|os mesmos de sempre a pagar

Movimento lança abaixo-assinado contra aumento do custo de vida

Dirigido ao Governo e à Assembleia da República, o documento d'Os Mesmos de Sempre a Pagar reivindica o aumento geral de salários e pensões e a fixação dos preços, entre outras exigências.

Nas ruas da Invicta ecoaram palavras de ordem contra o brutal aumento do custo de vida e a necessidade de se aumentarem condignamente salários, reformas e pensões. Além do Porto, o movimento Os Mesmos de Sempre a Pagar realizou acções de protesto, este sábado, em 16 cidades do País. Porto, 3 de Junho de 2023
Créditos / Adérito Machado

Há longos meses que o movimento exige uma inversão da política seguida pelo actual Governo, salientando que trabalhadores, reformados e pensionistas «não estão condenados» a engrossar as estatísticas do empobrecimento.

Os signatários do abaixo-assinado lançado na passada quarta-feira reclamam o direito a «viver com dignidade», ao mesmo tempo que pedem a tributação dos lucros especulativos das grandes empresas. «É preciso pôr os ricos a pagar a crise», lê-se no documento, onde se apela a um aumento geral de salários e pensões capaz de repor o poder de compra perdido, e medidas como a diminuição do IVA no gás e na electricidade.

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Ao mesmo tempo que sobe taxas de juro, Lagarde pede menos apoios às famílias

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), que hoje decidiu subir as suas taxas de juro em 50 pontos base, apelou aos governos da zona euro para «rapidamente» reduzirem apoios para travar a inflação.

Christine Lagarde durante a conferência de imprensa a 8 de Setembro. 
CréditosRONALD WITTEK / EPA

Christine Lagarde apelou aos governos da zona euro para começarem «rapidamente» a reduzir os apoios orçamentais às famílias e às empresas, recuperando o argumento de que assim se trava a inflação.

«É importante começar rapidamente a reduzir essas medidas de forma concertada», quando «os preços da energia baixam», para evitar «aumentar as pressões inflacionistas a médio prazo», declarou Lagarde, em conferência de imprensa, após a reunião de política monetária do BCE.

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Governo aceita perda de poder de compra ao manter subida dos preços

Limitadas e insuficientes, as medidas apresentadas pelo Executivo não travam a escalada da inflação porque não interrompem a subida dos preços, mas protegem os interesses dos grandes grupos económicos.

CréditosAntónio Pedro Santos / EPA

Chegou a ser descrito como «pacotão», mas o que se percebe do conjunto de medidas anunciadas esta segunda-feira por António Costa é, mais uma vez, a falta de vontade política para uma resposta estrutural aos problemas com que os portugueses estão confrontados e, novamente também, a intenção de deixar a salvo os interesses dos grandes grupos económicos ao não intervir, por exemplo, na fixação dos preços, medida que poderia dar alguma estabilidade aos bolsos das famílias. 

Ao contrário do que afirmou esta manhã o ministro das Finanças, o programa definido não só está longe de ser «eficaz» na resposta, tendo em conta que é curto e concentrado no tempo, como se revela prejudicial para os pensionistas, ao comprometer o rendimento destes a longo prazo. 

Segundo o que foi aprovado ontem em Conselho de Ministros, no próximo mês os pensionistas (que recebem até 5318,4 euros mensais) vão receber uma prestação única equivalente a meia pensão, juntamente com o valor da prestação mensal. Mas este bónus acaba por não o ser, já que o Governo adianta aos pensionistas uma parte do valor que deveriam receber em 2023 pela actualização automática das pensões, prevista na lei. 

Nos meses de Novembro e Dezembro, e não obstante não se perspectivar uma alteração favorável da inflação, o valor das pensões voltará a ser o de Setembro. Entretanto, a partir de Janeiro do próximo ano, em vez do mecanismo de actualização automática previsto na lei, que, a ser aplicado, ditaria aumentos entre os 7,1% e os 8%, o Executivo propõe-se realizar aumentos que ficam apenas entre 3,53% e 4,43%, ou seja, praticamente metade, não acolhendo o valor da inflação em 2023.

Tendo em conta esta alteração, e assumindo que não haverá outras, a partir de 2024 os pensionistas irão receber menos do que receberiam se o Governo de António Costa não tivesse avançado com este «bónus». 

