Políticas da UE são «desumanas e imorais», denuncia Damasco

A União Europeia (UE) promoveu a realização, nos dias 14 e 15 de Junho, da VII Conferência de Bruxelas sobre «o apoio ao futuro da Síria e da região», também cunhada como conferência de doadores.

A este propósito, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros emitiu, no sábado passado, um comunicado em que condena a decisão de Bruxelas de excluir da conferência representantes do Estado sírio.

Em vez disso, «os organizadores do encontro convidaram apenas os seus lacaios corruptos, que são aliados do Daesh, da Frente al-Nusra e de outros grupos terroristas que se opõem à vontade do povo e dos seus interesses vitais», afirma o texto, divulgado pela Sana.

Para Damasco, a UE impediu que o governo legítimo da Síria estivesse presente porque sabe que isso iria desmascarar os «seus objectivos e políticas corruptas», nomeadamente as medidas coercivas unilaterais impostas ao povo sírio.

Sublinhando o carácter «desumano e imoral» destas medidas, a diplomacia de Damasco lamentou que os convidados presentes sejam aqueles que não permitem o regresso dos refugiados à sua pátria e ou a prestação de ajuda humanitária às vítimas do terrorismo e do terremoto de Fevereiro último.

«A Síria frustrou, com êxito, os objectivos dos instigadores da guerra e as suas tentativas de ingerência nos assuntos internos», afirma o comunicado, frisando que os inimigos do país não conseguirão alcançar pela via política aquilo que não conseguiram no campo de batalha.

«Estamos determinados a trabalhar com os irmãos árabes, amigos e todas as forças boas do mundo para consolidar as nossas vitórias e ultrapassar as consequências do bloqueio económico», afirma o ministério.

Para Borrell, o sofrimento do povo sírio não é resultado das «nossas sanções»

No decorrer da VII Conferência de Bruxelas, os doadores juntaram cerca de seis mil milhões de dólares, alegadamente para ajudar o povo sírio a lutar contra a pobreza, na sequência do terremoto que atingiu a Turquia e o país árabe em Fevereiro deste ano.

Na conferência, que reuniu representantes de 57 países e mais de 30 organizações internacionais, Josep Borrell, Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, referiu-se aos mais de 12 anos de conflito na Síria como se alguns dos países da UE não tivessem profundo envolvimento na guerra.

Sem se cansar de falar no «humanitarismo» da UE, o defensor da teoria de que a Europa é um «jardim» e a maior parte do mundo «uma selva» afirmou que «a terrível situação e as condições de vida na Síria não são o resultado das nossas sanções».

A culpa reside no «regime de Assad», na Rússia e nas guerras que estão a surgir por aí, mundo fora, como a do Sudão.