «Tomei a decisão de deixar de assinar a crónica Já Ninguém Vê Televisão depois de vários atrasos nos pagamentos, saldados depois de semanas de espera, e-mails, mensagens, telefonemas e chatices".

Em Março de 2022, por ocasião do despedimento colectivo de quatro trabalhadores do jornal (assinalando, com estilo, o primeiro aniversário da publicação), o Sindicato dos Jornalistas alertava «para o 'fenómeno' que vai surgindo na comunicação social de empresas que à primeira dificuldade entendem que, para resolver ou contornar a crise, devem dispensar os/as profissionais que são a sustentação» de qualquer empresa.

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