Na manhã de Domingo, os corpos de dois pescadores indonésios deram à costa na praia de Moledo, em Caminha, e na praia de Ínsua, em Afife, Viana do Castelo, uma semana depois do naufrágio da embarcação Vila de Caminha. Um terceiro pescador vitimado por este acidente ainda não foi encontrado. Foi apenas o primeiro caso a ocorrer em águas portuguesas esta semana: na última terça-feira, um outro navio de pesca afundou-se a cerca de 200 milhas náuticas de Aveiro – um pescador morreu, dois foram resgatados e quatro, também eles indonésios, desapareceram.
Na madrugada de 29 de Novembro, a embarcação de pesca costeira Trajano afundara ao largo de Sines, tendo a tripulação de sete conseguido chegar a terra a salvo, pelos seus próprios meios. Estes acontecimentos provocam dor e luto no seio da nossa classe, e reforçam a urgência de respostas estruturais para combater os riscos inerentes à pesca e minimizar a exposição dos nossos trabalhadores a condições perigosas, afirma a Federação dos Sindicatos do Sector da Pesca (FSSP/CGTP-IN), em comunicado.
Estes três incidentes, ocorridos no espaço de um mês, «demonstram que esta actividade continua perigosa para quem nela trabalha», lamenta a federação sindical. «As longas jornadas de trabalho, os períodos longe de terra sem descanso adequado, as condições climatéricas, acidentes a bordo das embarcações, entre outras», fazem desta actividade profissional uma das que apresenta «maior índice de perigo».
A actividade tem um grande défice nas condições de trabalho: «a segurança, os rendimentos pouco atractivos, poucos ou nenhuns apoios para a modernização da frota, o valor do pescado na primeira venda», denuncia a FSSP. Num sector cada vez mais envelhecido entre a população nacional (mais de 50% dos pescadores portugueses tem mais de 50 anos), são os trabalhadores indonésios quem sustenta a força laboral da pesca em Portugal. Estima-se que 40% do total de pescadores seja, neste momento, de nacionalidade indonésia.
A FSSP reitera o seu «profundo luto» e «compromisso inabalável» em apoiar todas as pessoas afectadas por estas tragédias, incluindo no combate por mais condições dos «meios de busca e salvamento no mar».
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