A Anacom considerou hoje «injustificado» o aumento anunciado pelas empresas de telecomunicações e defende a redução do prazo máximo para fidelizações de dois anos para seis meses, para fazer baixar os preços.
Numa conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente da Anacom, João Cadete de Matos, admitiu que há uma grande divergência de preços praticados em Portugal face a outros países europeus e defendeu que, para ultrapassar isso, «uma das opções mais urgentes é redução do período de fidelização», para que os consumidores possam analisar ofertas de outros operadores e negociar alternativas.
O presidente do regulador do sector das comunicações denunciou ainda que em Portugal há uma «convergência das estratégias comerciais das operadoras», não promovendo a concorrência.
Cadete de Matos afirmou que há a «ilusão de que as fidelizações representam um desconto» face a um contrato sem essa fidelização porque prendem o cliente durante dois anos, impedindo-o de mudar e melhorar os preços pagos. Segundo a Anacom, entre o final de 2009 e Dezembro de 2022, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 7,7%, enquanto na União Europeia (UE) diminuíram 10%.
O responsável disse ainda que os pacotes de serviços encarecem os preços, levando os clientes a terem serviços que habitualmente não querem, como o caso do telefone fixo.
Crescimento dos preços... e dos lucros
As operadoras de telecomunicações Meo (Altice Portugal), NOS e Vodafone Portugal, com quotas de mercado entre 96% e 97% consoante o tipo de serviço, comunicaram o aumento do preço dos seus serviços até 7,8%, as duas primeiras a partir de Fevereiro e a última em Março.
Em reacção ao anúncio, no dia 18 de Janeiro o PCP pediu uma audição parlamentar do secretário de Estado das Infraestruturas e da Anacom sobre o aumento de 7,8% das tarifas de telecomunicações. Os comunistas consideram «inaceitável que estas empresas, prestadoras de um serviço estratégico à economia e à família, venham impor este aumento e contribuir assim para a "espiral inflacionista", quando, com os preços actuais, conseguiram lucros recorde».
Recorde-se que, no final do terceiro trimestre de 2022, a Altice anunciou lucros de 688 milhões de euros entre Janeiro e Setembro. No caso da NOS, os lucros cresceram 7% para 128 milhões, enquanto a Vodafone anunciou um crescimento de 6,1% nas receitas (para 612 milhões de euros), além da compra da Nowo. Esta quarta-feira, a Vodafone divulgou as receitas totais, de Outubro a Dezembro, com um crescimento de 5,8% para 315 milhões de euros.