Em 2024, o sector da Hospitalização Privada apresentou receitas de 2,5 mil milhões de euros em Portugal, um valor recorde que acresce aos quase 20 anos de recordes no sector do negócio da doença (com excepção do ano da pandemia, 2020). Também inédito é o número de hospitais privados em funcionamento, 131 em 2024, com novas inaugurações já registadas no primeiro semestre de 2025. Estes lucros chorudos não foram alcançados apenas pela «concertação de preços» que extraiu mais dinheiro da ADSE (a Autoridade da Concorrência reabriu ontem o processo contra estas empresas), mas também pela exploração de centenas de trabalhadores a receber salários próximos do mínimo e com horários desregulados.
Os salários praticados pelas empresas da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) para os Auxiliares de Serviços Gerais e Auxiliares de Acção Médica «são de miséria, muito perto do valor do Salário Mínimo Nacional», denuncia, em comunicado, o Sindicato de Hotelaria do Centro (SHC/CGTP-IN). O sindicato alerta ainda para a existência de casos em que ,«antecipadamente, se escala os trabalhadores mensalmente já com indicação de trabalho extraordinário, outras em que é pedido constantemente o seguimento de turnos, por falta de pessoal».
No processo negocial realizado com vários sindicatos da CGTP-IN, os patrões fixaram em 50 euros o valor do aumento para todos os trabalhadores: face á inflação registada, significa uma perda de poder de compra para estes profissionais, alerta o SHC.
Luta reivindicativa no horizonte da Hospitalização Privada
Os trabalhadores não aceitam que um sector com estes lucros, com novos hospitais a abrir ou em construção, «para além das avultadas transferências do Orçamento Geral do Estado para a saúde», desrespeite desta forma quem trabalha. A Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht/CGTP-IN) já apresentou um pedido de conciliação ao Ministério do Trabalho.
O problema, refere o SHC, não se centra apenas na APHP. A Sanfil, em negociações com o sindicato, tinha-se comprometido em aplicar os 50 euros propostos pela associação patronal mas, até ao dia de hoje, nada fez, mesmo depois de aprovado o orçamento. Enquanto isso, a Sanfil «prossegue na sua senda de crescimento», prosseguindo a construção do seu grande Hospital Privado em Coimbra.
O SHC está a preparar um conjunto de acções de luta na Sanfil para o mês de Julho. Uma luta reivindicativa que se estenderá à CUF, Luz Saúde, Lusíadas e Trofa Saúde.
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