|salários em atraso

Publicação da revista Visão durante a greve «desrespeita os leitores»

Com uma adesão de 80%, os trabalhadores da Trust in News estão em greve pelo pagamento dos salários em atraso. Ainda assim, o grupo levou às bancas a Visão, com a republicação de conteúdo feito por quem está em greve.

Concentração de trabalhadores da Trust in News (Visão, Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior), em greve por tempo indeterminado pelo pagamento dos salários em atraso. Oeiras, 20 de Junho de 2025 
Concentração de trabalhadores da Trust in News (Visão, Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior), em greve por tempo indeterminado pelo pagamento dos salários em atraso. Oeiras, 20 de Junho de 2025 CréditosAntónio Pedro Santos / Agência Lusa

Há mais de um ano que os trabalhadores da Trust in News (dona da Visão, Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Júnior) se deparam com sucessivos atrasos no pagamento dos salários. No início de Junho, quando foi decidida, em plenário, a greve por tempo indeterminado, ainda estavam por pagar 20% do salário de Abril, a totalidade do de Maio e o subsídio de refeição deste período.

Agora, em plena greve, a administração da Trust in News decidiu fazer chegar às bancas uma edição reduzida da revista Visão. «Feita por poucos trabalhadores e colaboradores externos», esta publicação tem como objectivo «mascarar o impacto da greve da maioria dos trabalhadores», acusa o Sindicato dos Jornalistas (SJ). No contexto e na forma como foi editada, a Visão não cumpre «a missão de interesse público que merece».

Sem actualidade noticiosa (sem jornalistas, não há notícias), o patronato decidiu rechear as reduzidas páginas da Visão com a «republicação de artigos de outras revistas do grupo» e a «tradução de exclusivos de órgãos internacionais». Contra a sua vontade, foram ainda usadas «fotografias de fotojornalistas que estão neste momento em greve».

Podem ter saído revistas, com a administração a furar a greve dos trabalhadores, «mas todos sabemos que a situação é insustentável», considera o sindicato. Quantas mais publicações serão produzidas «contra a vontade das redações? Até quando quer a gerência da Trust in News colocar revistas em banca que defraudam desta forma a expectativa de leitores habituados à qualidade dos títulos históricos nas suas mãos, prejudicando a sua reputação?», questiona o Sindicato dos Jornalistas.

Mesmo «publicando traduções, recorrendo a colaboradores externos, transferindo designers gráficos de umas revistas para outras», o patronato não conseguirá ocultar a greve e a força da luta dos trabalhadores da Trust in News, pelo pagamento dos salários que lhes são devidos.

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