A rede social interna para comunicação entre os empregados da Amazon, que está a ser criada, vai bloquear e identificar os trabalhadores que usam palavras sobre sindicatos, de acordo com documentos internos da empresa analisados pelo site The Intercept.
A aplicação também bloqueará uma variedade de expressões que possam representar potenciais críticas às condições de trabalho na Amazon, como: «trabalho escravo», «prisão» e «plantação», bem como «casas de banho» - por causa de relatos de empregados da Amazon terem que urinar em garrafas de plástico para conseguirem cumprir as quotas de trabalho exigidas pela empresa.
Ao troar das sirenes, o trabalho continuou. Pelo menos seis trabalhadores morreram e dezenas estão ainda subterrados nos escombros do armazém, destruído por um tornado no estado do Illinois, EUA. «A segurança e o bem-estar dos nossos funcionários é a maior prioridade neste momento», afirmou Richard Rocha, porta-voz da Amazon, a maior empresa, em termos de receitas, do mundo. Nem isso levou a empresa, que subcontratava este armazém de distribuição, a cessar as suas operações quando foi emitido um alerta de emergência por causa de um tornado, esperado desde o início da semana, nem mesmo quando soaram as sirenes de alarme. Vários tornados têm atingido, em simultâneo, a região do Midwest norte-americano (centro-oeste), causando pelo menos 84 mortos nos estados do Arkansas, Tennessee, Kentucky e Illinois (onde funcionava este armazém da Amazon). O número real de baixas só será conhecido ao longo da próxima semana. Os funcionários acusam a empresa de não garantir medidas de protecção adequadas e de se recusar a pagar baixa por doença. O protesto marcado para esta semana nos EUA é o maior desde o início da pandemia. Centenas de trabalhadores dos armazéns da Amazon em todo o território dos Estados Unidos estão a recusar-se a comparecer no local de trabalho pelo menos num dos dias desta semana, alegando que estão doentes. O protesto, que teve início na terça-feira, é o maior a nível nacional contra a resposta do gigante do retalho ao surto epidémico do novo coronavírus e foi organizado pelos grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores United for Respect, New York Communities for Change e Make the Road New York, informa a TeleSur. «"Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança"» De acordo com o United for Respect, pelo menos 300 funcionários anunciaram que iriam ficar em casa. Acusam a Amazon de não ter fornecido máscaras suficientes aos empregados, de não ter implementado as medições regulares de temperatura que prometeu e de se ter recusado a pagar aos trabalhadores baixa por doença. «Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança», disse Jaylen Camp, trabalhador num armazém da Amazon em Romulus (Michigan) e membro do United for Respect, ao The Guardian. «Nós não somos fundamentais para eles – eles apenas pensam em nós como números e quotas. Não estão a proteger a nossa saúde», frisou. «[A Amazon] prepara-se para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre» Os protestos têm lugar numa empresa cujos lucros têm vindo a aumentar em função dos pedidos crescentes de entregas ao domicílio, no meio da pandemia, e que, segundo o jornal inglês, se prepara para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre. A contestação vai continuar até haver alterações nas medidas de protecção da empresa, afirmam os trabalhadores. Segundo os números divulgados pelo United for Respect, há trabalhadores infectados com o novo coronavírus em mais de 130 armazéns, por todo o país, sendo que, em alguns, se registam mais de 30 casos confirmados. Entre as exigências dos funcionários contam-se o «encerramento imediato» de instalações da empresa com casos de Covid-19, a realização de testes de despistagem e duas semanas de salário nesse período. A Amazon prometeu pagar baixa médica aos trabalhadores a quem tivesse sido detectado o vírus ou aos que estivessem de quarentena, mas estes afirmam que tem sido difícil receber a baixa, e alguns têm ido trabalhar doentes, com febre, denunciou o United for Respect. Os trabalhadores exigem ainda que a Amazon deixe de exercer represálias sobre os funcionários que denunciam situações e defendem os direitos dos seus colegas, sendo que a empresa detida pelo milionário Jeff Bezos é acusada de repressão sobre os trabalhadores que se organizam. «"Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas"» Este mês, registaram-se protestos nos estados de Nova Iorque, Illinois e Michigan. O trabalhador que organizou a acção em Nova Iorque foi despedido, revela o The Guardian. Outra exigência dos trabalhadores passa pela eliminação das quotas, de acordo com as quais um funcionário tem de registar um certo número de items e embalar um certo número de caixas por hora. Se, por um lado, a Amazon pede aos trabalhadores que lavem as mãos durante 20 segundos depois de espirrarem, por outro, estas quotas não lhes dão tempo para se lavarem e manterem seguros, diz Jaylen Camp, do United for Respect. «Tem de se dizer alguma coisa sobre o que se está a passar», sublinha. «Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas», diz. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os alertas chegaram pelo menos meia hora antes do colapso da parte central do armazém, subterrando um grande número de trabalhadores. Das dezenas de funcionários a laborar nas instalações, apenas 45 conseguiram escapar antes do desabamento, deixando um número ainda desconhecido de vítimas nos escombros das instalações. Mais de 24 horas depois do «incidente com vítimas em massa», como foi descrito pela Agência de Gestão de Emergência de Collinsville, só estão confirmadas 6 mortes, desconhecendo-se o número de trabalhadores desaparecidos. O telhado do edifício ruiu, assim como várias paredes de cimento, do tamanho de um campo de futebol, em cima das pessoas. O estado do Illinois não obriga a que todos os edifícios estejam equipados com abrigos concebidos especificamente para proteger contra estes fenómenos climáticos extremos. No caso deste armazém, a casa de banho era o local designado de abrigo, de pouco servindo contra ventos que ultrapassaram os 400km/h. Mesmo não estando, os trabalhadores, seguros em casa, já que poucos edifícios conseguiriam aguentar a forças deste tornado, a Amazon insistiu que estes se deslocassem para o armazém, juntando dezenas de pessoas num mesmo sítio, sem condições para as proteger adequadamente. A empresa Amazon admitiu que, nos Estados Unidos, trabalhadores seus têm de urinar em garrafas de água, durante os turnos, uma acusação de um congressista norte-americano que a empresa começou por negar. «Sabemos que os nossos condutores podem ter tido problemas para encontrar casas de banho por causa do trânsito ou por estarem em estradas rurais, e particularmente por causa da Covid-19, muitas casas de banho públicas foram encerradas«, declarou a empresa num comunicado divulgado na sexta-feira. A polémica começou na semana passada por causa de um membro democrata da Câmara dos Representantes, Mark Pocan, que disse numa mensagem publicada na rede social Twitter que «o facto de pagar 15 dólares por hora», não faz da Amazon um «lugar progressista para trabalhar». «Não, quando obrigam os vossos empregados a urinar em garrafas de plástico», rematou. Os funcionários acusam a empresa de não garantir medidas de protecção adequadas e de se recusar a pagar baixa por doença. O protesto marcado para esta semana nos EUA é o maior desde o início da pandemia. Centenas de trabalhadores dos armazéns da Amazon em todo o território dos Estados Unidos estão a recusar-se a comparecer no local de trabalho pelo menos num dos dias desta semana, alegando que estão doentes. O protesto, que teve início na terça-feira, é o maior a nível nacional contra a resposta do gigante do retalho ao surto epidémico do novo coronavírus e foi organizado pelos grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores United for Respect, New York Communities for Change e Make the Road New York, informa a TeleSur. «"Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança"» De acordo com o United for Respect, pelo menos 300 funcionários anunciaram que iriam ficar em casa. Acusam a Amazon de não ter fornecido máscaras suficientes aos empregados, de não ter implementado as medições regulares de temperatura que prometeu e de se ter recusado a pagar aos trabalhadores baixa por doença. «Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança», disse Jaylen Camp, trabalhador num armazém da Amazon em Romulus (Michigan) e membro do United for Respect, ao The Guardian. «Nós não somos fundamentais para eles – eles apenas pensam em nós como números e quotas. Não estão a proteger a nossa saúde», frisou. «[A Amazon] prepara-se para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre» Os protestos têm lugar numa empresa cujos lucros têm vindo a aumentar em função dos pedidos crescentes de entregas ao domicílio, no meio da pandemia, e que, segundo o jornal inglês, se prepara para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre. A contestação vai continuar até haver alterações nas medidas de protecção da empresa, afirmam os trabalhadores. Segundo os números divulgados pelo United for Respect, há trabalhadores infectados com o novo coronavírus em mais de 130 armazéns, por todo o país, sendo que, em alguns, se registam mais de 30 casos confirmados. Entre as exigências dos funcionários contam-se o «encerramento imediato» de instalações da empresa com casos de Covid-19, a realização de testes de despistagem e duas semanas de salário nesse período. A Amazon prometeu pagar baixa médica aos trabalhadores a quem tivesse sido detectado o vírus ou aos que estivessem de quarentena, mas estes afirmam que tem sido difícil receber a baixa, e alguns têm ido trabalhar doentes, com febre, denunciou o United for Respect. Os trabalhadores exigem ainda que a Amazon deixe de exercer represálias sobre os funcionários que denunciam situações e defendem os direitos dos seus colegas, sendo que a empresa detida pelo milionário Jeff Bezos é acusada de repressão sobre os trabalhadores que se organizam. «"Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas"» Este mês, registaram-se protestos nos estados de Nova Iorque, Illinois e Michigan. O trabalhador que organizou a acção em Nova Iorque foi despedido, revela o The Guardian. Outra exigência dos trabalhadores passa pela eliminação das quotas, de acordo com as quais um funcionário tem de registar um certo número de items e embalar um certo número de caixas por hora. Se, por um lado, a Amazon pede aos trabalhadores que lavem as mãos durante 20 segundos depois de espirrarem, por outro, estas quotas não lhes dão tempo para se lavarem e manterem seguros, diz Jaylen Camp, do United for Respect. «Tem de se dizer alguma coisa sobre o que se está a passar», sublinha. «Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas», diz. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A empresa respondeu directamente na sua conta oficial no Twitter a Pocan, afirm«ando que este não devia acreditar nessa história do «xixi nas garrafas. «Se fosse verdade, ninguém trabalharia para nós», argumentou a Amazon. No entanto, surgiram em vários meios de comunicação testemunhos de empregados da empresa que confirmaram essa prática, e o The Intercept afirmou ter obtido documentos internos que atestam que era conhecida dos responsáveis da Amazon. Nos relatos dos trabalhadores, referia-se que o ritmo de trabalho imposto na empresa era o principal factor para a falta de tempo para ir à casa de banho. «Devemos um pedido de desculpa ao congressista Pocan», declarou a empresa em comunicado, reconhecendo que a sua resposta no Twitter foi «incorrecta, não teve em consideração os motoristas e focou-se no que se passa nos centros de distribuição». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Estamos profundamente consternados com a notícia de que membros da nossa família da Amazon morreram, em resultado da tempestade em Edwardsville», afirma, agora, a Amazon. Uma trabalhadora, entretanto, garantiu em declarações a uma estação local que os funcionários desta instalação nunca tinham recebido qualquer tipo de formação para actuar em situações de emergência. As operações de resgate estão a avançar a passo lento e assim vão continuar durante a semana. Os cortes nas linhas de electricidade e as condutas de águas rebentadas forçaram a um minucioso, e perigoso, trabalho por parte das forças de emergência no local. Estados de emergência foram declarados em todos estes estados e o presidente dos EUA, Joe Biden, já considerou esta como sendo «provavelmente a maior onda de tornados da história do país». Os trabalhadores da Amazon eram obrigados a deixar os seus telemóveis num cacifo antes de começar o trabalho, uma das regras mais polémicas e contestadas da empresa. Muito embora a pandemia tenha levado a Amazon a aliviar a aplicação desta regra, vários trabalhadores de outros locais do Illinois reivindicaram, em declarações prestadas à Bloomberg, o direito a ter o telemóvel consigo, para receber informações sobre situações de emergência. Uma fábrica de velas no Kentucky sofreu o mesmo destino, neste caso estavam mais de 110 trabalhadores presentes aquando do desabamento. 40 pessoas foram resgatadas mas as autoridades temem que o número de vítimas possa vir ascender às dezenas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Amazon: quando a ganância mata
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Centenas de trabalhadores da Amazon nos EUA exigem medidas de protecção
Em defesa dos direitos, da saúde e contra a repressão
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Trabalhadores da Amazon forçados a urinar em garrafas
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«As nossas equipas estão sempre a pensar em novas formas de ajudar os empregados a envolverem-se uns com os outros», justificou, ao The Intercept, a porta-voz da Amazon, Barbara M. Agrait.
