Portugal, em particular a cidade do Porto e o Norte de Portugal, têm sido premiados internacionalmente nos últimos anos como uns dos melhores destinos turísticos da Europa e do mundo. O que estes prémios encobrem é que só são alcançados «à custa do empenho e profissionalismo dos trabalhadores do sector, apesar dos baixos salários e da exploração a que estamos sujeitos», refere o Sindicato de Hotelaria do Norte (SHN/CGTP-IN), em nota enviada ao AbrilAbril.
O sector da Hotelaria e Turismo tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, seja no número de hospedes, dormidas e lucros. Em muitas das principais empresas têm sido alcançados resultados históricos: a Vila Galé fez 105 milhões de euros em lucros só em 2024, por exemplo. Enquanto «os preços dos quartos e da restauração duplicaram», os salários dos trabalhadores continuam estagnados, denuncia o sindicato. «Os patrões têm ficado praticamente com todos os lucros obtidos».
Esta realidade não impede a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) de, em público, lamentar a incapacidade destas empresas de valorizar os seus trabalhadores à conta dos «custos de trabalho». Em 2023, numa entrevista dada à Renascença, Cristina Siza Vieira, vice-presidente da AHP, admitiu que o aumento dos rendimentos só seria possível com contrapartidas para «aliviar uma série de custos que estão associados ao peso que o aumento de salários e destas vantagens para os trabalhadores trazem para as empresas».
«As empresas podem oferecer melhores condições quando o custo de trabalho, por exemplo, não tenha a carga que tem hoje». Este pretenso interesse em valorizar os rendimentos dos trabalhadores esbarra no facto de ser um sector com receitas de milhares de milhões de euros anuais que há mais de 16 anos se recusa a negociar qualquer aumento salarial.
O SHN convocou uma quinzena de luta para o final do mês de Julho, iniciando a acção à porta do Hotel Brasileira, no Porto, unidade de cinco estrelas do Grupo Pestana, o maior grupo hoteleiro a nível nacional (com receitas de 651,1 milhões de euros em 2024) «que retirou o direito à alimentação em espécie e obriga os trabalhadores a levarem a marmita para o hotel e retirou outros importantes direitos como o pagamento devido dos feriados». Outras oito unidades hoteleiras serão alvo da acção do sindicato nos próximos dias.
Os trabalhadores exigem a negociação de salários dignos e melhores condições de trabalho, opondo-se à retirada de direitos, aos horários desregulados e à precariedade.
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