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Accenture: a «melhor empresa para trabalhar» e sofrer «tortura psicológica»

Os moderadores de conteúdo são expostos a conteúdos «violentos e explícitos nas redes sociais sem protecção ou apoio psicológico digno», denuncia o CESP/CGTP. «Podem comprar prémios de “bom patrão” mas não compram a nossa dignidade».

CréditosKarin Heer / Accenture

Em que medida pode a Accenture ser considerada a «melhor empresa para trabalhar» quando apenas oferece,  como única medida de apoio para compensar as várias horas diárias de moderação de conteúdos «violentos e explícitos nas redes sociais», um coaching de 30 minutos por mês («sem qualquer acreditação clínica»).

«É uma farsa completa que em nada serve para mitigar o impacto devastador deste trabalho», denuncia o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN). O sindicato afirma conhecer vários casos de trabalhadores que «desenvolveram graves problemas de saúde mental ligados directamente à função», que implica assistir a centenas de vídeos de imagens de violência explícita contra animais, violações, decapitações, tortura e todo o tipo de conteúdos que têm de ser retirados das redes sociais.

A Accenture «recusa-se a reconhecer o risco extremo da actividade dos moderadores de conteúdo». Como tal, não paga «subsídio de risco» nem garante «apoio psicológico adequado», no fundo, «não respeita a dignidade de quem segura esta linha invisível entre o conteúdo tóxico e os milhões de utilizadores das redes sociais».

É esta a «verdadeira face» da multinacional que arrecadou 64,9 mil milhões de dólares em 2024, à conta da exploração dos seus trabalhadores: «condições insalubres, ares-condicionados avariados, problemas respiratórios e uma administração que fecha os olhos e vira as costas». Recusando-se a receber o CESP, a reconhecer a delegada sindical eleita pelos trabalhadores, a proibir ilegalmente a divulgação de material sindical, a Accenture só dialoga mesmo com os trabalhadores para efeitos de «propaganda».

A empresa é responsável por controlar os conteúdos das redes sociais, mas «não vai controlar a luta dos trabalhadores». Pode a Accenture continuar a «comprar prémios de “bom patrão”, mas não pode comprar a nossa dignidade». As greves de 2 a 6 de Junho foram apenas um prelúdio de uma luta que está em crescendo, com «cada vez mais trabalhadores a levantar a voz para expor esta farsa global», uma empresa sustentada numa «política de exploração, censura e desprezo pela saúde dos trabalhadores», acusa o CESP.

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