A maravilhosa ideia surgiu numa reunião de altos quadros da empresa, em Novembro de 2021. A ordem de trabalhos do encontro era a criação de uma aplicação informática de comunicação interna que permitisse aos funcionários reconhecer o desempenho dos colegas de trabalho. "Shout-Outs" (grito), na gíria, a expressão significa um curto reconhecimento público de alguém ou algo, pelo nome.
O principal objectivo do programa, defendeu Dave Clark, director-executivo da Amazon para o consumo mundial, é reduzir o desgaste dos trabalhadores, promovendo a felicidade entre eles- e também a produtividade. Shout-Outs faria parte de um sistema de recompensas em que os empregados recebem estrelas virtuais e distintivos para actividades que «acrescentam valor comercial directo», na ideia dos seus proponentes. Na reunião, Clark observou que «algumas pessoas são coleccionadores loucas desse tipo de coisas».
Mas os quadros da empresa também se debruçaram, nessa reunião, para o que apelidaram «o lado negro das redes sociais» e decidiram monitorizar activamente os trabalhadores, a fim de assegurar uma «comunidade positiva». Assim como o Instagram proibe mamas, a Amazon deseja afastar pensamentos sindicais na cabeça dos trabalhadores.
Na reunião, Clark sugeriu que o programa deveria assemelhar-se a uma aplicação de encontros online como o Bumble, que permite aos indivíduos envolverem-se um a um, em vez de uma plataforma mais semelhante a um fórum como o Facebook.
Os funcionários acusam a empresa de não garantir medidas de protecção adequadas e de se recusar a pagar baixa por doença. O protesto marcado para esta semana nos EUA é o maior desde o início da pandemia. Centenas de trabalhadores dos armazéns da Amazon em todo o território dos Estados Unidos estão a recusar-se a comparecer no local de trabalho pelo menos num dos dias desta semana, alegando que estão doentes. O protesto, que teve início na terça-feira, é o maior a nível nacional contra a resposta do gigante do retalho ao surto epidémico do novo coronavírus e foi organizado pelos grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores United for Respect, New York Communities for Change e Make the Road New York, informa a TeleSur. «"Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança"» De acordo com o United for Respect, pelo menos 300 funcionários anunciaram que iriam ficar em casa. Acusam a Amazon de não ter fornecido máscaras suficientes aos empregados, de não ter implementado as medições regulares de temperatura que prometeu e de se ter recusado a pagar aos trabalhadores baixa por doença. «Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança», disse Jaylen Camp, trabalhador num armazém da Amazon em Romulus (Michigan) e membro do United for Respect, ao The Guardian. «Nós não somos fundamentais para eles – eles apenas pensam em nós como números e quotas. Não estão a proteger a nossa saúde», frisou. «[A Amazon] prepara-se para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre» Os protestos têm lugar numa empresa cujos lucros têm vindo a aumentar em função dos pedidos crescentes de entregas ao domicílio, no meio da pandemia, e que, segundo o jornal inglês, se prepara para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre. A contestação vai continuar até haver alterações nas medidas de protecção da empresa, afirmam os trabalhadores. Segundo os números divulgados pelo United for Respect, há trabalhadores infectados com o novo coronavírus em mais de 130 armazéns, por todo o país, sendo que, em alguns, se registam mais de 30 casos confirmados. Entre as exigências dos funcionários contam-se o «encerramento imediato» de instalações da empresa com casos de Covid-19, a realização de testes de despistagem e duas semanas de salário nesse período. A Amazon prometeu pagar baixa médica aos trabalhadores a quem tivesse sido detectado o vírus ou aos que estivessem de quarentena, mas estes afirmam que tem sido difícil receber a baixa, e alguns têm ido trabalhar doentes, com febre, denunciou o United for Respect. Os trabalhadores exigem ainda que a Amazon deixe de exercer represálias sobre os funcionários que denunciam situações e defendem os direitos dos seus colegas, sendo que a empresa detida pelo milionário Jeff Bezos é acusada de repressão sobre os trabalhadores que se organizam. «"Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas"» Este mês, registaram-se protestos nos estados de Nova Iorque, Illinois e Michigan. O trabalhador que organizou a acção em Nova Iorque foi despedido, revela o The Guardian. Outra exigência dos trabalhadores passa pela eliminação das quotas, de acordo com as quais um funcionário tem de registar um certo número de items e embalar um certo número de caixas por hora. Se, por um lado, a Amazon pede aos trabalhadores que lavem as mãos durante 20 segundos depois de espirrarem, por outro, estas quotas não lhes dão tempo para se lavarem e manterem seguros, diz Jaylen Camp, do United for Respect. «Tem de se dizer alguma coisa sobre o que se está a passar», sublinha. «Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas», diz. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Centenas de trabalhadores da Amazon nos EUA exigem medidas de protecção
Em defesa dos direitos, da saúde e contra a repressão
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Após a reunião, foi concebido uma lista negra que assinalaria e bloquearia automaticamente os empregados de enviarem uma mensagem que contenha quaisquer palavras-chave profanas ou inadequadas. Contudo, para além das profanidades habituais em outras redes, os termos incluem palavras muitos relevantes em relação à organização dos trabalhadores e às condições de trabalho, incluindo «sindicato», «reclamação», «aumento de salário» e «compensação». Outras palavras-chave proibidas incluem termos como «ética», «injusto», «escravo», «dono», «liberdade», «diversidade», «injustiça», e «justiça». Mesmo algumas frases como «isto é preocupante» serão proibidas.
«Permitindo a liberdade, arriscamo-nos a que as pessoas escrevam Shout-Outs que geram sentimentos negativos entre os espectadores e os receptores», afirma um documento que resume o novo programa de comunicação. «Queremos inclinar-nos para ser restritivos quanto ao conteúdo que pode ser publicado para evitar uma experiência negativa do associado».
Para além do sistema automatizado, os gestores terão autoridade para assinalar ou suprimir quaisquer Shout-Outs que considerem inadequados.
Deputados e senadores pedem explicações
No dia 1 de junho, membros democratas do Congresso liderados pela Senadora Elizabeth Warren de Massachusetts e pelo Deputado Cori Bush do Missouri enviaram uma carta à Amazon exigindo respostas sobre a aplicação de chat, o que sugere sobre as condições de trabalho em geral, e se está em conformidade com as leis laborais federais.
