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Rússia pede à ONU que avalie situação humanitária em Raqqa

O Ministério russo da Defesa propôs às Nações Unidas a criação de uma comissão para avaliar a situação humanitária em Raqqa, no Norte da Síria, e a abertura de corredores humanitários junto a Al-Tanf e Rukban, perto da fronteira com a Jordânia e sob controlo norte-americano.

 A cidade de Raqqa, destruída pelos bombardeamentos da aviação e da artilharia, após intensos meses de combate
Créditos / The Independent

Numa carta dirigida esta quinta-feira ao representante especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, afirma que seria recomendável abrir corredores humanitários a partir da área de Al-Tanf e do campo de refugiados de Rukban, numa zona do território sírio junto à fronteira da Jordânia e do Iraque que é controlada por forças militares norte-americanas.

O ministro sugere ainda a constituição de uma comissão internacional destinada a verificar a situação humanitária em Raqqa, cidade que foi durante alguns anos o bastião do chamado Estado Islâmico e se encontra agora em poder de forças curdas apoiadas pelos EUA, indica a agência Tass, citada pela PressTV.

A sugestão do titular da pasta da Defesa russa segue-se aos alertas feitos ontem por Igor Konashenkov, porta-voz do mesmo ministério, sobre a actual crise humanitária em Raqqa, que a «coligação liderada pelos EUA está a ignorar».

Konashenkov disse que os bombardeamentos norte-americanos destruíram mais de 80% dos edifícios da cidade e que as áreas residenciais tinham ficado privadas de água e electricidade. Em Raqqa, que chegou a ter 200 mil habitantes, vivem actualmente cerca de 40 mil pessoas, acrescentou.

Por outro lado, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, instou a coligação liderada pelos EUA – que opera na Síria, alegadamente para combater o Daesh, como uma força invasora, sem autorização do governo de Damasco – a assegurar  «o acesso humanitário a áreas sob o seu controlo, incluindo o campo de refugiados de Rukban e toda o território em redor de Al-Tanf».

De acordo com os russos, no campo de refugiados, localizado perto da fronteira com a Jordânia, permanecem 60 mil pessoas contra sua vontade. À zona estratégica que circunda Al-Tanf – ali se juntam as fronteiras da Síria, da Jordânia e do Iraque – os russos já chamaram um «grande buraco negro», uma zona controlada pela coligação liderada pelos norte-americanos, onde, acusa Moscovo, operam e são treinados combatentes terroristas.

Situação em Ghouta Oriental

As sugestões de Moscovo às Nações Unidas relativamente a Raqqa e ao «buraco negro» no Sul seguem-se ao esforço de russos e sírios para abrir corredores humanitários e implementar pausas humanitárias, com a duração de cinco horas, em Ghouta Oriental, região nos arredores de Damasco em poder de vários grupos terroristas.

O objectivo é, na sequência da aprovação da resolução 2401 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, no sábado passado, fazer com que a ajuda chegue à população civil e facultar-lhe a possibilidade de sair da região, onde Damasco leva a cabo uma grande ofensiva anti-terrorista.

Esta quinta-feira, o general russo Vladimir Zolotukhin disse à imprensa que os civis retidos pelos terroristas em Ghouta Oriental fizeram inúmeros pedidos de evacuação, mas que os corredores criados para esse efeito continuaram a ser bombardeados pelos extremistas.

Apesar disto – e de há dois meses andarem a lançar obuses e morteiros para o centro de Damasco, provocando dezenas de vítimas mortais e feridos entre a população civil –, as potências ocidentais e seus porta-vozes mediáticos têm levado a cabo uma forte campanha destinada a culpar o «regime de Assad» e a Rússia pelo que se passa em Ghouta Oriental. E valem-se da manipulação mais espúria. Tal como o fizeram em Alepo, em 2016.

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