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Amazon cria «bufo da Pide electrónico»

Nova aplicação de comunicação interna na Amazon proibe as palavras «liberdade», «justiça» e «sindicato».

Trabalhadora da Amazon num protesto contra más condições de trabalho.
Trabalhadora da Amazon num protesto contra más condições de trabalho.CréditosMatthew Horwood / Getty Images

A rede social interna para comunicação entre os empregados da Amazon, que está a ser criada, vai bloquear e identificar os trabalhadores que usam palavras sobre sindicatos, de acordo com documentos internos da empresa analisados pelo site The Intercept.

A aplicação também bloqueará uma variedade de expressões que possam representar potenciais críticas às condições de trabalho na Amazon, como: «trabalho escravo», «prisão» e «plantação», bem como «casas de banho» - por causa de relatos de empregados da Amazon terem que urinar em garrafas de plástico para conseguirem cumprir as quotas de trabalho exigidas pela empresa.

«As nossas equipas estão sempre a pensar em novas formas de ajudar os empregados a envolverem-se uns com os outros», justificou, ao The Intercept, a porta-voz da Amazon, Barbara M. Agrait.

A maravilhosa ideia surgiu numa reunião de altos quadros da empresa, em Novembro de 2021. A ordem de trabalhos do encontro era a criação de uma aplicação informática de comunicação interna que permitisse aos funcionários reconhecer o desempenho dos colegas de trabalho. "Shout-Outs" (grito), na gíria, a expressão significa um curto reconhecimento público de alguém ou algo, pelo nome. 

O principal objectivo do programa, defendeu Dave Clark, director-executivo da Amazon para o consumo mundial, é reduzir o desgaste dos trabalhadores, promovendo a felicidade entre eles- e também a produtividade. Shout-Outs faria parte de um sistema de recompensas em que os empregados recebem estrelas virtuais e distintivos para actividades que «acrescentam valor comercial directo», na ideia dos seus proponentes. Na reunião, Clark observou que «algumas pessoas são coleccionadores loucas desse tipo de coisas».

Mas os quadros da empresa também se debruçaram, nessa reunião, para o que apelidaram «o lado negro das redes sociais» e decidiram monitorizar activamente os trabalhadores, a fim de assegurar uma «comunidade positiva». Assim como o Instagram proibe mamas, a Amazon deseja afastar pensamentos sindicais na cabeça dos trabalhadores.

Na reunião, Clark sugeriu que o programa deveria assemelhar-se a uma aplicação de encontros online como o Bumble, que permite aos indivíduos envolverem-se um a um, em vez de uma plataforma mais semelhante a um fórum como o Facebook.

Após a reunião, foi concebido uma lista negra que assinalaria e bloquearia automaticamente os empregados de enviarem uma mensagem que contenha quaisquer palavras-chave profanas ou inadequadas. Contudo, para além das profanidades habituais em outras redes, os termos incluem palavras muitos relevantes em relação à organização dos trabalhadores e às condições de trabalho, incluindo «sindicato», «reclamação», «aumento de salário» e «compensação». Outras palavras-chave proibidas incluem termos como «ética», «injusto», «escravo», «dono», «liberdade», «diversidade», «injustiça», e «justiça». Mesmo algumas frases como «isto é preocupante» serão proibidas.

«Permitindo a liberdade, arriscamo-nos a que as pessoas escrevam Shout-Outs que geram sentimentos negativos entre os espectadores e os receptores», afirma um documento que resume o novo programa de comunicação. «Queremos inclinar-nos para ser restritivos quanto ao conteúdo que pode ser publicado para evitar uma experiência negativa do associado».

Para além do sistema automatizado, os gestores terão autoridade para assinalar ou suprimir quaisquer Shout-Outs que considerem inadequados.

Deputados e senadores pedem explicações

No dia 1 de junho, membros democratas do Congresso liderados pela Senadora Elizabeth Warren de Massachusetts e pelo Deputado Cori Bush do Missouri enviaram uma carta à Amazon exigindo respostas sobre a aplicação de chat, o que sugere sobre as condições de trabalho em geral, e se está em conformidade com as leis laborais federais.

«Exortamos que modifiquem a vossa abordagem», diz a carta, assinada por Warren, Bush, os senadores Bernie Sanders e Cory Booker, e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez. «Se estão preocupados com o facto dos trabalhadores discutirem temas como "casa de banho”, "trabalho escravo” ou condições de trabalho exploratórias em geral, a resposta não é interferir com a capacidade de comunicação dos seus trabalhadores, mas sim melhorar o seu tratamento dos trabalhadores».

Dirigida a Andy Jassy, o presidente e CEO da Amazon, a carta levanta preocupações de que a empresa possa ter violado a lei laboral federal, que protege as comunicações dos trabalhadores em matéria de organização do trabalho.

«O cumprimento pela Amazon das leis laborais federais é um assunto importante de preocupação pública, especialmente dado o estatuto da empresa como uma das maiores empresas retalhistas do país», afirma a carta.

A lei laboral federal exige que os empregadores reportem despesas em actividades que interferem com os direitos dos trabalhadores ao abrigo da Lei Nacional das Relações Laborais, e, a carta observa, a Amazon não reportou quaisquer despesas deste tipo em relação à aplicação. A carta também pede à Amazon que revele quaisquer despesas relacionadas com o planeamento, concepção, desenho, utilização, implantação e implementação desse aplicativo.»

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