As portas que a sindicalização abriu, nunca mais ninguém as cerra. Mais de duas centenas de lojas pediram um referendo à sindicalização e os resultados são inequívocos: até ao momento, só duas lojas votaram contra. A multinacional de cafetarias Starbucks exibe, por estes dias, sinais de desespero muito evidentes. Todos os esforços que levou a cabo para evitar a adesão dos trabalhadores ao sindicato Starbucks Workers United (Trabalhadores da Starbucks Unidos, SWU) saíram gorados. Ou seja, nos cerca de 30 referendos realizados até ao momento, apenas duas lojas rejeitaram, por curta maioria, a sindicalização. A primeira grande crise do capitalismo num quadro de predomínio do capital financeiro sobre o capital produtivo, a mais séria crise do capitalismo no século XX, deixou a descoberto a instabilidade estrutural da economia capitalista. 1. A década que se iniciou em 1920 anunciava-se como uma época de ouro do capitalismo. Nos EUA, no início de 1929, o volume da produção era cerca de 65% superior ao de 1913. No início da década, com a produção em série do famoso Ford Model T, nasce a sociedade de consumo, isto é, o capitalismo do consumo de massas: em 1930, estavam registados nos EUA mais de 26,5 milhões de automóveis (na Europa, cerca de 5 milhões). A outra face desta realidade: metade das dívidas das famílias americanas tinham sido contraídas para comprar automóveis. Desde então, o crédito ao consumo e todas as técnicas de publicidade têm actuado no sentido de criar necessidades e pressionar as pessoas a consumir (mesmo as de baixos rendimentos), levando as famílias a endividar-se, por vezes para além do que seria razoável. Por esta altura, o sector financeiro começou a sobrepor-se aos sectores produtivos e as actividades especulativas cresceram exponencialmente. A euforia dos negócios tornou-se contagiante. No início de Outubro de 1929, um relatório do governo americano reflecte este clima de optimismo: «economicamente, temos um terreno sem limites à nossa frente; há necessidades novas que abrirão incessantemente caminho para outras mais novas ainda, à medida que forem satisfeitas. (…) Parece termos apenas tocado na orla das nossas potencialidades». Era uma prosperidade ilusória, assente em lucros fictícios, resultantes de capitais fictícios, criados na bolsa, sem nenhuma relação com a actividade produtiva. «Em 29 de Outubro de 1929 ocorreu o crash na bolsa de Nova York: várias empresas e instituições financeiras sucumbiram à baixa das cotações bolsistas; muitos bancos entraram em colapso, porque os seus empréstimos tinham servido para financiar actividades especulativas e não investimentos produtivos; o pânico e a corrida aos bancos fizeram o resto. Era o início da Grande Depressão» 2. Mas a verdade é que, em finais de 1926, o consumo das famílias começou a crescer menos do que o volume da produção, e no início de 1929 a capacidade de produção instalada na economia americana ultrapassava em 20% a capacidade de escoamento das mercadorias produzidas. Aos primeiros sinais de quebra de confiança no andamento da economia, muitos quiseram salvar o dinheiro que tinham apostado na bolsa e o aumento elevado e brusco da oferta de títulos na bolsa provocou uma baixa acentuada das cotações. E em 29 de Outubro de 1929 ocorreu o crash na bolsa de Nova York: várias empresas e instituições financeiras sucumbiram à baixa das cotações bolsistas; muitos bancos entraram em colapso, porque os seus empréstimos tinham servido para financiar actividades especulativas e não investimentos produtivos; o pânico e a corrida aos bancos fizeram o resto. Era o início da Grande Depressão, a primeira grande crise do capitalismo num quadro de predomínio do capital financeiro sobre o capital produtivo e a mais séria crise do capitalismo no século XX, que depois se propagou à Europa capitalista e a todo o mundo capitalista (mais de 30 milhões de desempregados no conjunto dos países capitalistas). Ficava a descoberto a instabilidade estrutural da economia capitalista. 3. Milhões de pessoas caíram no desemprego, perderam as suas casas e passaram a viver em campos de tendas e barracas. As doenças epidémicas propagaram-se rapidamente, juntamente com a prostituição e o crime. Mas a administração Hoover, fiel ao catecismo liberal, preferiu aguardar que as leis naturais da economia repusessem o equilíbrio em todos os mercados, acreditando que quaisquer políticas públicas para combater o desemprego poriam em causa a velha tese das finanças sãs (o equilíbrio das contas públicas), o que equivaleria à destruição do capitalismo. Dirigindo-se ao país em 1931, Hoover defendeu que a crise só poderia ser combatida com base no «espírito de ajuda mútua através de donativos voluntários (…), no âmbito da responsabilidade que Deus impôs a cada homem e a cada mulher para com os seus vizinhos». O governo nada poderia fazer, a não ser o que fez: chamar o Exército para reprimir as manifestações de protesto. «Milhões de pessoas caíram no desemprego, perderam as suas casas e passaram a viver em campos de tendas e barracas. As doenças epidémicas propagaram-se rapidamente, juntamente com a prostituição e o crime. Mas a administração Hoover, fiel ao catecismo liberal, preferiu aguardar que as leis naturais da economia repusessem o equilíbrio em todos os mercados, acreditando que quaisquer políticas públicas para combater o desemprego poriam em causa a velha tese das finanças sãs (o equilíbrio das contas públicas), o que equivaleria à destruição do capitalismo» A mesma atitude de desprezo pelos trabalhadores vítimas de crise fica patente na declaração do presidente da National Association of Manufacturers, que veio imputar publicamente aos desempregados e aos pobres a responsabilidade pela sua própria miséria, porque «eles não praticam o hábito da poupança, antes perdem as suas poupanças nos jogos da bolsa. Com que razão culpam o nosso sistema económico, o governo ou a indústria?»1 4. Em Março de 1932, Franklin Roosevelt é eleito presidente dos EUA. Como muitos outros responsáveis, deve ter partilhado o temor da revolução de que fala o seu vice-presidente, Harry Truman: «Em 1932 o sistema de livre empresa privada estava próximo do colapso. Havia verdadeiro perigo de que o povo norte-americano adoptasse um outro sistema». O desejo de salvar o capitalismo moribundo levou Roosevelt a pôr de lado algumas das teses dos economistas liberais e a adoptar um conjunto de medidas de política activa que ficaram conhecidas por New Deal. Inicialmente, foram gastas somas enormes em operações de salvamento de bancos, empresas ferroviárias, empresas agrícolas e mesmo alguns estados federados. Simultaneamente, o governo procurou anular quaisquer tentações revolucionárias, apoiando os desempregados, os idosos, os pensionistas e os veteranos de guerra, e reconhecendo alguns direitos sindicais e sociais dos trabalhadores. Só mais tarde o governo procurou regular as actividades financeiras (nomeadamente o sector bancário) e tomou medidas orientadas para recuperar a economia e combater o desemprego: desvalorização do dólar; abandono do padrão-ouro; baixa das taxas de juro; apoio à recuperação e à reestruturação de empresas; lançamento de grandes programas de obras públicas. Em Junho de 1933, o estado concedeu às associações profissionais o poder de governar o respectivo sector de actividade económica, solução semelhante às soluções corporativas adoptadas na Europa, embora com outro enquadramento político. Ainda em 1933, foi criada a National Recovery Administration, uma estrutura de planificação económica centralizada, com competências para obrigar a indústria a reorganizar-se, para fixar os preços, para distribuir quotas de produção. «[Franklin D. Roosevelt] deve ter partilhado o temor da revolução de que fala o seu vice-presidente, Harry Truman: "Em 1932 o sistema de livre empresa privada estava próximo do colapso. Havia verdadeiro perigo de que o povo norte-americano adoptasse um outro sistema". O desejo de salvar o capitalismo moribundo levou Roosevelt a pôr de lado algumas das teses dos economistas liberais e a adoptar um conjunto de medidas de política activa que ficaram conhecidas por New Deal» Em 1935, a Suprema Corte americana declarou esta estrutura inconstitucional, argumentando que a Constituição americana não permitia o socialismo (como se as políticas do New Deal tivessem alguma coisa que ver com a construção do socialismo!). De todo o modo, ficámos a saber (embora nem todos tenham aprendido a lição) que não há constituições neutras: afinal, mesmo a mais neutra das constituições, proclamadamente aberta a todos os programas políticos resultantes da alternância democrática, veicula um projecto político que exclui qualquer outro (nomeadamente o socialismo). Roosevelt foi reeleito em 1936, com uma vitória esmagadora. Começou então o «segundo New Deal», privilegiando as políticas activas de promoção do emprego e de apoio aos trabalhadores, em resposta, aliás, às pressões sindicais, que se faziam sentir, de forma sistemática, desde o início da década: foi instituído o salário mínimo, o subsídio de desemprego, o direito de livre organização sindical e o direito à contratação colectiva, e os sindicatos conseguiram penetrar em sectores industriais que até aí os tinham mantido afastados dos respectivos trabalhadores (aço, borracha, têxtil, automóvel). Permaneceu, no entanto, a preocupação com o equilíbrio orçamental e a contenção das despesas públicas impediu o avanço do processo de recuperação da economia, com o consequente aumento da taxa de desemprego (de 14% em 1937 para 19% em 1938). Só perante esta realidade assustadora o governo decidiu aumentar as despesas públicas financiadas mediante o recurso ao défice para compensar a quebra do investimento e do consumo privados, antecipando, de algum modo, as propostas keynesianas para combater a crise. A doença do capitalismo era, porém, muito mais grave do que os remédios inventados para a curar. A taxa de desemprego nunca foi inferior a 15% (em 1939, havia ainda 10 milhões de desempregados) e o investimento privado era, quando rebentou a Segunda Guerra Mundial, 17% inferior ao de 1929. Há quem defenda (tese muito discutível) que a crise só foi ultrapassada graças às despesas militares resultantes da entrada dos EUA na Guerra. Outros autores sustentam (com boas razões) que os interesses económicos dominantes nos EUA e o poder político que os representa nunca permitiram que as despesas civis (educação, saúde, habitação, infra-estruturas…) ultrapassem 14% a 15% do PIB, valor muito baixo para produzir efeitos mais relevantes. O que é certo é que, no fim do segundo mandato de Roosevelt, a frustração era enorme, o que talvez explique esta elucidativa declaração do presidente da Works Progress Administration (uma das principais agências do New Deal): «as pessoas estão fartas dos pobres e dos desempregados. (…) Esta gente não conta para o bem-estar da população como um todo. São uma casta fora dos grupos que estão dentro do sistema económico. Elas não têm mercado para o seu único bem económico, a sua competência e o seu trabalho. (…) O que é natural é que a sociedade ignore esta classe de pessoas e as abandone. Existirão como uma não-entidade, ninguém se preocupará com o que lhes acontece. Os seus membros roubarão, pedirão esmola e viverão na miséria como os seus irmãos na Índia». Terá sido a sementeira da filosofia da exclusão social: os pobres que se danem, nós não temos que nos preocupar com eles, podemos ignorá-los como se não existissem, não nos fazem falta nenhuma e só nos criam problemas (os bárbaros podem um dia invadir a cidade…). 