O ataque das forças norte-americanas, perpetrado com aviões não tripulados, ocorreu esta madrugada numa estrada junto ao aeroporto internacional da capital iraquiana [imagens da agência FARS].
Além do líder da Força Quds dos Guardiães da Revolução, o general iraniano Qassem Soleimani, foram assassinados Abu Mehdi al-Muhandes, subcomandante das Unidades de Mobilização Popular (UMP; Hashd al-Shaabi, em árabe), e vários outros quadros desta organização iraquiana, que é uma aliança de várias milícias criada há vários anos para combater os terroristas do Daesh.
«Sob ordens do presidente, o Exército dos Estados Unidos tomou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal norte-americano no estrangeiro, ao matar Qassem Soleimani», referiu o Pentágono num comunicado, citado pela Prensa Latina.
Para justificar a acção contra uma figura de reconhecido prestígio militar na luta antiterrorista no Médio Oriente e que teve um papel determinante na batalha decisiva de Alepo, no Norte da Síria, a administração dos EUA defendeu, numa nota, que o general iraniano «estava a desenvolver activamente planos para atacar os diplomatas e membros do serviço norte-americanos no Iraque e em toda a região».
No domingo, as forças militares norte-americanas mataram pelo menos 25 combatentes e feriram cerca de 50 da Kata'ib Hezbollah, uma das milícias que integram as UMP e que Washington acusa de ter levado a cabo a acção em que, na sexta-feira anterior, foi morto um «contratado» (mercenário) norte-americano. Washington, que classifica o Corpo dos Guardiães da Revolução como uma organização terrorista, afirma que Soleimani e a Força Quds desse corpo apoiaram o ataque.
Seguiram-se, na terça-feira, fortes protestos junto à Embaixada norte-americana em Bagdade, que se tornaram violentos e que Donald Trump disse serem fomentados pelo Irão, com ameaças pelo meio. O Irão negou a responsabilidade pelos factos ocorridos no país vizinho.
Condenações e alertas
Recorrendo à sua conta de Twitter, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, classificou o assassinato de Qassem Soleimani – «a força mais eficaz na luta contra o Daesh, a al-Nusra, a Al-Qaeda e etc.» – como um «acto de terrorismo» por parte dos Estados Unidos e uma «escalada extremamente perigosa e tonta», tendo sublinhado que os EUA «são inteiramente responsáveis por todas as consequências do seu aventureirismo sem escrúpulos».
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Síria emitiu uma nota em que «condena nos termos mais enérgicos a agressão criminosa dos EUA» que levou à morte de Qassem Soleimani e de Abu Mehdi al-Muhandes e dos demais quadros das UMP – uma organização que recentemente aprofundou com o Exército Árabe Sírio a coordenação das tarefas de controlo e observação antiterrorista ao longo dos mais de 600 quilómetros de fronteira sírio-iraquiana.
As autoridades sírias sublinham que se trata de uma «escalada perigosa da situação na região» e destacam que as «políticas dos EUA visam gerar tensões e alimentar conflitos nos países» do Médio Oriente, com «o intuito de os dominar e de fortalecer a entidade sionista», refere a agência SANA.
Numa curta nota hoje emitida, citada pela RT, o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros alerta que o assassinato do líder da Força Quds iraniana é «um passo aventureiro que irá conduzir ao aumento das tensões em toda a região».
Por seu lado, Hassan Nasrallah, líder do movimento de resistência libanês Hezbollah, afirmou que os EUA não vão conseguir nada do que pretendem com o assassinato, no Iraque, de duas figuras destacadas na luta contra o Daesh.
Ao invés, defendeu, numa mensagem enviada à Prensa Latina, que a perda de Soleimani e al-Muhandes constituirá «um forte incentivo para alcançar um Iraque independente, forte, próspero, livre do terrorismo e da ocupação estrangeira».