Recorde-se que, em Maio, na discussão na especialidade do Orçamento do Estado, o PS (e também a IL) chumbou o aumento das pensões e dos salários da Administração Pública, mantendo-se para estes a miserável cifra de 0,9%. O pacote de medidas apresentado com grande adjectivação pelo Executivo deixa de fora o aumento dos salários, nomeadamente do salário mínimo nacional, e medidas como a fixação dos preços ou a taxação dos lucros dos grandes grupos económicos, que permitiriam o reforço das funções sociais do Estado. 

Em vez de um real aumento dos salários, o Governo fica-se por uma prestação única, também em Outubro, de 125 euros a cada trabalhador que ganhe até 2700 euros brutos mensais, mas que não chega sequer a metade do valor da inflação já verificado. Veja-se o caso de um trabalhador que aufere o salário mínimo nacional e que desde o início do ano tem estado a perder 50 euros todos os meses.

No mesmo mês e a pensar nos mais novos, mas pouco, foi considerado um cheque único e irrepetível de 50 euros «por cada descendente, criança ou jovem» que as famílias tenham a cargo. A medida não vai servir sequer para aliviar o custo do regresso às aulas e que anda, em média, segundo revelou o JN esta segunda-feira, nos 350 euros por aluno do Ensino Básico e nos 600 euros para cada aluno do Secundário. 

Igualmente limitada no tempo é a redução do IVA da electricidade, de 13 para 6%, a que o Governo tem vindo a resistir. A medida estará em vigor a partir de Outubro e até Dezembro do próximo ano, e será aplicada aos primeiros 100 kWh consumidos em cada mês, mas desde que a potência contratada não supere os 6,9 kVA. Uma análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada em Outubro do ano passado concluiu que a despesa média anual da luz subiu mais de 200 euros no período entre 2010 e 2020, não obstante o aumento dos lucros do sector. 

No pacote aprovado pelo Governo consta também um «travão» ao aumento das rendas, com a respectiva compensação dos proprietários através de reduções no IRS e no IRC. A medida prevê um tecto máximo de 2% de aumento em 2023, em vez dos 5,43% de actualização que resultariam da aplicação do habitual coeficiente anual.

No plano dos combustíveis, o Executivo continua a fugir a medidas que poderiam aliviar as famílias, como a fixação e o controlo dos preços, ou a taxação dos lucros das petrolíferas (só a Galp arrecadou 420 milhões no primeiro semestre), optando por manter a redução do ISP, equivalente a uma descida do IVA da gasolina e do gasóleo de 23% para 13%, e o congelamento da taxa de carbono até ao final de 2022. António Costa frisou ontem que a medida equivale a poupanças de 16 euros por cada 50 litros de gasóleo e de 14 euros por cada 50 litros de gasolina. 

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Indiferente aos sacrifícios com que muitas famílias estão confrontadas graças ao aumento do custo de vida, o BCE, que recentemente reconheceu que a inflação se devia à subida da margem de lucro dos grandes grupos económicos, decidiu manter o compromisso de subir as suas taxas de juro em meio ponto percentual com o argumento de assegurar «um retorno atempado da inflação ao objectivo de 2% a médio prazo».

Numa altura em que muitas famílias já não conseguem acomodar a subida da prestação, a estratégia do BCE tem sido acatada de forma obediente pelo Banco de Portugal, como pelo Governo, que se tem recusado a implementar medidas para controlar a inflação, como a fixação dos preços do cabaz de bens essenciais e o aumento dos salários.

O controlo dos preços foi hoje ao Parlamento, num debate de urgência, agendado pelo PCP. Os comunistas têm acusado o Governo de estar ao lado da direita contra propostas de controlo de preços de bens essenciais.   


Com agência Lusa

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A exigência de se fixarem preços máximos dos bens essenciais surge acompanhada de uma «efectiva fiscalização das fraudes, da propaganda enganosa e da especulação por parte das cadeias de distribuição e comercialização. Por outro lado, Os Mesmos de Sempre a Pagar reclamam medidas dedicadas aos pequenos produtores e os micro, pequenos e médios empresários.

No que toca à banca, o movimento quer a garantia de que os lucros da banca suportam o aumento sucessivo das taxas de juro e que a «pouca-vergonha das taxas e taxinhas seja controlada». Recorde-se que são mais de 11 milhões de euros diários o valor que o grupo dos maiores bancos a operar no nosso país acumula, graças à subida das taxas de juro. Deste grupo faz parte a Caixa Geral de Depósitos (CGD), a quem Os Mesmos de Sempre a Pagar exigem a redução do spread para 0,25%. Enquanto banco público, a CGD deveria estar «ao serviço do povo e do país», defendem.

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