5. A Grande Depressão atingiu duramente a Europa, já destroçada pela Primeira Guerra Mundial. Consequência dos conflitos de interesses entre as potências imperialistas europeias, a guerra veio agravar as contradições no seio do capitalismo, criando as condições para a vitória da Revolução de Outubro, em 1917, na Rússia semi-feudal. «as pessoas estão fartas dos pobres e dos desempregados. (…) Esta gente não conta para o bem-estar da população como um todo. São uma casta fora dos grupos que estão dentro do sistema económico. Elas não têm mercado para o seu único bem económico, a sua competência e o seu trabalho. (…) O que é natural é que a sociedade ignore esta classe de pessoas e as abandone. Existirão como uma não-entidade, ninguém se preocupará com o que lhes acontece. Os seus membros roubarão, pedirão esmola e viverão na miséria como os seus irmãos na Índia» presidente da Works progress administration Na Rússia e na Europa, quase toda a gente esperava que a revolução socialista eclodisse na Alemanha e em outros países industrializados, expectativa reforçada pela onda de entusiasmo revolucionário e de solidariedade activa com que as organizações operárias, em toda a Europa, receberam a revolução bolchevique. Apesar de terem falhado todas as tentativas revolucionárias ao longo de 1918, o primeiro-ministro inglês escrevia, em Março de 1919: «Toda a Europa está imbuída do espírito da Revolução. Existe um sentimento profundo não só de insatisfação mas também de raiva e indignação, entre os operários, em relação às condições existentes antes da guerra. Toda a ordem vigente, nos seus aspectos políticos, sociais e económicos, está a ser posta em causa pela massa da população, de um extremo ao outro da Europa». Também na Alemanha foi derrotado o movimento Espartaquista (derrota selada com o assassinato de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht). A correlação de forças evitou, porém, que a derrota do movimento revolucionário desse lugar a uma solução de tipo fascista, ao contrário do que aconteceu em vários outros países da Europa: o Império deu lugar à República de Weimar, que adoptou uma nova Constituição, com um programa político de matriz reformista (o compromisso que o capitalismo alemão teve de aceitar, naquelas circunstâncias históricas, compromisso que nunca teve o apoio dos comunistas alemães). A Primeira Guerra Mundial significou, para a Alemanha, a perda de 10% dos homens em idade activa e a diminuição da produção industrial em 39%. No início da década de 1920, a Alemanha sofreu as consequências da hiperinflação: milhões de pessoas da classe média perderam as suas poupanças e caíram em situações de miséria sem saída; os salários sofreram uma perda brutal de poder de compra, o mesmo acontecendo com os pensionistas e os pequenos investidores em operações com taxa de juro fixa (incluindo os que tinham subscrito títulos de dívida pública para financiar a guerra); a moeda deixou de funcionar, generalizando-se o fenómeno da fuga à moeda e o regresso à troca directa; a economia ficou fora de controlo. Não admira, por isso mesmo, que a crise geral do capitalismo se tenha feito sentir na Alemanha com extrema violência: o desemprego e a fome atingiram milhões de pessoas, o que gerou movimentos de greves e de protestos generalizados, que várias vezes configuraram situações de tipo pré-revolucionário. O país viveu uma verdadeira guerra civil, num pano de fundo em que os partidos da direita e o partido social-democrata (SPD) tudo fizeram para travar o passo à revolução. «Se o nazismo é filho de alguma política em especial, então a paternidade deve ser atribuída, em primeiro lugar, às políticas recessivas dos governos de iniciativa presidencial, nomeadamente o de Heinrich Brüning, aprovadas pelo silêncio dos socialistas do SPD. O resto foi obra do grande capital, que desde cedo apostou no Partido Nacional-Socialista para matar a revolução» Em Março de 1930, Hindenburg nomeou Heinrich Brüning como chanceler. A pretexto de combater a crise, o chanceler da fome iniciou uma guerra aberta contra o «estado sindical» e apostou em políticas contraccionistas: recusa da desvalorização do marco; redução dos salários dos funcionários públicos; asfixia dos direitos dos trabalhadores; reduções dos subsídios de desemprego e das despesas sociais. A crise agravou-se: em 1932, a produção industrial era apenas 60% da registada em 1929; a taxa de desemprego atingiu os 30% (cerca de 6 milhões de desempregados e muitos mais em situação de desemprego parcial, sendo que, dentre todos eles, apenas 1,8 milhões recebiam subsídios de desemprego). 6. O compromisso de Weimar traduziu o projecto reformista da social-democracia alemã, que apostava nas virtudes do «capitalismo organizado» para abrir caminho ao socialismo através da democratização da economia com base na co-gestão e defendia que a integração do proletariado no estado, através de eleições, era o caminho para concluir a revolução burguesa e iniciar o socialismo, actuando o estado como «alavanca para o socialismo». Só que o projecto reformista – no fundo, uma tentativa de salvar o capitalismo dentro das regras da democracia política – revelou-se incapaz de resolver os graves problemas levantados pela crise económica, social e política que marcou o período particularmente complexo e contraditório entre as duas guerras mundiais do século XX. O período dos gabinetes presidenciais terminou com a nomeação de Hitler como Chanceler e a consequente tomada do poder pelos nazis, com o apoio do grande capital alemão (da indústria e da banca) e dos grandes latifundiários. Em 27 de Fevereiro de 1933, os nazis incendiaram o Reichstag e imputaram esse crime aos comunistas. Na sequência de eleições gerais então realizadas, Hitler é nomeado chanceler em Março de 1933. A pretexto do incêndio do Reichstag, o partido nacional-socialista lançou uma política de violenta perseguição contra as organizações e os partidos operários (em especial o PC Alemão), uma política de classe violentamente anti-trabalhadores que marcou toda a governação nazi. Não podem esconder-se os efeitos nefastos da desorganização económica, social e moral gerada pela hiperinflação. Mas não creio que possa aceitar-se, sem mais, a tese que vê na hiperinflação a origem do nazismo. Se o nazismo é filho de alguma política em especial, então a paternidade deve ser atribuída, em primeiro lugar, às políticas recessivas dos governos de iniciativa presidencial, nomeadamente o de Heinrich Brüning, aprovadas pelo silêncio dos socialistas do SPD. O resto foi obra do grande capital, que desde cedo apostou no Partido Nacional-Socialista para matar a revolução. Em última instância, o nazi-fascismo representou a forma extrema da ditadura do grande capital monopolista, que não hesitou em recorrer à repressão e à guerra para pôr na ordem os inimigos internos e para conquistar aos inimigos externos o «espaço vital» indispensável à expansão imperialista. Esta a origem da Segunda Guerra Mundial, o segundo conflito mundial inter-imperialista do século XX, resultante das contradições e dos conflitos de interesses entre os capitalismos nacionais europeus. (continua)2 Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O processo de sindicalização de um local de trabalho ou de uma empresa exige, nos Estados Unidos da América, a realização de um referendo. O processo começa com a recolha de assinaturas de apoio ao referendo, seguido pelo reconhecimento dessas assinaturas pelo Conselho Nacional para as Relações Laborais (NLRB) e, por fim, a vitória, por maioria simples, na dita auscultação, em que participam todos os trabalhadores no local de trabalho. Durante muitos anos, as dificuldades levantadas por este longo processo, assim como a forte propaganda anti-sindical difundida pelos patrões, conseguiram limitar, em larga escala, a criação de sindicatos, principalmente em multinacionais com grande rotatividade de trabalhadores, como é o caso das empresas de fast-food. O aumento brutal de lucros e a completa estagnação salarial, a passo com os valores de inflação nos EUA (8,1% em Março de 2022, o maior valor dos últimos 41 anos), está a levar milhares de trabalhadores a reconsiderar o papel dos sindicatos no país. Campanhas semelhantes estão a alcançar bons resultados na Amazon, na Kellogg’s, ou na Green Dragon, uma importante empresa de produção de canábis. Há dois meses que centenas de trabalhadores da Kellogg's, nos EUA, estão em greve por um aumento significativo dos salários. Empresa tentou substituir 1400 grevistas mas um fórum online lançou o caos na contratação. A proposta de um parco aumento salarial foi liminarmente rejeitada pelos trabalhadores em greve. Muitos deles trabalham quase 80 horas por semana, sem folgas ao fim de semana e, ao contrário de muitos sectores, nunca deixaram de trabalhar durante a pandemia, assegurando os lucros da empresa. A greve arrancou no dia 5 de Outubro, nas fábricas de Michigan, Nebraska, Pennsylvania e Tennessee. A rejeição do aumento de 3%, praticamente insignificante para uma empresa que bateu recordes históricos de lucros este ano, ditou a decisão da Kellogg's em despedir cerca de 1400 trabalhadores, substituindo-os por quem aceite, em desespero, esta condição precária. Em 2015, a empresa criou um novo tipo de posto de trabalho «transitório»: basicamente, consiste em todas as funções de um posto de trabalho efectivo sem nenhum dos direitos dos trabalhadores dos quadros. O caminho para integrar os quadros nunca chegou a aparecer. A bancada republicana aprovou, na quarta-feira, uma proposta de alteração à lei do trabalho infantil na Assembleia Estadual do Wisconsin, alargando os horários de trabalho de menores com 14 ou mais anos. A labor shortage, a ausência de trabalhadores suficientes para ocupar os postos de trabalho disponíves, que os Estados Unidos da América atravessam, esconde uma outra realidade. É que um número muito elevado de trabalhadores se recusa a continuar a trabalhar com os salários de fome praticados. Pelo menos 2,2 milhões de americanos não voltaram aos seus trabalhos no sector da hospitalidade, uma