Christine Lagarde apelou aos governos da zona euro para começarem «rapidamente» a reduzir os apoios orçamentais às famílias e às empresas, recuperando o argumento de que assim se trava a inflação.
«É importante começar rapidamente a reduzir essas medidas de forma concertada», quando «os preços da energia baixam», para evitar «aumentar as pressões inflacionistas a médio prazo», declarou Lagarde, em conferência de imprensa, após a reunião de política monetária do BCE.
Indiferente aos sacrifícios com que muitas famílias estão confrontadas graças ao aumento do custo de vida, o BCE, que recentemente reconheceu que a inflação se devia à subida da margem de lucro dos grandes grupos económicos, decidiu manter o compromisso de subir as suas taxas de juro em meio ponto percentual com o argumento de assegurar «um retorno atempado da inflação ao objectivo de 2% a médio prazo».
Numa altura em que muitas famílias já não conseguem acomodar a subida da prestação, a estratégia do BCE tem sido acatada de forma obediente pelo Banco de Portugal, como pelo Governo, que se tem recusado a implementar medidas para controlar a inflação, como a fixação dos preços do cabaz de bens essenciais e o aumento dos salários.
O controlo dos preços foi hoje ao Parlamento, num debate de urgência, agendado pelo PCP. Os comunistas têm acusado o Governo de estar ao lado da direita contra propostas de controlo de preços de bens essenciais.