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|Um outro Mundial

Os Diabos belgas vivem dentro de casa

A derrota frente a Marrocos deixou a Bélgica em má posição e foi o suficiente para se descobrir quão mal vão as coisas no balneário dos Diabos. A Costa Rica ainda sonha, com forte apetência para o trabalho mental, enquanto o Canadá não mediu as palavras e diz, agora, adeus.

Desânimo dos jogadores belgas após a derrota por 2-0 contra Marrocos, com ambos os golos sofridos já em tempo de descontos. Qatar, 27 de Novembro de 2022. Os Diabos Vermelhos jogam uma partida decisiva contra a Croácia
Desânimo dos jogadores belgas após a derrota por 2-0 contra Marrocos, com ambos os golos sofridos já em tempo de descontos. Qatar, 27 de Novembro de 2022. Os Diabos Vermelhos jogam uma partida decisiva contra a CroáciaCréditos / FIFA/Getty

Todas as seleções têm que ultrapassar uma espécie de inferno particular em determinado momento da sua história. A encarar o ocaso de uma grande geração de jogadores, a Bélgica entrou neste Mundial com o desgaste acumulado das belas histórias que não procuram um final feliz. Frente ao Canadá, a vitória surgiu mesmo sem que a equipa fosse a melhor em campo. Perante Marrocos, a superioridade dos africanos impôs-se de tal maneira que a Bélgica precisa agora de salvar a face frente a uma Croácia a viver um momento de maior confiança. Mas a derrota perante Marrocos não foi apenas desportiva. Foi também a peça que faltava para soltar os ecos de uma realidade que é vivida no grupo liderado pelo espanhol Roberto Martínez.

O selecionador reconhece as tensões e as marcas que a derrota impôs. Mas depois de Kevin De Bruyne ter reconhecido que este já não seria o tempo para a Bélgica vencer e vários jogadores terem tido gestos públicos de insatisfação, o resumo de um reino desunido começou a desvendar-se. De Bruyne e Thibault Courtois não se falam há alguns anos por causa de uma desavença privada. Michy Batshuayi e Romelu Lukaku não conseguiram ultrapassar uma rivalidade que tem azedado. Eden Hazard e Leandro Trossard também não trocam palavras, situação agravada quando este último, jogador do Brighton, afirmou que era ele quem deveria ser titular neste Mundial. Um barco que parece à deriva e que entra hoje em campo para uma partida que pode ser a da despedida.

A mente do sobrevivente

Depois da derrota por sete golos de diferença sofrida na estreia, a Costa Rica arriscava-se a deixar de ser história nesta competição. Frente ao Japão, na segunda jornada, a principal preocupação parecia ser a de não sofrer golos. Foi preciso esperar quase toda a partida para que os Ticos tivessem, finalmente, um remate enquadrado, com o lateral Fuller a aproveitar um deslize da defesa nipónica. Gonda, o guarda-redes, ajudou à festa e a Costa Rica voltou a vencer um jogo num Mundial. As esperanças continuam magras, mas a seleção da América Central mostrou compensar com força mental a diferença de qualidade futebolística. Luiz Fernando Suárez, o colombiano que orienta este conjunto, não dispensa o trabalho de um psicólogo, que acompanha os jogadores em campo, conversa com eles sobre o funcionamento do cérebro e organiza sessões de meditação. Poderá a mente garantir uma surpresa frente à Alemanha?

Aprender a comunicar

John Herdman foi o primeiro treinador a marcar presença na fase final de um Mundial feminino e de um Mundial masculino. O seu trabalho com a seleção canadiana é um sucesso em construção, retornando a um grande palco depois de uma única presença em 1986 e preparando as bases para o Mundial que vão coorganizar em 2026. Mas a sua proposta de “vamos f**** a Croácia” como mote para atacar os vice-campeões mundiais saiu furada. A sua jogada acabou por motivar os croatas a uma vitória que os deixa mais perto da fase seguinte e o Canadá definitivamente afastado deste Mundial. Herdman terá mais quatro anos para afinar um projeto futebolístico que prometeu a atacar e se desmoronou a defender. Mas também na arte de comunicar terá algo a precaver para o futuro.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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