perda de 12% da força de trabalho pré-pandemia. Milhões foram despedidos para reduzir os custos das empresas enquanto estas estavam confinadas, obrigando estes profissionais a viver de apoios estatais num período de enormes carências. Com a presente pandemia, ficou evidente que os dirigentes norte-americanos falharam em toda a linha na responsabilidade da segurança sanitária do seu povo. As administrações norte-americanas passaram, no confronto com a Rússia e a China a partir dos anos oitenta, a atribuir especial ênfase à crítica a invocadas violações dos direitos humanos nesses dois países. Intervenções de origens diversas têm-se concentrado de tal maneira que seria difícil não lhe chamar campanha orquestrada. E não lhe chamem teoria de conspiração porque a verdade está diante dos nossos olhos. Em matéria de direitos humanos, a Rússia e a China têm consagrado direitos reais mais substantivos que os EUA apregoam. As comparações estatísticas, com indicadores mensuráveis e internacionalmente aceites, são muito claras. Mais claras ainda são com as considerações, bem mais humanas, dos valores que presidem nesses países a tudo que é feito na economia e em todos os sectores de actividade. E ter eu reservas em relação a alguns aspectos das políticas desses dois países não contribui para desfocar estas considerações. Os EUA e seus «aliados» não se limitam a discutir ideias ou valores. Recorrem a bloqueios, sanções, ingerência nos assuntos internos de outros países e formação de quadros para agirem como factores de desestabilização, e à criação de grupos preparados para actos terroristas. Por estarmos neste longo período de combate contra a Covid-19, o sistema de saúde surge naturalmente como garantia de um dos mais importantes direitos humanos – o acesso a cuidados de saúde. No início do século XX, o presidente norte-americano Theodore Roosevelt tentou implementar um sistema de saúde assegurado pelo governo para todos os cidadãos, isto é, um sistema público. No entanto, foi derrotado por políticos dos dois principais partidos: Republicano e Democrata. Desde então, instituições privadas são responsáveis pelos convénios médicos. Outros, de «parcerias» público-privadas e hospitais públicos, são financiados pelo estado. Mas só podem aceder a eles quem tem um contrato com uma seguradora para lhe cobrir as despesas de saúde. Com a presente pandemia, ficou evidente que os dirigentes norte-americanos falharam em toda a linha na responsabilidade da segurança do seu povo, atingindo um desvaire completo com Trump, na sua ideologia e nas atitudes negacionistas, que gerou um desastre de grandes proporções de que é difícil recuperar, devido às muitas deficiências estruturais neste sector. Com os seus mais de 500 mil mortos, os EUA, com apenas 4% da população mundial, têm até agora 20% das mortes por COVID-19 de todo o mundo. A débil estrutura de saúde do país constitui há muito uma vergonha para os EUA. Mais de 27 milhões de pessoas não têm seguro nos EUA. Algumas optam por não ir ao hospital para não ter de pagar facturas de milhares. Se não aumentarem os apoios, aumentam os riscos de propagação da pandemia. À Radio Canada, um habitante do estado norte-americano do Minnesota afirma que nem sequer coloca a questão: mesmo no caso de ter Covid-19, sem seguro, prefere correr o risco e ficar em casa a ter de ir a um hospital. Ray Al Zubaydi, na casa dos vintes, estará sem cobertura até ao princípio de Abril. Para ajudar pessoas como ele a enfrentar a crise do coronavírus, o governo do estado do Minnesota criou um plano temporário acessível a todos durante um mês. À Radio Canada, Ray mostra-se prudente e diz que precisa de conhecer os detalhes, lembrando que, depois de se passar por um hospital nos EUA, as despesas «se podem acumular rapidamente». «Só ficamos a saber o valor da factura depois de sair», precisa. Recentemente, uma reportagem publicada na revista Time destacava que uma paciente sem seguro médico, infectada com Covid-19, foi confrontada com uma factura de quase 35 mil dólares, no estado de Massachusetts, depois de ter sido testada e tratada num hospital. É este tipo de cenário que assustou um trabalhador independente do Texas. À reportagem, disse estar seguro de ter tido a doença (febre, fadiga e grande dificuldade em respirar durante 20 dias). Contudo, sem seguro de saúde, nunca lhe passou pela cabeça fazer um teste – algo que, revela a fonte, é comum a outros norte-americanos com os quais entrou em contacto. Mesmo que Washington garanta a gratuitidade do teste, todos temem o valor das despesas médicas acessórias. «Isso assusta-nos, porque é uma dívida da qual a maior parte de nós não se conseguiria livrar», sublinhou uma residente na Califórnia, também sem seguro. «A menos que um médico o prescreva, não se pode fazer o teste à Covid-19», explica a californiana, acrescentando que «muita gente sem cobertura não pode pagar o acesso a uma médico». Esta realidade constitui um risco para o conjunto da população num contexto de pandemia, disse Stan Dorn, do Families USA, organismo que defende cuidados de saúde de qualidade com maior cobertura e mais acessíveis. O responsável alertou que os impactos económicos desta crise de saúde pública podem agravar os problemas associadas ao seguro médico, uma vez que, nos EUA, «quando as pessoas perdem o emprego, muitas vezes perdem o seguro» que lhe estava ligado. Em seu entender, as medidas da administração norte-americana não são suficientes, porque a multiplicação de despedimentos e a consequente perda do seguro de saúde podem contribuir para a propagação do vírus. «As doenças não são detectadas e espalham-se mais facilmente. A recessão agrava-se, aumenta a perda de postos de trabalho e a epidemia alastra», disse Stan Dorn à Radio Canada. Afirmou ainda que vai analisar o projecto de ajuda negociado pelo Congresso e que espera que os estados aumentem o acesso ao Medicaid, um seguro acessível a pessoas com menos recursos. «A história não é totalmente sombria; há uma parte do problema que nós podemos controlar», disse. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os EUA são o país mais rico do mundo, mas têm um sistema de saúde péssimo que prejudica a população diariamente e que se repercute numa crise como esta. O sistema de saúde norte-americano verga os pobres, com dívidas acrescidas por medicamentos. Até uma coisa tão simples como uma injecção de insulina custa 275 dólares (cerca de 234 euros), quando o doente não tem seguro médico. Ora cerca de 46 milhões de americanos (maiores que 18 anos) não têm esse seguro (cerca de 15%), não tendo acesso a assistência médica quando adoecem. Restam de acesso gratuito o Medicaid, que atende alguns tipos de pobres, de aplicação estadual, e o Medicare, a nível federal que dá cobertura aos idosos carentes. Apesar do descalabro, os dirigentes norte-americanos continuam a defender que o mercado livre resolverá tudo quando tudo o que ele de facto criou foram empresas de saúde altamente lucrativas e um público doente. É sem duvida, o país do mundo que mais gasta em saúde, com 15% do seu PIB, o que equivale a 6 mil dólares por habitante/ano. Apesar da OMS colocar os EUA abaixo do quadragésimo lugar entre os países do mundo. Além disso, os consumidores dos planos de saúde com frequência são vítimas de atitudes reprováveis por parte das companhias de seguro. Negar tratamento alegando condições pré-existentes, cobrar taxas extras para alguns procedimentos (uma mamografia, por exemplo). Ou negar o direito de acesso ao plano pela existência de um factor de risco para uma determinada doença. Todo o ambiente mediático estimula sentimentos não estatais da sociedade americana. «A assistência médica ficaria igual à dos países comunistas e vocês deixavam de poder escolher o vosso médico» faz parte das lengalengas que também conhecemos em Portugal… Nos Estados Unidos o sistema é um dos mais privatizados do mundo. A saúde não constitui um direito universal e gratuito, como na nossa Constituição. Somente aqueles considerados «incapazes de competir no mercado», como os muito pobres, inabilitados e os idosos que não conseguiram poupar ao longo da vida, e os aposentados são objecto de acções específicas dos programas Medicaid e o Medicare, com referimos atrás. A população inserida no mercado formal de trabalho tem acesso a sistemas de seguro privado contratado pelas empresas. Por tudo isso, embora ofereça a maior percentagem do PIB em saúde e nela tenha o maior gasto per capita, os EUA executam apenas 44,6% dos seus gastos em saúde directamente pelo sector público, enquanto a média observada por outros países do mundo desenvolvido, como Reino Unido e França, por exemplo, é de 74% dessas despesas. O resultado é a maior taxa de mortalidade infantil (6,37 por mil) entre os países desenvolvidos, enquanto em Portugal é 3,3, é de 5,0 no Reino Unido, 4,6 no Canadá e 3,4 na França. Os EUA apresentam ainda a menor média de expectativa de vida ao nascer: 77,2 anos (em Portugal é 80,9, no Canadá 79,2, na França é 78,5, no Reino Unido é 77,1 anos). O sistema judicial dos EUA tem a maior taxa de encarceramento do mundo, mais de 700 pessoas por 100.000 habitantes. Isto é várias vezes a taxa de pessoas encarceradas em qualquer outro país. Os negros e hispânicos, que são cerca de 30% da população masculina americana, representam 60% dos presidiários. Esta discrepância é o indicador principal do racismo sistémico que permeia o sistema de justiça dos EUA, ponto de partida para muito trabalho sociológico. Antes da legislação «endurecer o crime» aprovada nos níveis federal e estadual nas décadas de 1970 e 1980, as taxas de encarceramento nos EUA não eram muito diferentes das de qualquer outro país – cerca de 100 por 100.000. Foi a histeria racista em torno do uso epidémico de «crack» em comunidades minoritárias, muitas vezes estimulado pela própria polícia, que desencadeou a «guerra às drogas» e a escalada do número de pessoas, principalmente de minorias, condenadas e enviadas para a prisão. O efeito da «guerra às drogas» nas comunidades minoritárias foi a criminalização de amplos sectores da sua juventude, resultando no seu encarceramento em massa e na sua estigmatização ao longo da vida. Em vez de oferecer às minorias oportunidades de emprego, saúde adequada e educação, elas receberam pena de prisão. Em Coffeyville, EUA, doentes com dívidas às seguradoras são obrigados a comparecer em tribunal a cada três meses. Se faltarem a duas audiências seguidas, vão parar à prisão, com uma fiança de 500 dólares. O condado rural de Coffeyville, no estado norte-americano do Kansas, apresenta uma taxa de pobreza duas vezes superior à média nacional. É aqui que o juiz David Casement preside a casos de pessoas com dívidas médicas e que são levadas a tribunal para enfrentar as seguradoras de saúde às quais «devem dinheiro». Nas audiências, os