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Maia & Borges: a vida dos trabalhadores não é um joguete na mão do patrão

Um mês depois, entre avanços e recuos, a empresa de fabrico de brinquedos, pagou o salário de Julho aos mais de 200 operários na fábrica da Maia. A mobilização foi fundamental, considera o SITE Norte/CGTP.

Entre os vários brinquedos produzidos pela Maia & Borges estão os personagens dos Estrumpfes e Peanuts. 
Entre os vários brinquedos produzidos pela Maia & Borges estão os personagens dos Estrumpfes e Peanuts. CréditosJoão Bizarro / Maia & Borges

A Maia & Borges, grupo empresarial de fabrico de brinquedos criada em 1976, nunca foi de pagar os salários atempadamente, explicou Rita Costa, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN), ao AbrilAbril. Ainda assim, na unidade de produção da Maia, um atraso no pagamento dos salários desta dimensão é caso inédito.

Inédito, mas apenas nesse contexto. Na MB2, outra empresa do grupo na qual, até há pouco tempo, laboravam 130 trabalhadoras, os salários ficaram por pagar ao longo de vários meses. No início do mês de Agosto, as operárias suspenderam os contratos de trabalho por falta de pagamento dos meses de Maio, Junho e Julho, encerrando a fábrica.

Uma destas trabalhadoras, numa conversa relatada pela dirigente sindical do SITE Norte, valorizava a pronta reacção dos colegas da fábrica da Maia, que não permitiram que a situação se prolongasse para contactar o sindicato e exigir publicamente que o patrão assumisse as suas responsabilidades. 

Inicialmente, o patronato da Maia & Borges (na Maia) tinha-se comprometido a saldar as suas dívidas para com os trabalhadores até ao final da passada semana – promessa que não cumpriu. Empurradas para uma situação pela qual não são responsáveis, «com rendas para pagar» e «material escolar para comprar», Rita Costa relata um clima de grande consternação sentido na fábrica com mais este incumprimento, tendo sido necessário chamar o INEM para acorrer a alguns dos operários.

Já com a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ao corrente das práticas patronais na Maia & Borges, os trabalhadores e o SITE Norte concentraram-se à porta da fábrica na segunda-feira, fechada a cadeado pelos patrões (que asseguraram que o dia seria contabilizado devidamente). A nova concentração agendada para as 8h de hoje, no entanto desmobilizou: os salários começaram a cair nas contas dos trabalhadores, que retomaram o trabalho.

Ao Jornal de Notícias, Sérgio Monteiro, dirigente do SITE Norte, questiona a razão para estes atrasos recorrentes, com os salários, muitas vezes, a serem saldados apenas no dia 10 do mês seguinte: «existem, inclusive, ritmos muito intensivos de produção, e não conseguimos entender como não há rentabilidade para pagar os salários».

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