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|Um outro Mundial

Dramas e desventuras do último passo de Van Gaal

Uma figura carismática e polarizadora, Louis Van Gaal regressou para um último Mundial com o foco na vitória. Hoje enfrenta o seu carrasco de 2014, uma Argentina que continua a ser-lhe superior. Haverá um derradeiro momento para que o neerlandês consiga escrever a história à sua maneira?

CréditosOlaff Keaak / EPA

Nunca subestimemos o poder de um regresso a um lugar onde temos contas para ajustar. No último trabalho de Louis Van Gaal, a sensação de que existe algo a provar não o largou. Agora, até, de uma forma um tanto mais brutal, o técnico neerlandês entende que as venturas do seu caminho podem ter ficado marcadas pelas desventuras de alguns dos dias. E Van Gaal quer mudar essa sua sorte. Saído de uma escola de futebol que sempre privilegiou o toque, a arte, a capacidade de nos envolver numa fronteira onde espetáculo e jogo se abraçam com sensualidade, aos 71 anos, o selecionador dos Países Baixos quer ganhar. 

A proposta da seleção laranja não nos agarrou na fase de grupos. Muitas vezes, no futebol, aquilo que é capacidade de resolução de problemas pode, facilmente, confundir-se com sorte. O que é certo é que os Países Baixos ultrapassaram os quatro jogos realizados até aqui sem a sensação de ficar para trás de qualquer adversário. Defenderam a sua baliza e atacaram de forma impiedosa as fragilidades dos rivais. Uma história que, no jogo, é sempre muito mais do que aquilo que parece. Se nos habituámos a uma cultura neerlandesa feita de uma certa liberdade na afirmação de princípios estéticos, também é verdade que, na sua prática social, o ser-se impiedoso é uma marca natural. 

Por isso, quando dizemos que esta laranja já não tem o sabor ou a aparência da de outros tempos, talvez estejamos a confundir conceitos. Os mesmos conceitos que levam a que exista quem pensa que entre a opção estética com que se joga e o ganhar têm uma correlação evidente. E talvez, na sua ânsia de enfrentar um último Mundial com uma faca nos dentes, tendo pelo caminho a mesma Argentina que o eliminou em 2014, Louis Van Gaal cometa o erro dos principiantes, ignorando toda a capacidade das suas virtudes para apenas afiar uma lâmina que é só parte daquilo que pode alcançar. Não há qualquer ponto negativo na capacidade de nos transformarmos num drama. Ser-se Van Gaal é, seguramente, uma forma de o reconhecer. 


O herói de aparência vulgar

Luka Modric nunca se colocou em bicos de pés, o que para um médio criativo de um metro e setenta e dois num mundo de adversários bem mais corpulentos poderia parecer necessário. Deu também um pouco a ideia de que passava demasiado tempo nos lugares onde prometia ser rápido. Dínamo de Zagreb e Tottenham pareceram sempre pequenos para todo o talento que Luka carregava consigo. Até no Real Madrid, quando o contrataram, poucos saberiam dizer o que Modric poderia ser. Ele que já vai na sua décima-primeira temporada no clube, sendo peça essencial da conquista de cinco Ligas dos Campeões, tendo sido nomeado Melhor Jogador do Mundo e mantendo-se com um vigor e uma jovialidade que escondem todo o talento que carrega consigo. 

Este mesmo Luka Modric transportou a Croácia até à final em 2018 e volta a demonstrar que é um herói para todos os que estão consigo. Na seleção croata, parece não haver noção de algo os limita. Apesar de um grupo de jogadores que talvez já não seja tão completo, que talvez tenha algumas fragilidades, a Croácia entra em campo à imagem de Luka e instala-se no jogo para o transformar. Talvez o Brasil seja demasiado. Mas não será por isso que não veremos os croatas a executar o seu jogo, a tornar a sua luta e a sua expressão em algo que conquista quem gosta de ver futebol. No meio dos resultados, Luka Modric continua a transportar-nos para outro lugar. Um lugar onde a aparência não é juiz, mas a forma como se abraçam os desafios, sim. Um pequeno herói que não teremos como esquecer. 


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográficvo de 1990 (AO90)

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