Ao terceiro dia, o Governo mandou avançar as forças policiais. Face a uma greve «com grande unidade e adesão dos trabalhadores da Amarsul», acabaram por vir as forças de choque pressionar e intimidar os piquetes, denuncia, em comunicado enviado ao AbrilAbril, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN).
Pela força, acabaram por conseguir, ao início da noite, forçar a entrada de carros dos municípios da Moita, Montijo e Barreiro no ecoparque de Palmela, «mesmo sem condições para depositar os resíduos». A Fiequimetal não tem dúvidas de que «o Governo está a usar, conscientemente, as forças de segurança para servir os interesses patronais e reprimir os trabalhadores».
Em comunicado conjunto, a Fiequimetal e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL/CGTP-IN) condenam a acção policial, realizada a «pedido do conselho de administração da Amarsul», de forma a punir os trabalhadores que aderiram, em grande número, à greve que arrancou no dia 29 de Novembro e vai continua a paralisar a empresa até 3 de Novembro.
O pretexto da intervenção policial recai sobre «uma interpretação particular do acórdão do Tribunal Arbitral que definiu os serviços mínimos», e que estão a ser escrupulosamente cumpridos pelos trabalhadores. Certo é que «a Amarsul e o Governo violam o direito à greve e desrespeitam também as normas mínimas exigidas para a descarga dos resíduos».
A resposta que a empresa – privatizada em 2015 e que faz agora parte do Grupo EGF/Mota-Engil – tem para dar às exigências dos trabalhadores é esta: total indisponibilidade para o diálogo e a «justa valorização» dos que lá trabalham.
A secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, dirigiu-se ontem à noite aos trabalhadores do piquete de greve no Ecoparque do Seixal, manifestando a sua «total solidariedade» e reforçando a necessidade de manter «o ânimo para a continuação desta acção de luta». Em causa está o fim da precariedade na empresa e o aumento geral dos salários.
Mais uma privatização que «não serve»
A Amarsul é a empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos dos concelhos do Seixal, Sesimbra, Barreiro, Setúbal, Moita, Montijo, Palmela, Almada e Alcochete.
Uma das últimas privatizações levadas as cabo pelo governo PSD/CDS-PP em 2015, passou a integrar a Mota-Engil, «decisão contestada pelas câmaras municipais da região e que tem sido prejudicial ao serviço público, às populações e aos seus trabalhadores», refere, em comunicado, a Câmara Municipal do Seixal (CMS).
Desde esse momento, os concelhos assistiram ao progressivo degradar do serviço da empresa, que «deixou de realizar os investimentos necessários, por demais evidente com o aterro sanitário do Seixal, que se encontra esgotado, sem que esta empresa mostre sinais de preocupação ambiental».
Tudo ao mesmo tempo que «aumenta as tarifas cobradas aos municípios e às populações», sem que os trabalhadores vejam o seu salário aumentado e os seus vínculos precários normalizados.
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