De Cuba, da Venezuela, da Síria, do Irão, do Líbano surgiram declarações claras de condenação e repúdio ao «plano de paz» para o Médio Oriente que Donald Trump apresentou na terça-feira, ao lado de Netanyahu.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez, declarou na sua conta de Twitter o repúdio por um «plano de paz» que classificou como «enviesado e enganoso».
Além disso, o dito plano dos EUA «consagra a ocupação israelita e viola o direito inalienável dos palestinianos a ter o seu próprio Estado nas fronteiras anteriores a 1967, com Jerusalém Oriental como capital, e ao retorno dos refugiados», escreveu o diplomata cubano.
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela emitiu um comunicado em que manifesta a «categórica rejeição da proposta anexionista e arbitrária apresentada pelo governo dos Estados Unidos denominada "acordo do século"», uma vez que viola «as normas mais elementares do direito internacional» e representa um «agravo ao corajoso povo da Palestina».
Denunciando o conteúdo do plano apresentado em Washington e declarando o apoio ao direito de autodeterminação do povo palestiniano, tal como consagrado nas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a diplomacia venezuelana faz um apelo urgente à comunidade internacional para que evite «as imprevisíveis consequências que geraria a imposição desta proposta supremacista, que mais não faz que criar obstáculos às vias do diálogo».
O chamado «acordo do século» é a «receita para a rendição» a Israel
O governo da República Árabe da Síria também expressou uma «forte condenação» e «absoluta rejeição» do dito «acordo do século».
Num comunicado ontem emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirma-se que o plano norte-americano evidencia mais uma vez «a aliança entre Washington e a entidade sionista na sua extrema hostilidade à nação árabe e às suas causas», e sublinha-se que a política dos EUA no Médio Oriente «visa mais que tudo servir os interesses de "Israel" e os seus planos expansionistas, à custa dos direitos árabes».
O plano apresentado por Donald Trump é uma «receita para a rendição à ocupação usurpadora israelita», lê-se na nota, citada pela SANA, em que se faz um apelo à comunidade internacional para que «condene este desprezo por parte dos EUA perante a legitimidade internacional» e se reafirma o histórico e firme apoio de Damasco à «justa luta do povo palestiniano pela recuperação dos seus direitos».
Irão: plano «mais desprezível do século»
O presidente do Irão, Hassan Rouhani, classificou o «plano de paz» dos EUA para o Médio Oriente como «o mais desprezível do século». Por seu lado, Abbas Mousavi, porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, caracterizou-o como «traição do século».
Para Mousavi, a proposta norte-americana lesa os direitos inalienáveis dos palestinianos, pelo que cabe aos governos e países que defendem a liberdade responder a este «vergonhoso plano». «A terra e o território pertencem ao povo palestiniano e não ao ocupante do regime sionista», disse, citado pela Prensa Latina.
Hezbollah: passo muito perigoso para região
«O acordo do século é um passo muito perigoso que terá graves repercussões no futuro da região e dos seus habitantes», alerta o movimento de resistência libanês Hezbollah num comunicado emitido terça-feira, em que afirma que a proposta é, na verdade, o «acordo da vergonha».
O Hezbollah acusa a administração dos EUA de, «depois de décadas a apoiar o inimigo, a ocupação, a agressão e os massacres contra os países árabes, hoje estar a tentar eliminar os direitos históricos e legítimos do povo palestiniano», refere a HispanTV.
O anúncio de Donald Trump deixa claro que «a única opção para libertar os territórios ocupados é resistir», defende o movimento de resistência libanês, que denunciou a normalização das relações entre Telavive e alguns estados árabes, nomeadamente a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein.
A proposta apresentada por Trump na terça-feira parece feita à medida dos interesses sionistas, uma vez que reconhece a soberania de Israel sobre os colonatos na Cisjordânia ocupada, apoia a anexação por parte de Israel do Vale do Jordão, define Jerusalém como capital indivisível de Israel e nega o direito de retorno dos refugiados palestinianos.
A Palestina pode ser um Estado, mas sob estrictas condições, que implicam nomeadamente a desmilitarização da resistência e aquilo a que os EUA chamam a «rejeição do terrorismo».