A decisão do governo australiano de declarar o Hezbollah como «organização terrorista» e banir todas as suas actividades no país foi anunciada a meio desta semana pela ministra do Interior, Karen Andrews.
Todo o partido, com forte representação no Líbano e grande popularidade a nível nacional e internacional, passa a ser designado como «terrorista» na Austrália. A ala militar já era assim considerada desde 2003.
A medida foi de imediato louvada no Twitter pelo primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, que «agradeceu» ao governo australiano e ao «seu amigo» Scott Morrison, o primeiro-ministro australiano, pela decisão.
Num comunicado divulgado pelo canal Al-Manar, o Hezbollah criticou fortemente a decisão, sublinhando ao mesmo tempo que ela não irá afectar o posicionamento do partido, bem como o seu direito a defender o país e o povo, e a apoiar a resistência contra «a agressão e a ocupação sionista».
Num discurso transmitido pela TV na sexta-feira, o secretário-geral, Hassan Nasrallah, afirmou que a decisão da Austrália está ligada a questões regionais e às eleições legislativas que vão ter lugar no Líbano.
«Enquanto o Líbano estiver sob a ameaça constante de Israel, estaremos no coração da batalha pela independência, a soberania e a liberdade», disse.
Um movimento de resistência anti-imperialista
Num texto de opinião intitulado «A Austrália caminha para uma agressão não provocada contra o Líbano», publicado no portal Al Mayadeen em Julho deste ano, o professor e escritor australiano Tim Anderson afirmava que «as acusações de terrorismo internacional vertidas contra o Hezbollah não têm fundamento».
Sublinhava, ainda, que o grupo é odiado por causa das derrotas que infligiu ao invasor israelita no Líbano, em 2000 e 2006.
O Hezbollah caracterizou-se pela defesa firme da soberania do Líbano e dos países da região face ao imperialismo. Na Síria, lutou ao lado das tropas do Exército Árabe Sírio, da Rússia e do Irão, entre outras, contra o terrorismo alimentado pelas potências ocidentais, Israel, a Turquia e os países do Golfo.
Esta luta contra a ingerência externa na Síria também não merece «perdão» – como se nota facilmente pela lista de países que baniram parcial ou totalmente o Hezbollah. Além dos aliados próximos dos EUA no Ocidente, encontram-se, por exemplo, os países do Conselho de Cooperação do Golfo.
Tim Anderson destacava, em Julho, a pressão do «lobby israelita» em Canberra. E Washington – o grande amigo de Telavive – ia fazendo apelos aos seus aliados para apertarem o cerco ao movimento de resistência libanês.
Em Maio último, a Casa Branca afirmou que o Hezbollah constitui uma «ameaça para os Estados Unidos, os seus aliados e os seus interesses no Médio Oriente e a nível global».
A administração liderada por Joe Biden pôs então na sua «lista negra» sete pessoas acusando-as de estarem ligadas ao Hezbollah e, aplaudindo os países que na Europa e na América Latina tomaram medidas contra o partido libanês nos últimos anos, pediu a outros governos que seguissem essa via. O governo australiano já o fez.
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