A recolha de resíduos é um «trabalho insalubre, penoso e arriscado», feito a todas as horas do dia e de noite, com ritmos de grande intensidade e transporte de cargas pesadas, «implicando grande esforço físico». A exposição a condições climatéricas adversas, às intempéries, ao calor e ao sol de verão, assim como ao ruído, «agrava, significativamente, os riscos para a sua saúde, a que acrescem os perigos inerentes de operar maquinaria pesada e de atropelamento, por exemplo, durante a noite».
Ainda assim, refere o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL/CGTP), em nota enviada ao AbrilAbril, o sector dos resíduos e higiene urbana é caracterizado pelos «baixos salários e elevada precariedade, sobretudo nas empresas concessionárias e pela sucessão de empregadores», empurrando estes trabalhadores, indispensáveis à nossa vida colectiva, para «situações de grande fragilidade».
«É uma das profissões mais perigosas e com expectativas mais curtas de vida saudável», responsável por uma quantidade infindável de doenças profissionais que, em muitos casos, afectam os trabalhadores de forma permanente. A dedicação destes profissionais é recompensada por «salários de miséria», sujeitos à «polivalência, precariedade, despedimentos abusivos, desrespeito pelos seus direitos, insuficiente ou ausência de reconhecimento e compensação da insalubridade, penosidade e risco, a que se somam os ataques à acção sindical e o bloqueio da negociação e da contratação colectiva».
A progressiva transformação em negócio dos serviços públicos – seja no sector da saúde, educação, água, saneamento ou resíduos – imputa às populações, considera o STAL, «todos os pesados encargos» económicos, ao mesmo tempo que subverte a «missão/função que sustenta o Serviço Público – maximizar o bem-estar social e valorizar os trabalhadores – pelo único objectivo dos privados: obtenção de lucros “chorudos” e a sua distribuição pelos accionistas».
Com início esta segunda-feira, o sindicato está a promover, até ao dia 21 de Novembro, uma campanha de «contacto e esclarecimento» com trabalhadores dos resíduos e higiene urbana «Varrer a exploração do sector dos Resíduos e Higiene Urbana»: «bem como junto das autarquias e as populações que servem», para alertar para as condições de trabalho e de vida destes profissionais.
O STAL exige o aumento dos salários e de outras prestações pecuniárias; a valorização das carreiras profissionais; o fim da precariedade e polivalência, assim como dos despedimentos abusivos; a atribuição do Suplemento de Insalubridade, Penosidade e Risco; o respeito pelos direitos laborais e o cumprimento da contratação colectiva e a defesa intransigente de serviços públicos de qualidade, rejeitando qualquer forma de privatização.
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