endividados são sujeitos a um «exame de devedores» em que têm de provar a sua pobreza. O que se passa no condado de Coffeyville foi abordado de forma detalhada numa reportagem publicada em Outubro do ano passado pela ProPublica. Recentemente, a CBS News abordou também a situação de norte-americanos que estão a ir parar à cadeia em Coffeyville, centrando-se no caso da família Biggs, uma vez que Tres Biggs foi um dos cidadãos que acabaram por receber ordem de prisão do juiz Casement. Ao filho, de cinco anos, foi diagnosticada leucemia e a sua mulher, Heather Biggs, sofre ataques relacionados com a doença de Lyme. «Tivemos tantos, múltiplos problemas de saúde na nossa família ao mesmo tempo que entrámos num parêntesis que fez com que o seguro de saúde se tornasse incomportável», disse Heather em entrevista à CBS News. «Não fazia sentido. Tínhamos de não ter comido, de não ter tido uma casa», acrescentou, referindo-se à impossibilidade de pagamento do seguro. Apesar de o marido ter dois empregos, a família não conseguiu pagar as dívidas de saúde e, quando Tres Biggs não apareceu em tribunal, recebeu ordem de prisão. Impuseram-lhe o pagamento de uma fiança de 500 dólares, mas, na altura da detenção, a família tinha acesso «a 50 ou 100 dólares». Em Coffeyville, Kansas, advogados como Michael Hassenplug tiveram êxito a desenvolver práticas legais de representação de empresas de saúde, para «cobrar o que os habitantes lhes devem», indica a CBS News. «Estou só a fazer o meu trabalho», disse Hassenplug. «Eles querem o dinheiro cobrado e eu estou a tentar fazer o meu trabalho o melhor que posso, dentro da lei». A política que vigora em Coffeyville foi posta em prática por recomendação de Hassenplug ao juiz local. Tal política permite ao advogado solicitar ao tribunal que exija a comparência, a cada três meses, de pessoas com «contas médicas por pagar», para que ali provem que são demasiado pobres para pagar as despesas, no âmbito daquilo que se chama um «exame de devedores». O juiz decreta uma ordem de prisão se os intimados falharem duas audiências, por «desrespeito pelo tribunal». A fiança a pagar é de 500 dólares. Hassenplug disse à CBS News que «recebe sobre aquilo que é cobrado». Também recebe uma parte da fiança. Na maior parte dos tribunais, o valor da fiança é devolvido aos acusados quando estes aparecem em tribunal. Mas, segundo refere a CBS News, isso não se passa em Coffeyville, onde esse dinheiro serve para pagar a advogados como Hassenplug e as dívidas que os seus clientes reclamam. «Isto levanta sérias preocupações a nível constitucional», disse Nusrat Choudhury, vice-directora da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), que denunciou a situação como uma «extorsão» e uma «criminalização da dívida privada». E nem sequer se referiu ao direito de qualquer ser humano à saúde e à saúde como um direito humano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Muitos acusados de um crime são mantidos na prisão por longos períodos antes do julgamento, pois não podem pagar a fiança. Além disso, muitas pessoas recebem sentenças de prisão prolongadas por crimes menores. Há muitos casos de presidiários cumprindo sentenças de décadas ou até prisão perpétua meramente por furto em lojas. Muitas prisões dos EUA foram privatizadas, incentivando o armazenamento de prisioneiros para o lucro. Os prisioneiros são colocados em confinamento solitário por longos períodos de tempo mesmo para as menores infracções. Em cada momento, existem aproximadamente 80 mil presidiários submetidos ao confinamento solitário. O trabalho forçado também é muito comum nas prisões americanas, nas quais os presidiários não são tratados melhor do que os escravos. Na verdade, a 13.ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos permite a prática da escravidão nas instituições penais dos Estados Unidos. Uma vez libertados da prisão, os presidiários terão extrema dificuldade em encontrar emprego, moradia, saúde ou acesso à educação, pois não se qualificam mais para receber assistência. Isso leva a altas taxas de reincidência. O resultado é o desmembramento de comunidades e famílias e uma queda na pobreza e no crime. Por causa da destruição dos laços comunitários e familiares provocada pelo encarceramento em massa, as mães solteiras se tornaram a norma entre as pessoas de cor e milhões de crianças foram colocadas em um orfanato. O sistema judicial dos EUA perpetua o alto grau de desigualdade racial e étnica na sociedade dos EUA e tem efeitos particularmente devastadores nas comunidades de cor. O encarceramento em massa de pessoas de cor leva à destruição de comunidades e famílias. O afunilamento dos pobres, principalmente das minorias, para as prisões privatizadas com fins lucrativos já foi chamado «Complexo Industrial Prisional» e o grande número de jovens carentes na prisão foi chamado «Canal da Escola para a Prisão». Milhões de vidas foram destruídas pelas iniquidades no sistema judicial dos EUA, que se agravam ao privar aqueles que foram libertados da prisão, de empregos, moradia, saúde e educação necessários para viver uma vida segura e produtiva. Mas os EUA entendem que são os campos de reeducação noutros países – com formação profissional, para uma reinserção profissional que combata o crime e dignifique o valor social nessas saídas profissionais – os violadores de direitos humanos!... O sistema judicial e penal corrupto dos EUA e a política de encarceramento em massa resultam em graves violações dos direitos humanos que devem ser condenadas por todas as pessoas que amam a justiça. Um outro caso de estudo, entretanto já estudado por muitos investigadores sociais, foi como o sistema político não representa há muito a opinião dos eleitores, não satisfaz protestos e que até espalhou urbi et orbi as cenas do assalto ao Capitólio, expressão do «caos democrático», como lhe chamaram alguns. O sistema eleitoral para a formação dos órgãos de soberania não é democrático, torna sistemático o afastamento de diferentes candidaturas, apurando apenas dois dos candidatos. Todas as outras pessoas e candidaturas não contribuem para esse apuramento. Os eleitores ou optam pela abstenção ou voto nulo ou aceitam essa bipolarização institucionalizada. E como a bipolarização não permite vislumbrar as diferenças entre republicanos e democratas, a representação de boa parte dos cidadãos gorou-se, e ficou como marginal a todo o processo eleitoral. Trump não correspondeu apenas aos interesses de grandes grupos económicos dos EUA. Criou uma vaga de fundo dos que combatiam o sistema para fazer passar pela sua pessoa e pelo seu carisma a resolução dos problemas. Este é o populismo que também o levou a conceber e estimular o assalto ao Capitólio. O que se passa com a América é isto. Que mais poderá acontecer? Biden já demonstrou não ter pernas para as necessárias pedaladas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Muitas empresas, que despediram os seus trabalhadores para limitar os custos, encontram-se agora com grandes dificuldades em encontrar quem queira trabalhar para elas, mesmo com ligeiros aumentos salariais. Cerca de 60% daqueles que procuram, actualmente, trabalho, recusam-se a aceitar uma vaga no sector. As principais razões, identificadas numa sondagem do site de emprego Joblist, são os baixos salários, a inexistência de benefícios (tais como um seguro de saúde) e a falta de flexibilidade horária. No mês de Agosto, cerca de 2,9% de toda a força de trabalho demitiu-se nos EUA, um valor recorde, em alguns estados esse número chega aos 5%. Com cerca de três vagas de emprego disponíveis por cada desempregado, várias empresas viram-se forçadas a aumentar os seus míseros salários para continuarem de portas abertas. De acordo com a bancada republicana, durante a apresentação do documento, «há uma enorme procura, em empresas do nosso estado, durante o período turístico de Verão, tanta que às vezes pode ser difícil encontrar trabalhadores para fazer trabalho sazonal e laborar com horários desregulados». Relatório da OIT e da UNICEF estima que, entre 2016 e 2020, tenha aumentado em 8,4 milhões o número de crianças vítimas de exploração laboral no mundo. No Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, que se celebra hoje, 12 de Junho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a UNICEF alertam no estudo «Trabalho Infantil: estimativas globais 2020, tendências e o caminho a seguir» para a estagnação dos progressos na luta pela erradicação deste flagelo, pela primeira vez desde 2000. Entre 2000 e 2016, tinha-se registado uma diminuição significativa do número de crianças nesta condição (94 milhões), tendência que é agora invertida, atingindo um total global de 160 milhões de crianças em todo o mundo. Só «o sector da agricultura representa 70% das crianças em trabalho infantil (112 milhões) seguido por 20% nos serviços (31,4 milhões) e 10% na indústria (16,5 milhões)». Segundo o comunicado da OIT, «o relatório evidencia um aumento significativo do número de crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos em situação de trabalho infantil, que representa agora pouco mais de metade do número total global. O número de crianças dos 5 aos 17 anos de idade em trabalhos perigosos – definidos como trabalhos susceptíveis de prejudicar a sua saúde, segurança ou moral – aumentou em 6,5 milhões, desde 2016, atingindo os 79 milhões». «O crescimento demográfico, as crises recorrentes, a pobreza extrema e medidas inadequadas de protecção social» são as principais razões apontadas, no documento, para o aumento exponencial do número de crianças em situação de exploração do trabalho infantil, que se têm agravado em muitas zonas do globo e com particular violência na zona da África Subsaariana. O trabalho infantil diminuiu 38% na última década, mas 152 milhões de crianças continuam a ser afectadas. A pandemia da Covid-19 agravou consideravelmente a situação. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, para encorajar acções legislativas e práticas para erradicar o trabalho infantil em todo o mundo. Em comunicado, a organização informa que o ano internacional foi aprovado por unanimidade numa resolução da Assembleia Geral da ONU em 2019. Um dos principais objectivos desta iniciativa é o de incentivar os governos a fazer todos os esforços necessários para atingir a Meta 8.7 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Nos últimos 20 anos, quase 100 milhões de crianças foram afastadas do trabalho infantil, reduzindo os números de 246 milhões em 2000 para 152 milhões em 2016, refere a organização. No entanto, acrescenta que os progressos entre regiões são desequilibrados. Quase metade do trabalho infantil acontece em África (72 milhões de crianças), seguida da Ásia e do Pacífico (62 milhões). Só na agricultura trabalham cerca de 70% das crianças, principalmente na agricultura de subsistência e comercial, mas também no pastoreio. Quase metade de todas estas crianças trabalham em profissões ou situações consideradas perigosas para a sua saúde e vida, sublinha a nota. Por sua vez, a crise da Covid-19 «trouxe mais pobreza a estas populações já vulneráveis» e pode inverter anos de progresso na luta contra o trabalho infantil, afirma a OIT, alertando para o facto de o encerramento de escolas ter agravado a situação e de muitos milhões de crianças estarem a trabalhar para contribuir para o rendimento familiar. