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Empresas petrolíferas dos EUA «beneficiam» com a guerra na Ucrânia

Numa entrevista, este sábado, um académico norte-americano afirmou que o desempenho da administração de Biden tem sido «decepcionante» e acusou-a de pretender «começar uma Nova Guerra Fria».

Campo petrolífero de Belridge, Califórnia, EUA (imagem de arquivo) 
Campo petrolífero de Belridge, Califórnia, EUA (imagem de arquivo) Créditos / PressTV

Beau Grosscup, professor emérito de Economia Política Internacional e Ciência Política da California State University, disse este sábado, numa entrevista à PressTV, que as empresas petrolíferas norte-americanas estão «a aproveitar-se da guerra na Ucrânia (e noutros locais) para recuperar das perdas que sofreram durante os dois anos da pandemia, em que se verificou uma redução da procura de petróleo devido aos "lockdowns" económicos».

Em seu entender, estas empresas «controlam a indústria desde a perfuração no solo até à bomba de gasolina e, em nome da "eficiência", podem manipular o mercado "livre" de oferta/procura».

Um inquérito recente, realizado pela Harvard CAPS/Harris Poll, e divulgado por The Hill na semana passada, indica que 56% dos norte-americanos pensam que as coisas «estão piores» para eles em termos financeiros.

De acordo com os responsáveis pelo inquérito, trata-se da percentagem mais elevada alguma vez registada num inquérito e denota uma percepção crescente entre os norte-americanos de que não haverá melhorias nos próximos tempos.

«Os americanos estão ansiosos com o seu futuro económico, à medida que mais cidadãos se apercebem de que a má distribuição dos rendimentos e da riqueza (1% possui ou controla a maioria da riqueza e dos rendimentos) provavelmente será uma característica do capitalismo norte-americano a longo prazo, a não ser que haja uma fuga ao neoliberalismo no futuro próximo», disse Grosscup.

«Tanto o establishment dos republicanos como o dos democratas sabem isto mas parecem incapazes de voltar à economia keynesiana. A privatização da economia e a redução da despesa pública em serviços necessários deixaram os trabalhadores e a classe média sem uma rede de segurança social permanente à qual recorrer em tempos difíceis», analisou.

«Em vez disso, agora os cidadãos norte-americanos ficam com "doações de uma vez só do governo" para fazer frente aos seus problemas permanentes», prosseguiu, afirmando que, «com a guerra de Biden na Ucrânia, as pessoas vêem mais incerteza no horizonte e "doações pontuais"».

Para o cenário de «grande incerteza/instabilidade política e económica», que ameaça a «experiência americana», contribuem a «subida da inflação» ou a «escalada da política fascista à direita», acrescentou.

Questionado sobre as razões para o aumento do preço da gasolina, Beau Grosscup disse que reflectia «duas realidades». Por um lado, o já referido controlo do «mercado livre» e a manipulação da oferta/procura.

«Em segundo lugar, a recusa da OPEP, liderada pela Arábia Saudita, de vir em socorro [dos EUA] e a invasão russa da Ucrânia (sanções) também conduziram a preços mais elevados, que nem a mudança na política dos EUA para com os seus "inimigos" produtores de petróleo, como o Irão e a Venezuela, pode resolver», disse.

Grosscup afirmou ainda que «o futuro parece promissor para a indústria petrolífera, quando confrontada com a "revolução verde" que exige um mundo sem combustíveis que produzam carbono».

Em seu entender, «os preços mais elevados na bomba de gasolina não deixaram muita simpatia ou apoio para enfrentar a crise climática»; antes «geraram mais apoio (especialmente entre os políticos) à exploração petrolífera e de gás natural, de modo a fazer a frente à escassez».

Administração de Biden «decepcionante» e «Nova Guerra Fria»

Grosscup afirmou que «o desempenho» da actual administração na Casa Branca «tem sido decepcionante para todos os americanos que desejavam um regresso à "normalidade" depois de Trump».

A nível interno, destacou que os «seus esforços para lidar com problemas importantes, como a deterioração de infra-estruturas, a crise climática e os direitos civis foram bloqueados pelos republicanos e alguns democratas, sobretudo no Senado».

«Também está a lidar com o crescendo do fascismo nas políticas estatais e a realidade de um sistema judicial que, ao mais alto nível, está em sintonia com essas políticas fascistas», disse.

No que respeita à política externa, o académico sublinhou que «a administração de Biden está a caminho do objectivo de começar uma Nova Guerra Fria».

«É claro que abandonou a chamada "Guerra contra o Terror" (e o antagonismo absoluto com o Irão) e passou para o conflito com as grandes potências, tanto na Eurásia (expansão da NATO para as fronteiras da Rússia) como na Ásia (China/Taiwan), com a recém-criada "aliança" QUAD, dominada pelos EUA», frisou.

Deste modo, entende que a economia norte-americana estará «cada vez mais dependente da despesa militar, tal como acontecia na Guerra Fria, necessitando de fundos tanto para as guerras por procuração (Ucrânia, neste momento) como para a Guerra Global».

«Colocar a economia dos EUA em permanente pé de guerra com as grandes potências vai ajudar a indústria de armamento e o mundo dos negócios em geral, mas irá requerer mais sacrifícios em todas as outras áreas da economia, as que servem os trabalhadores e a classe média», frisou.

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