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Nem só de banhos se faz o Algarve: luta regional a 7 de Agosto

O modelo económico monosectorial implementado na região provoca custos «elevados na habitação, a falta de transportes e o entupimento do SNS nos períodos de verão». Paralisações e protestos convocados para o Algarve no dia 7.

Praia de Quarteira, Loulé
CréditosRicardo Nascimento / Agência Lusa

O Algarve está entregue à monocultura do Turismo, resultado do desmantelamento da sua indústria produtiva ao longo das últimas décadas: o encerramento da fábrica da Corticeira Amorim em Silves, no final do mês de Junho, fechou um capítulo de mais de 180 anos de presença do sector da cortiça neste concelho algarvio. Outro caso paradigmático é o quase desaparecimento da indústria conserveira nas cidades de Vila Real de Santo António, Olhão, Lagos e Portimão (das 200 fábricas existentes na década de 40, sobreviviam 3 em 2000, empregando menos de duas centenas de trabalhadores).

Dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2022 confirmam a realidade de baixos salários, precariedade e trabalho informal que a União dos Sindicatos do Algarve (USA/CGTP-IN) denuncia. Em comparação com a média do país, a região algarvia está sempre abaixo em todos os parâmetros de rendimentos: bruto por habitante ou agregado, declarado ou não. Inversamente proporcional são os indicadores de pobreza, onde o Algarve se destaca (pela negativa) na incidência da taxa de privação social e material; taxa de pobreza da população residente; no risco de pobreza após transferências sociais.

«É urgente lutar por outro rumo para a região e para o país, valorizando os trabalhadores, as suas carreiras e profissões, pôr fim à precariedade laboral e à informalidade nas relações de trabalho, é preciso regular horários e aumentar salários e pensões e reforçar os serviços públicos», considera a USA. Só assim será possível «dar resposta às necessidades de todos».

No Algarve, os «salários são insuficientes para dar resposta aos custos com a alimentação, habitação e serviços essenciais», sujeitos a preços inflacionados pela presença de centenas de milhares de turistas. Num sector de milhares de milhões de lucros anuais, os salários continuam em mínimos na Hotelaria e Restauração. Também a subsistência da economia regional no Turismo provoca uma «degradação dos serviços públicos, nomeadamente na saúde, educação, segurança social e justiça», deixando «os trabalhadores e as suas famílias em situações de desespero e de desigualdade social».

Por todas estas razões, a União dos Sindicatos do Algarve convocou um dia de luta regional em plena época balnear, 7 de Agosto, «que incorpora greves e paralisações em vários os sectores e uma concentração às 11h30 na Rua de Santo António, em Faro». «Não podemos aceitar as tentativas de retrocesso que nos querem impor, nem o ataque aos direitos dos trabalhadores».

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