As conclusões do artigo publicado ontem na revista científica Nature são categóricas: Os incêndios e queimadas que destroem, todos os anos, milhares de hectares da floresta tropical, muitas provocadas deliberadamente com o objectivo de libertar terreno para a exploração agrícola ou pecuária, assim como o abate de árvores, roubou à Amazónia a sua qualidade respiratória.
A desflorestação funciona como um efeito dominó, repercutindo-se no que resta da floresta. O estudo demonstra que em qualquer área em que, por queimada ou abate, se verifique uma percentagem de desflorestação superior a 30%, toda a floresta circundante perde a sua capacidade de absorver CO2.
A recolha de dados decorreu entre 2010 e 2018, utilizando pequenos aviões, de duas em duas semanas, para recolher mais de 600 amostras a uma altitude de 4500 metros. A investigação constatou que a pegada carbónica da floresta é de 1.5 biliões de toneladas, das quais só um terço volta a ser reabsorvida pela Amazónia. Esta quantidade de poluição é equivalente à produzida pelo Japão, o quinto maior poluente.
A destruição de floresta está directamente relacionada com o aumento da temperatura na área e, consequentemente, o agravar das situações de seca, mais severa e com mais consequências na vida vegetal e animal.
Outro estudo, dinamizado por um conjunto alargado de cientistas e publicado em Abril, recolheu dados sobre a capacidade de absorção de dióxido de carbono em 300 mil árvores da Amazónia, ao longo de 30 anos, tendo chegado a conclusões em tudo semelhantes, mesmo partindo de um método de recolha de dados totalmente diferente. O estudo demonstra que, só na última década, a floresta reduziu em 20% a sua capacidade de retenção de CO2.
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