«Há centenas de pessoas feridas em resultado dos confrontos e cerca de 50 foram hospitalizadas», revelou o Crescente Vermelho palestiniano numa breve nota de imprensa, depois de soldados israelitas, com equipamento antidistúrbios, terem disparado balas de borracha, granadas atordoantes e gás lacrimogéneo contra os palestinianos no complexo de al-Aqsa, e estes terem respondido com o lançamento de objectos.
Algumas fontes afirmam que, entre os palestinianos detidos pelas forças de ocupação, se encontram vários feridos que tentavam escapar aos confrontos.
O raide israelita desta segunda-feira segue-se a semanas de tensão, confrontos, violência e repressão exercida sobre os palestinianos, sobretudo na Mesquita de al-Aqsa e na Bab al-Amoud (Porta de Damasco), na Cidade Velha de Jerusalém, bem como no Bairro de Sheikh Jarrah, onde várias famílias palestinianas estão em risco de ser expulsas, por ordem de um tribunal israelita, para que ali surja um novo colonato.
Pelo menos 17 pessoas, incluindo um paramédico, foram feridas, ontem à noite, quando participavam em manifestações em Jerusalém Oriental ocupada, segundo informou o Crescente Vermelho.
Na Cidade Velha e imediações, pelo menos 90 palestinianos ficaram feridos, no sábado, na sequência da repressão das forças israelitas e dos confrontos que se seguiram. No dia anterior, última sexta-feira do Ramadão, outros 200 palestinianos ficaram feridos, depois de as forças israelitas terem invadido o complexo de al-Aqsa.
Escalada antes de marcha de extremistas judaicos
Os últimos raides das forças israelitas precedem uma marcha de grupos extremistas judaicos, prevista para esta segunda-feira, em que Israel celebra aquilo que designa como Dia de Jerusalém – o dia em que Jerusalém Oriental foi ocupada, em 1967.
Habitualmente, a marcha reúne milhares de colonos e outros extremistas israelitas, e, de acordo com a PressTV, é provável que a violência aumente nos territórios ocupados. As forças israelitas usaram como justificação para o violento raide desta manhã o facto de quererem proteger o complexo de al-Aqsa dos extremistas judeus, refere a WAFA.
Entretanto, as autoridades israelitas têm estado a enviar reforços para a Margem Ocidental ocupada, o que faz prever uma escalada na repressão sobre os palestinianos e nos confrontos.
Reunião de emergência do Conselho de Segurança
A escalada dos ataques israelitas, bem como a eventual expulsão de famílias do Bairro de Sheikh Jarrah têm merecido a condenação internacional, da Suíça a congressistas democratas norte-americanos, passando por múltiplos países árabes e muçulmanos.
Para esta segunda-feira, refere a PressTV, foi agendada uma sessão de emergência, à porta fechada, do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater a situação, na sequência de um pedido realizado pela Tunísia.
Antes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou «profunda preocupação» com a violência continuada em Jerusalém Oriental ocupada, tendo instado Israel a parar as demolições de casas palestinianas e os despejos dos seus proprietários.
No Reino Unido, na Alemanha, na Turquia, na Jordânia, entre outros países, houve mobilizações para condenar as «atrocidades do regime israelita» e manifestar solidariedade com o povo palestiniano.
Vários países muçulmanos emitiram declarações de condenação às «agressões de Telavive contra os palestinianos», nomeadamente do Iraque, do Paquistão, do Irão, dos Emirados Árabes Unidos, da Jordânia, da Turquia e da Síria.
O Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros destacou a «importância de preservar os direitos inalienáveis do povo palestiniano, com base nos princípios do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas que dizem respeito à Causa Palestiniana».