Por volta das 3h da manhã, militares israelitas vedaram o acesso à zona, e invadiram as casas da família Salhiya, no Bairro de Sheikh Jarrah, para retirar do interior todas as pessoas que lá se encontravam.
De acordo com a WAFA, as forças israelitas espancaram e prenderam mais de duas dezenas de pessoas, entre familiares – incluindo vários menores – e apoiantes contra a ocupação que estavam no local. Em seguida, utilizaram escavadoras para destruir as duas estruturas.
Há três anos que as forças de ocupação israelitas estavam a pressionar a família Salhiya para abandonar o local, alegando que o município de Jerusalém pretendia construir ali uma escola e outros centros educacionais.
No entanto, os Salhiya, a quem as terras pertenciam há gerações, nunca aceitaram sair, mesmo sob a ameaça de despejo, acusando as autoridades israelitas de quererem usar a terra para expandir um colonato próximo.
O Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental ocupada, tornou-se conhecido em Maio deste ano, quando os tribunais retomaram um processo movido por organizações de colonos, desde os anos 70, que visa retirar um grupo de famílias palestinianas residentes em Sheikh Jarrah do bairro, com o argumento de que as terras pertencem aos judeus.
Sheikh Jarrah tornou-se um símbolo da resistência à ocupação e à tentativa de judaização de Jerusalém Oriental, ocupada em 1967, no contexto da Guerra dos Seis Dias.
«Não vou abandonar a minha casa»
Na segunda-feira, as forças israelitas já tinham tentado concretizar uma primeira tentativa de despejo, mas os membros da família Salhiya subiram para o telhado e ameaçaram fazer explodir a casa.
Em declarações à WAFA, Mahmoud Salhiya disse que não ia abandonar a sua casa, apesar das ameaças e pressões.
«Viemos para aqui em 1948, depois da expulsão da minha família da cidade de Ein Karem», com a criação do Estado de Israel, disse.
«Fui deslocado uma vez e não voltarei a sê-lo, e não assinarei nenhum papel apresentado pela ocupação», afirmou, em referência a um documento que funcionários israelitas o tentaram convencer a assinar.
De acordo com a WAFA, há 28 casas no bairro que enfrentam a ameaça de despejo.