Com a cerimónia que ontem teve lugar no Congresso, o Uruguai deu cumprimento a uma condenação do Tribunal Interamericano dos Direitos Humanos de 2021. Na ausência do presidente Luis Lacalle Pou, coube à vice-presidente, Beatriz Argimón, assumir a responsabilidade em nome do Estado.
Ao discursar, Argimón reconheceu os crimes perpetrados contra Óscar Tassino e Luis Eduardo González, bem como o massacre das jovens Silvia Reyes, Laura Raggio e Diana Maidanik, conhecidas como as «Raparigas de Abril», pois foram crivadas de balas no dia 21 de Abril de 1974, numa operação do Exército e da Polícia.
«Reconhecemos que o Estado é responsável pela violação dos direitos e o reconhecimento da personalidade jurídica à vida, à integridade pessoal e à liberdade pessoal», disse a vice-presidente da República.
Argimón instou quem tiver informação sobre os restos mortais dos detidos desaparecidos a entregá-la, para que possam ser encontrados.
Na cerimónia, que a TeleSur classifica como «emotiva», procedeu-se também ao reconhecimento do significado dos crimes perpetrados durante a ditadura, bem como da política de repressão e terrorismo de Estado então vigente.
Em simultâneo, refere a fonte, tratou-se de uma homenagem às vítimas e aos seus familiares, que mantiveram viva a memória dos seus entes queridos, mesmo sem saber o seu paradeiro.
Em comunicado, os familiares dos desaparecidos, que tinham convocado os cidadãos a participar na cerimónia que se realizou no Salão dos Passos Perdidos do Congresso, reclamaram um maior empenho dos comandos das Forças Armadas e do governo, com vista a saber mais sobre o paradeiro dos desaparecidos antes e depois do golpe de Estado de 27 de Junho de 1973.
Além disso, Karina Tassino, representante da associação Mães e Familiares de Uruguaios Presos Desaparecidos, lamentou a ausência do presidente da República nesta cerimónia.
Recorde-se que, no passado dia 21 de Abril, passaram 49 anos sobre o massacre, levado a cabo por efectivos do Exército e da Polícia, de Silvia Reyes, grávida de 19 anos, e das suas companheiras Laura Raggio e Diana Maidanik, ambas estudantes de Psicologia.
Luis Eduardo González, de 22 anos, foi levado de sua casa em Dezembro de 1974 e morreu devido às torturas. Óscar Tassino, funcionário da empresa eléctrica UTE e militante do Partido Comunista, foi preso a 19 de Julho de 1977. Foi levado para o centro de detenção de La Tablada, onde morreu depois de ter sido espancado. Tinha 40 anos de idade.
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