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|Um outro Mundial

Um Mundial como ele deve ser vivido

A Argentina de Messi é campeã do Mundo, cumprindo com o seu destino, num jogo onde voltámos a ter um vislumbre do futuro. O momento para fazer o balanço daquilo que vivemos neste mês de futebol, de todos os prismas que ele deve ser visto.

CréditosTolga Bozoglu / EPA

Messi cumpriu o seu destino. Filho predileto de uma nação que tem Maradona como um deus e o futebol como o território onde se desenvolve cultural e sociologicamente, Messi liderou um conjunto de guerreiros rumo ao título. Um título que, pelo que se viu nas bancadas e nas ruas da Argentina, pertence ao povo de um país marcado pela crise e incerteza quanto ao futuro. Uma conquista emocional num jogo que superou todas as expetativas. A melhor final de sempre.

O jogo pertenceu à Argentina durante 75 minutos. Mas que não foi entregue sem que Kylian Mbappé desse mostras da sua capacidade para liderar uma revolução. A França só nesses minutos finais mostrou a sua melhor face. O prolongamento demonstrou que as duas equipas queriam ganhar. Aí ofereceram os momentos mais loucos que poderíamos viver. A incerteza até ao último lance, com os golos, as oportunidades e as grandes defesas a acontecerem dos dois lados do campo. A França não reconquistou o título. Mas mostrou que o futuro continuará a ser dos génios.

É também por isso que o futebol venceu neste ano de 2022. Num Mundial cheio de razões para ser uma marca negativa na história do jogo e daquilo que o rodeia, a competitividade dos jogos, o equilíbrio entre os concorrentes, os jogadores e os seus feitos ofereceram-nos um Mundial que nos faz acreditar na força deste desporto e na sua capacidade para nos inspirar. A força desta modalidade volta a ficar bem patente no jogo da despedida. O poder de construir memórias, servindo de exemplo para o presente, uma força da qual não se pode desistir. 

Ao mesmo tempo, a FIFA deu neste Mundial mais uma prova da sua falência. Na incapacidade de ver para lá do interesse financeiro na escolha do país organizador. Falhando totalmente no acompanhamento da construção das estruturas para o Mundial, nos direitos das pessoas envolvidas e de quem desejou acompanhar a prova. O Catar falhou no cumprimento de um caderno de encargos que vai bem para lá do bem parecer. As ditaduras, é certo, alcançam feitos que a razão não pode ignorar. E depois de em 2018 a história destes falhanços ter ficado por contar, 2022 foi o momento de ficarmos a saber do lado mais triste da história do Mundial.

Não me vou esquecer de Messi, de Mbappé, dos grandes jogos que este Mundial nos ofereceu. Não me vou esquecer do custos, em vidas humanas, em condições de abuso climático, em situações de direitos humanos, deste Mundial. Não me vou esquecer do esforço que fomos obrigados a fazer para perceber que o mundo vai bem para lá do nosso ponto de observação. E não me vou esquecer de voltar várias vezes a estes assuntos. Porque a FIFA tem que ser observada de perto. Porque o Catar e os seus interesses têm que ser investigados. Porque o legado deste Mundial também é aquilo que não devemos deixar de fazer.

Neste outro Mundial que fomos vivendo, diariamente, no AbrilAbril, estão muitas das coisas que senti e sinto importantes, essenciais, para cumprir com a minha função profissional, para me enquadrar naquilo que sou e quero ser como pessoa. O entender o fenómeno que me apaixona a partir das muitas linhas de pensamento que ele gera. O questionar-me, sempre, perante as coisas que surgem aos meus olhos. O aprofundar, a par e passo, dos temas que se fazem presente. Para todos os que viveram estes dias comigo o meu obrigado. 


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

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