Por estes dias muito se tem falado da publicação do Monitor Orçamental do Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual Vítor Gaspar tem sido porta-voz. Uma das sugestões, pasme-se, passa pela ideia de taxar os indivíduos e empresas mais ricas, lembrando as grandes multinacionais que prosperaram nos mercados de capitais, mesmo no actual contexto de pandemia.
No menu para os decisores políticos, fala-se em «oportunidade» para taxar o rendimento das empresas e de capitais, pessoais e até propriedades e heranças. Vítor Gaspar chegou mesmo a dizer que é preciso «um esforço a nível mundial para combater a evasão fiscal e assegurar que as grandes empresas multinacionais pagam a sua justa parte».
Nunca é demais desconfiar de sugestões assumidas por estes agentes e instituições políticas que, ao longo de décadas, promovem políticas que aumentam o fosso entre ricos e pobres.
O FMI tem sido responsável pela implementação de programas de austeridade, através de contrapartidas financeiras, que implicam desprotecção dos trabalhadores, a degradação das confições de vida das populações, a delapidação de recursos públicos, com a privatizações de sectores estratégicos da economia e das funções sociais do Estado.
Aliás, na nossa história recente, o FMI fez parte da tríade, juntamente com o Banco Central Europeu e a União Europeia, que respondeu à crise com o aumento da pobreza.
De facto, ninguém esquece o papel de Vítor Gaspar, que empunhou a pasta das Finanças nos primeiros anos do último governo de PSD e CDS-PP, e que, quando confrontado com opções a fazer no domínio económico e financeiro, optou por sobrecarregar os mesmos de sempre, com políticas de cortes aos rendimentos dos trabalhadores, aumento do desemprego e da exploração.
Foi esse mesmo governo que levou a cabo um autêntico saque fiscal sobre os trabalhadores e as suas famílias, tanto através do IRS como do IVA, quando, ao mesmo tempo, os grandes grupos económicos e financeiros foram poupados a contribuir na resposta à crise.
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