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A OIT sinaliza ainda para o perigo do agravar das consequências sociais e económicas resultantes da pandemia, «mesmo em regiões onde se têm registado alguns progressos desde 2016, em particular Ásia e Pacífico, e América Latina e Caraíbas». E acrescenta que o número de crianças em risco «pode aumentar para 46 milhões se não tiverem acesso a uma cobertura crítica de protecção social». Entre as medidas propostas pela OIT e pela UNICEF para combater a situação actual, sublinha-se «a promoção do trabalho digno para as pessoas adultas»; «um aumento das despesas com educação de qualidade e com o regresso de todas as crianças à escola» e o «investimento em sistemas de protecção infantil, desenvolvimento agrícola, serviços públicos em meio rural, infraestruturas e meios de subsistência». A Confederação Nacional de Combate ao Trabalho Infantil (CNASTI) denunciou a existência de situações de trabalho infantil em Portugal, ainda bastante significativas, embora residuais quando comparadas com os números existentes na década 1980, em que foram sinalizadas centenas de milhar de ocorrências. A par destas, têm também aumentado recentemente os casos de tráfico e exploração sexual de menores. Em comunicado hoje divulgado, a CNASTI alerta «para as novas formas de exploração infantil, nomeadamente para o desporto de alta de competição, moda, trabalho artístico, tecnológico/plataformas de jogos, etc., considerando o desgaste extremo da situação física e emocional a que as crianças são expostas, para as quais não há fiscalização, nem rigor na aplicação das leis aplicáveis». A confederação defende que, para a resolução do problema em Portugal, é indispensável a instituição de políticas de tolerância zero para «as empresas que, usando as diferentes leis dos países em que estão, engrossam os seus lucros à custa da exploração desenfreada das crianças e do trabalho infantil, sonegando-lhes a infância, a saúde e uma vida com humanidade». Os últimos dados oficiais sobre a realidade portuguesa remontam a 2001, quando foram assinaladas 46 717 crianças, menores de 16 anos, a exercer actividades económicas, 28 228 das quais em situação de exploração de trabalho infantil. Destas, 14 008 exerciam tarefas perigosas. A CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa aprovou no passado dia 30 de Março um plano de acção para o «Combate ao Trabalho Infantil nos Estados-membros da CPLP» que tem como objectivo aprofundar o ainda fraco conhecimento sobre esta realidade nos países de língua portuguesa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A solução encontrada, ao contrário do que se podia esperar (um aumento geral dos salários, que em média estão abaixo do limiar da pobreza), é aumentar os horários nos quais jovens de 14 e 15 anos podem laborar, é aumentar os horários nas actividades em que jovens de 14 e 15 anos podem laborar, usando crianças. Jovens a partir dos 14 anos podem, agora, trabalhar três horas, entre as 6h da manhã e as 21h30 (se no dia seguinte tiverem aulas), e oito horas, entre as 6h e as 23h, aos fins-de-semana. Os trabalhadores menores de idade estão «limitados» a trabalhar um máximo de seis dias por semana. A medida teve a pronta oposição dos sindicatos, que lamentaram a continuada «política de eliminação das leis de protecção do trabalho infantil». Independentemente de só se aplicar a alguns milhares de jovens no estado do Wisconsin, «será sempre uma criança a mais». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Não foram só os baixos salários que motivaram a decisão de fazer greve. Os contratos de vários trabalhadores estão prestes a chegar ao fim, sem renovação. O objectivo da empresa era voltar a integrar estas pessoas como «transitórias», com um menor salário, menos descontos para a reforma, sem seguro de saúde, sem direito a baixa médica. Ao Guardian, um trabalhador da fábrica de Michigan, Trevor Bidelman, descreveu a situação exploratória em que se encontram os trabalhadores: «Trabalhamos sete dias por semana, às vezes 100 a 130 dias sem parar. Já as máquinas funcionam durante 28 dias, parando três para limpeza. Tratam melhor a maquinaria do que nos tratam a nós». O site que a Kellogg's criou especificamente para recolher as candidaturas para os 1400 postos de trabalho não tardou a receber os primeiros pretendentes. Hora após hora, milhões de formulários foram preenchidos, chegando mais a todo o momento, entupindo os recursos humanos da empresa. Infelizmente, para a Kellogg's, praticamente todas são falsas. Uma comunidade chamada Anti-Work (Anti-trabalho), que se encontra no site Reddit, agregando mais de 1,4 milhões de utilizadores, organizou uma campanha para preencher e enviar milhões de formulários falsos, impedindo a empresa de substituir os trabalhadores grevistas, em solidariedade com a sua luta. Os servidores do site da Kellogg's não conseguiram acompanhar o número de candidaturas e estiveram, durante largas horas, indisponíveis. O volume de formulários enviados vai tornar quase impossível que a empresa consiga distinguir qualquer candidatura genuína que haja entre elas. A comunidade junta milhares de trabalhadores de todo o mundo, com o propósito de partilhar a sua situação laboral e da defesa do direito de um mundo livre da exploração. Mais recentemente, a comunidade ganhou um novo alento com a onda de despedimentos nos EUA, com a partilha de milhares de histórias de trabalhadores que se despediram de trabalhos precários, que afrontavam a sua dignidade. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «A empresa [Starbucks] diz que os parceiros [eufemismo para trabalhadores] vêm em primeiro, mas põe sempre os interesses dos accionistas à frente de tudo o resto», denuncia o SWU: a sindicalização é a melhor maneira de garantir que «as nossas vozes são ouvidas, e que, quando o são, temos um poder equivalente para influenciar mudanças» favoráveis aos trabalhadores. Com cerca de 200 referendos agendados, e 30 realizados, poucos parecem acreditar na capacidade da empresa em travar a onda sindicalizadora. Nas eleições de 22 de Abril, mais duas vitórias: uma no estado do Vírginia, com um resultado esmagador de 30 votos a favor e apenas dois contra, e outra, a primeira vitória no estado do Colorado, na cidade de Louisville. A empresa nega qualquer prática de intimidação aos seus trabalhadores que tentam aderir ao sindicato, mas as queixas feitas junto do NLRB, anunciadas ontem, deram provimento a um processo contra a Starbucks por despedimento de três trabalhadores. As denúncias do SWU não ficam por aí: para além do despedimento de trabalhadores envolvidos na recolha de assinaturas, muitos viram as suas horas de trabalho drasticamente reduzidas, para evitar o contacto com outros funcionários. Numa nota enviada a clientes, Peter Saleh, especialista da empresa de serviços financeiros e investimento BTIG, alertou que o maior risco que a Starbucks corre nos dias de hoje é a «deterioração da percepção pública da marca, se o seu combate contra a sindicalização continuar», expondo a hipocrisia de uma empresa frequentemente considerada «progressista» em termos sociais. A teoria da política identitária que o Livre subscreve fecha cada opressão numa cofragem identitária, e, portanto, abstracta, sem vasos comunicantes, representações por procuração ou solidariedades. Escrever é arranjar problemas. Antecipando os nomes que algumas pessoas me vão chamar (sectário, racista, homem hétero cis branco, etc. mas sejam imaginativos) quero começar com uma nota prévia: estou solidário com Joacine Katar Moreira, vítima de uma infame campanha de ódio racista; repudio os grunhos dos imbecis que a acusam de fingir a gaguez; não ponho em causa a total legitimidade do seu mandato como deputada e fico genuinamente feliz por ver mais mulheres negras no parlamento. O meu problema não é com a Joacine, nem com a sua gaguez nem, muito menos, com a cor da sua pele ou a sua nacionalidade. O meu problema é com o Livre e é estritamente político. A vida política de Rui Tavares resumia-se, até há um mês, a uma aborrecida sucessão de falhanços oportunistas: do anarquismo life style a deputado europeu do BE quando estava na moda ser do BE; do híper-europeísmo muito a piscar o olho ao PS ao comentário político de académico anti-séptico. Mas, como aqueles empresários que antes de chegar ao sucesso tiveram de levar seis empresas à falência, Rui Tavares foi capaz de olhar para o estrangeiro e perceber que, em 2019, o investimento demagogicamente mais rentável não é o anarquismo, nem a União Europeia, nem a esquerda nem a direita, nem qualquer ideologia. Nos anos vinte deste século, deduziu Tavares, as oportunidades gravitarão em torno de dois novos pólos políticos: o «populismo» e o «identitarismo». «estou solidário com Joacine Katar Moreira, vítima de uma infame campanha de ódio racista; repudio os grunhos dos imbecis que a acusam de fingir a gaguez; não ponho em causa a total legitimidade do seu mandato como deputada e fico genuinamente feliz por ver mais mulheres negras no parlamento. O meu problema não é com a Joacine, nem com a sua gaguez nem, muito menos, com a cor da sua pele ou a sua nacionalidade. O meu problema é com o Livre e é estritamente político» A aposta do barão trepador rendeu finalmente dividendos políticos. A deputada do Livre monopolizou com estrépito mediático todo o debate político em torno de «causas fracturantes» como a sua aflitiva gaguez, a saia do seu assessor, Rafael Esteves Martins, ou uma bandeira guineense a ondear num comício. Pode-se dizer que a culpa é dos esqueletos que tínhamos no armário, mas a reencarnação identitária do Livre não foge aos encargos da agenda identitária: transforma a saia no pretexto para uma entrevista no programa do Goucha; transforma a gaguez real numa performance mediática que dispensa ajudas e desperta ódios e paixões e transforma a sua representação num fim em si mesmo, pelo que dispensa ideologias e propostas políticas. A política de Joacine é a identidade de Joacine. Em entrevista ao Expresso, a Joacine Katar Moreira era ainda mais clara: «Represento as mulheres negras, os homens negros, as mulheres em situações de empobrecimento, os homens em situações de empobrecimento, os investigadores com uma vida instável». Ou seja, Joacine está convencida