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Só mesmo o patronato para achar que o Lidl é o «Melhor Empregador»

O instituto Top Employers certificou a gestão do Lidl como Top Employer. É completamente «falso», afirma o CESP/CGTP: no Lidl, abunda a repressão, a ilegalidade e os ataques aos direitos laborais e parentais.

Créditos / Idealista

O instituto Top Employers, que certifica as empresas que implementam as (supostas) melhores práticas de gestão de Recursos Humanos, atribuiu a distinção Top Employer (Melhor Empregador) a 2053 empresas e organizações de 121 países em 2023, 37 das quais em Portugal. Entre elas figura o Lidl, uma das maiores empresas do sector da grande distribuição a operar em Portugal e dezenas de outros países europeus (movimentando milhares de milhões de euros todos os semestres).

Esta importante conquista para a empresa, que abre um mundo de novas possibilidades no campo da propaganda (ou marketing), foi uma surpresa para os seus trabalhadores, que conhecem, na pele, as consequências das práticas do Lidl. Em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) enumera um conjunto de práticas «ilegais» e «repressivas» recorrentes na empresa.

O modelo de avaliações do Lidl, por exemplo, é «discriminatório» e sem a «transparência» que se exige a um sistema que determina se os trabalhadores vão, ou não, ter aumentos salariais, explica o sindicato. As chefias do Lidl (provavelmente, também elas as «melhores») «prejudicam intencionalmente os trabalhadores nas avaliação, não informam sobre como as melhorar, e usam-nas para chantagear os trabalhadores – convidando-os a descer de categoria profissional (com salários mais baixos) ou mesmo a abandonar a empresa».

Também a gestão de recursos humanos do Lidl, no que toca aos horários de trabalho, deixa muito a desejar. Para além de ter conseguido armar um esquema para introduzir o banco de horas na empresa, com a conivência oportunista do SITESE, sindicato da UGT, o Lidl não reconhece o direito ao descanso nos domingos, como está determinado pelo Contrato Colectivo de Trabalho (CCT). Importa salientar, neste aspecto, que «o incumprimento do CCT é ilegal», relembra o CESP aos melhores empregadores.

Outra evidência de uma extraordinária gestão: a maioria dos trabalhadores do Lidl estão em «part-time e sem horário fixo»

Ao fim do mês, esta Top Employer entrega magnanimamente um salário inferior ao Salário Mínimo Nacional à maioria dos seus trabalhadores , impedindo, através da proliferação dos part-time, que estes mesmos trabalhadores desenvolvam outra profissão para complementar os salários de miséria pagos pelo Lidl.

Para demonstrar que esta distinção «não podia ser mais falsa», o CESP realça que o Lidl opera «com menos trabalhadores do que o necessário, o que põe em causa a saúde e segurança no trabalho destes trabalhadores». Para além disso, o Lidl «impõe períodos de marcação de férias aos trabalhadores», decidindo unilateralmente que só o patronato tem a «possibilidade de marcar férias nas semanas da Páscoa, do Natal e no período do Verão».

As razões pelas quais os trabalhadores e o seu sindicato, o CESP, atribuíram o galardão Worst Employer (Pior Empregador) não ficam por aí. É frequente, no Lidl, «castigar» trabalhadores deslocando os visados para as secções «com trabalho pesado, muito duro, em ambientes constantemente refrigerados, e com choques térmicos», no caso dos entrepostos. Nas lojas, o Lidl costuma emitir «ordens de transferência de local de trabalho injustificadas, que põem em causa, de forma grave, a saúde dos trabalhadores e a qualidade de serviço».

Como se a discrição das práticas desta empresa não fossem já suficientemente semelhante ao que esperaríamos de uma qualquer organização gerida por vários Ebenezer Scrooges, o absurdo desta distinção toma contornos alucinados se tivermos em conta que o Lidl «reprime, coage, penaliza, discrimina e ameaça os trabalhadores que exercem os seus direitos parentais – da amamentação à flexibilidade de horário». A Top Employer ameaça quem escolhe exercer estes direitos com a não renovação dos contratos precários: num caso recente, uma trabalhadora foi obrigada pelo Lidl (relata o CESP), a apresentar um atestado médico mensal a confirmar a amamentação.

A acção sindical conseguiu pôr termo a esta prática repressiva, obrigando esta empresa, reconhecida pela sua gestão de recursos humanos, «a devolver todo o dinheiro das horas para amamentação descontadas indevidamente às trabalhadoras». No fundo, no fundo, Top só mesmo se fôr para os patrões.

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