Os partidos continuam a destacar os desenvolvimentos protagonizados pela francesa Altice, dona da PT Portugal. O grupo chegou a acordo para a compra da Media Capital, dona da TVI, da Rádio Comercial e de outros meios, por 440 milhões de euros, num momento em que na PT/MEO se luta pelos postos de trabalho, estando em risco três mil trabalhadores.
O secretário-geral do PCP apelou hoje ao Governo para que utilize «todos os meios disponíveis para impedir» os negócios que a Altice está a desenvolver em Portugal, por considerar que «põem em causa o interesse nacional».
«Ou se age para impedir a alienação de um sector estratégico ou se é conivente com esse objectivo», afirmou Jerónimo de Sousa. O líder comunista, que discursava durante um almoço de apresentação dos candidatos da CDU do distrito de Viana do Castelo, disse não aceitar que «o País fique de mãos atadas ou condenado à chantagem da Altice», que se «prepara para mandar para o desemprego cerca de três mil trabalhadores e pôr em causa direitos de pré-reformados e reformados».
«O Governo deve utilizar todos os meios disponíveis para confrontar a Altice com as obrigações de serviço público que tem no País e que são incompatíveis com a política de destruição da empresa PT que está em curso», referiu o dirigente comunista, acrescentando que «é o resultado da privatização daquela que já foi a maior empresa nacional da responsabilidade de sucessivos Governos do PS, PSD e CDS-PP que culminou em 2011».
Para Jerónimo de Sousa, «a concretizar-se, a anunciada compra pela Altice do grupo Media Capital, onde se inclui a TVI, e a intenção de criação de um banco, dá expressão na progressiva concentração e domínio monopolista da economia portuguesa e de reforço de controlo dos grandes meios de comunicação social».
A coordenadora do BE, Catarina Martins, questionou ontem as condições financeiras da Altice para comprar a TVI ao mesmo tempo que quer despedir mais de três mil trabalhadores da PT.
Catarina Martins, que falava durante uma visita à feira da Senhora da Hora, em Matosinhos, afirmou que «um país que se leva a sério não pode permitir que isto esteja a acontecer».
Considerando que por causa deste tema o País «está a viver uma situação muito particular», lembrou que o negócio, que envolve 440 milhões de euros, «está a ser avaliado pelos reguladores».
É um negócio «que faz uma concentração de uma empresa de comunicações com a TDT, com uma distribuição de canais por cabo e com uma empresa de media que tem um canal de televisão, rádios e produção de conteúdos. Há aqui, portanto, um fenómeno de concentração que acho que merece toda a atenção e que terá toda a atenção», disse.
Direita não admite que Altice seja criticada
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, desresponsabilizou ontem o seu governo do processo de privatização da PT, desculpando-se com a troika.
«A PT não foi privatizada por mim enquanto estive no Governo. Relativamente à PT, o Governo que eu liderei só fez uma coisa: Cumprir uma medida que estava no memorando de entendimento que era acabar com a golden share que o Estado detinha na PT. Foi um compromisso do engenheiro Sócrates e do professor Teixeira dos Santos no memorando de entendimento. Foram eles que puseram lá acabar com a golden share. A privatização já tinha sido feita antes e nós cumprimos aquilo que estava no memorando de entendimento», afirmou Pedro Passos Coelho.
O líder do PSD, que discursava no encerramento da convenção autárquica distrital de Viana do Castelo, em Valença, acusou ainda o Governo de estar a fazer «bullying» ao grupo Altice, querendo «controlar tudo». Isto depois de na quarta-feira, durante o debate do estado da Nação, na Assembleia da República, António Costa manifestar-se apreensivo com o futuro da PT, temendo pelo futuro de postos de trabalho.
Também ontem, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, qualificou de «indigno de um primeiro-ministro» o comentário de António Costa sobre o futuro da PT.
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