de que tem um mandato para representar não só as pessoas que votaram nela, mas, por condão da sua identidade, todos aqueles que são como ela: negros, gagos, investigadores, etc. Independentemente do que proponha e vote no parlamento ser indiferente ou mesmo contrário aos interesses destas pessoas. Os afro-americanos têm, há muito tempo uma expressão muito feliz: «black faces in high places», qualquer coisa como «rostos negros em lugares importantes». Nunca, nos EUA, houve tantos políticos negros a ocupar cargos públicos. Apesar do recorde histórico, estes políticos negros são politicamente indistinguíveis dos políticos brancos. No Congresso dos EUA contam-se, entre democratas e republicanos, 43 eleitos afro-americanos, o maior número de sempre e que tem vindo a subir de eleição para eleição. O problema é que esta tendência não correspondeu a qualquer alteração qualitativa no combate ao racismo. Olhemos para o exemplo de Baltimore, onde homens e mulheres negras controlam praticamente todo o aparelho político da cidade, incluindo o executivo da autarquia, a presidência, a assembleia municipal, a polícia, o sistema escolar e os transportes públicos. Apesar de tantos rostos negros em posições importantes, a violência racista continua a ser o dia-a-dia de milhares de negros, que também continuam a ser mais pobres, a ter menos acesso à educação e a viver em bairros mais degradados. «a reencarnação identitária do Livre não foge aos encargos da agenda identitária: transforma a saia no pretexto para uma entrevista no programa do Goucha; transforma a gaguez real numa performance mediática que dispensa ajudas e desperta ódios e paixões e transforma a sua representação num fim em si mesmo, pelo que dispensa ideologias e propostas políticas. A política de Joacine é a identidade de Joacine» Quando, em Filadélfia, dois polícias prenderam um homem negro por estar a beber um café no Starbucks, o chefe da polícia, também negro, defendeu a acção dos racistas. E quando, num restaurante de Warsaw, na Carolina do Norte, uma criança negra foi espancada e quase sufocada até à morte por um polícia, o presidente da câmara, também negro, defendeu a brutalidade policial. Os EUA tiveram um presidente negro, um marco histórico de inegável valor simbólico que, para além do simbolismo, não beliscou o racismo institucional, sistémico e estrutural. Então, afinal, por que razão os criminosos de guerra Colin Powell e Condoleezza Rice não se preocupavam com o racismo? Por que razão a neoliberal Margaret Thatcher não se preocupava com os direitos das mulheres? Por que razão o fascista Milo Yiannopoulos, homossexual assumido, não se preocupa com direitos LGBT? A teoria da política identitária que o Livre subscreve fecha cada opressão numa cofragem identitária, e, portanto, abstracta, sem vasos comunicantes, representações por procuração ou solidariedades. Para os identitários, por exemplo, a luta «de todas mulheres» exclui «todos os homens» porque «todos os homens» têm interesse em continuar a oprimir as mulheres. Por esta lógica, os homens nunca estarão do lado das mulheres porque quererão sempre que elas continuem a desempenhar mais trabalho doméstico, por exemplo. Da mesma forma, «todos os negros» estariam condenados a lutar sozinhos contra o racismo porque «todos os brancos» beneficiam dessa opressão e só um homossexual poderia representar a causa LGBT porque «todos os heterossexuais» tiram partido dessa discriminação. Para os identitários, a raiz do problema não é a infra-estrutura capitalista, mas a infra-estrutura dos homens brancos heterossexuais, pelo que a solução do problema passa necessariamente pelo reforço da representação das mulheres, dos negros, dos gays ou das pessoas com deficiência nos concelhos de administração dos bancos, nos exércitos imperialistas e nos partidos de direita. «Nunca, nos EUA, houve tantos políticos negros a ocupar cargos públicos. Apesar do recorde histórico, estes políticos negros são politicamente indistinguíveis dos políticos brancos. No Congresso dos EUA contam-se, entre democratas e republicanos, 43 eleitos afro-americanos, o maior número de sempre e que tem vindo a subir de eleição para eleição. O problema é que esta tendência não correspondeu a qualquer alteração qualitativa no combate ao racismo» O resultado é a atomização absoluta das identidades e das causas: cada um de nós teria de escolher se vota no partido do anti-racismo ou no partido dos reformados; se adere ao partido dos gays, das mulheres ou ao partido dos trabalhadores; se luta pelos animais ou pelo serviço nacional de saúde. Consequentemente, cada um de nós estaria impedido, por «lugar de fala», a pronunciar-se acerca de todas as outras lutas, atiçando uns oprimidos de um tipo contra oprimidos de outro tipo, numa competição em que só ganham os poderosos. Nos EUA, por exemplo, tornaram-se comuns discussões caricatas sobre «quem é mais privilegiado»: uma mulher branca ou um homem negro? Uma mulher muçulmana e negra ou uma mulher branca com deficiência e pobre? Se é verdade que, historicamente, todas as libertações foram obra da luta dos oprimidos, essa opressão só pode ser definida rigorosamente a partir dos interesses dos oprimidos e não a partir de identidades abstractas. Ao contrário do que dizem os identitários, a exploração dos imigrantes só serve para baixar os salários de todos os trabalhadores; a discriminação salarial das mulheres exerce uma pressão descendente sobre o salário dos homens e o racismo e a homofobia são usados para dividir pessoas que comungam dos mesmos interesses. Estes interesses atravessam as identidades ao longo da História: a luta das mulheres ao longo dos últimos duzentos anos fez-se com a solidariedade de muitos homens; a luta dos negros contra o colonialismo fez-se com a ajuda de soviéticos brancos. A universalidade da luta de classes ecoa em todas as lutas: transsexuais, homossexuais, ciganos, negros, brancos, mulheres, pessoas com deficiência, imigrantes. É esse o apelo e a utilidade do comunismo enquanto poderosa união de todos os explorados contra todas as opressões. É por isso também que uma trabalhadora das limpezas negra tem mais em comum com uma colega branca do que com Joacine Katar Moreira, que acha que quem escreve a história são as «elites empáticas e inteligentes». Não o povo, não os oprimidos, não os explorados, mas as «elites», que o dicionário define como a «minoria social que se considera prestigiosa e que por isso detém algum poder e influência». As «elites» de Joacine, quer sejam brancas ou negras, não têm interesse material no derrube das estruturas racistas; da mesma forma que as mulheres que exploram outras mulheres não têm interesse material na igualdade salarial. «Para os identitários, a raiz do problema não é a infra-estrutura capitalista, mas a infra-estrutura dos homens brancos heterossexuais, pelo que a solução do problema passa necessariamente pelo reforço da representação das mulheres, dos negros, dos gays ou das pessoas com deficiência nos concelhos de administração dos bancos, nos exércitos imperialistas e nos partidos de direita» Caras negras em lugares importantes podem servir apenas para desviar a discussão sobre o racismo estrutural, institucional e histórico, para uma questão de símbolos e elites. O sistema capitalista é capaz de absorver mulheres, gays e negros para as tais «elites» por que suspira Joacine sem que nada de essencial se altere. Na verdade, para os opressores pode até ser politicamente conveniente ter oprimidos a representá-los. Essa é a realidade da identidade de Joacine: ela representa as elites e assume-o. Foi nos bairros dos ricos (Lapa, Campo de Ourique, Paço de Arcos, Cascais) que Joacine somou mais votos, não foi nos bairros dos negros pobres; e foram também os académicos, os intelectuais, os professores, as elites, que em sua defesa fizeram um abaixo-assinado em que não entram pés-rapados. Da mesma forma, Rafael Esteves Martins, o assessor de Joacine e do Goucha, hoje diz que os conceitos de esquerda e direita estão ultrapassados. O que não está ultrapassado é o conceito de «negro» e de «branco», suponho. Conciliar explorados com exploradores, dividindo os explorados; eis é a velha consigna do capitalismo, da direita e da reacção. E é por isso que todos os dias são 25 de Novembro na «agenda identitária» do Livre. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Caiu a máscara. Desde o início do ano, o valor das acções da empresa não parou de descer, dos 117 dólares em 31 de Dezembro de 2021 para os actuais 78. As perdas aceleraram com o anúncio dos primeiros resultados do referendo, mais de 12%, representando perdas de muitos milhares de milhões no valor de mercado da Starbucks. Um grupo de investidores, o Trillium Asset Management, que detém mais de mil milhões de dólares, exigiu publicamente que a empresa, e o seu CEO Howard Schultz, adopte uma atitude neutral em relação às questões laborais. Numa reunião privada com gerentes de lojas dos EUA, que foi divulgada nas redes, Schultz refere-se aos sindicatos como «forças externas que querem ditar e perturbar quem somos como empresa». Graças ao exemplo dado pelas lojas agora sindicalizadas, e a adesão massiva dos colegas, é esperado que centenas de outras lojas iniciem os seus próprios processos de sindicalização nos próximos meses, ignorando as pressões da administração. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
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«Exortamos que modifiquem a vossa abordagem», diz a carta, assinada por Warren, Bush, os senadores Bernie Sanders e Cory Booker, e a deputada Alexandria Ocasio-Cortez. «Se estão preocupados com o facto dos trabalhadores discutirem temas como "casa de banho”, "trabalho escravo” ou condições de trabalho exploratórias em geral, a resposta não é interferir com a capacidade de comunicação dos seus trabalhadores, mas sim melhorar o seu tratamento dos trabalhadores».
Dirigida a Andy Jassy, o presidente e CEO da Amazon, a carta levanta preocupações de que a empresa possa ter violado a lei laboral federal, que protege as comunicações dos trabalhadores em matéria de organização do trabalho.
«O cumprimento pela Amazon das leis laborais federais é um assunto importante de preocupação pública, especialmente dado o estatuto da empresa como uma das maiores empresas retalhistas do país», afirma a carta.
A lei laboral federal exige que os empregadores reportem despesas em actividades que interferem com os direitos dos trabalhadores ao abrigo da Lei Nacional das Relações Laborais, e, a carta observa, a Amazon não reportou quaisquer despesas deste tipo em relação à aplicação. A carta também pede à Amazon que revele quaisquer despesas relacionadas com o planeamento, concepção, desenho, utilização, implantação e implementação desse aplicativo.»
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