|Açores

Greve na Cofaco de Maio a Agosto

As operárias da unidade de transformação da Cofaco, detentora das marcas Bom Petisco, Tenório e Pitéu, vão fazer greve às segundas e sextas-feiras, e às horas extraordinárias, de 1 de Maio a 28 de Agosto. 

CréditosEduardo Costa / Agência Lusa

Desde Setembro do ano passado que as trabalhadoras da conserveira, na vila de Rabo de Peixe, na Ilha de São Miguel, vêm realizando acções de luta para reivindicar direitos como a progressão das manipuladoras na carreira profissional, a conciliação da vida profissional com a pessoal e familiar, aumentos salariais «justos» e a subida também do subsídio de alimentação e das diuturnidade. 

À paralisação que agora se anuncia junta-se a luta das 35 horas de horário de trabalho semanal. Vítor Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT Açores/CGTP-IN), citado pelo Diário dos Açores, na sua edição de 20 de Abril, revelou recentemente que esta reivindicação vai ser alargada a outras empresas e sectores. 

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Trabalhadores da Cofaco continuam a aguardar majoração dos apoios

«Incompreensível, lamentável e revoltante». Sindicato e ex-trabalhadores da Cofaco denunciam o facto de ainda não ter sido aplicada a majoração dos apoios sociais, prevista no Orçamento do Estado de 2020. 

Protesto contra o despedimento de 162 trabalhadores pela Cofaco, empresa conserveira, em 2018. Limitação da produção continua a ter graves consequências sociais e económicas na ilha do Pico 
Créditos / CGTP-IN

A direcção do Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comercio, Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/CGTP-IN) teve informação, através dos ex-trabalhadores da Cofaco do Pico, despedidos em 2018, de que não lhes está a ser aplicada a majoração dos apoios sociais, constituindo uma «clara e grave situação de incumprimento da lei», refere num comunicado.

Sindicato e ex-trabalhadores consideram «vergonhoso, incompreensível, lamentável e revoltante» o facto de ainda não ter sido aplicada a majoração dos apoios sociais aos ex-trabalhadores da unidade fabril da Madalena, mesmo depois de a mesma ter sido aprovada no Orçamento do Estado para 2020.

O SITACEHT regista que, de acordo com o estipulado na legislação, o referido decreto regulamentar entrava em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, ou seja, no dia 25 de Agosto de 2021. 

A Lei n.º 70/2020, de 11 de Novembro, estabelece um regime especial e transitório de facilitação do acesso, majoração de valor e prolongamento da duração de apoios sociais aos ex-trabalhadores da Cofaco Açores — Indústria de Conservas, que foram abrangidos pelo despedimento colectivo decorrente do encerramento da fábrica da Ilha do Pico, em Janeiro de 2018.

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Construção da nova fábrica da Cofaco não vai avançar

A não construção da nova fábrica da Cofaco do Pico aumenta a necessidade de apoiar socialmente os ex-trabalhadores e deve «servir de lição» para quem exerce funções governativas, afirma o sindicato.

A fábrica da Cofaco, na ilha do Pico, empregava 162 trabalhadores, na sua maioria mulheres
CréditosEduardo Costa / Agência Lusa

A denúncia é feita em comunicado pelo Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio, Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/CGTP-IN), que continua a seguir o processo dos ex-trabalhadores da Cofaco do Pico e que teve conhecimento deste facto no final da semana passada.

Sublinhando que «sempre suspeitou» que o processo da construção da nova fábrica na Madalena (Ilha do Pico) não ia avançar, o sindicato relembra que, na altura dos despedimentos em 2018, a empresa assumiu o compromisso da construção de uma nova fábrica, a estar pronta em Janeiro de 2020. As novas instalações dariam emprego a cerca de 150 trabalhadores.

A organização sindical refere ainda que este processo deve «servir de lição» para quem exerce funções governativas, uma vez que o apoio público às empresas não pode ser «um cheque em branco», devendo, pelo contrário, obrigar as empresas a contrapartidas que garantam «segurança e qualidade no emprego».

«Lamentamos a forma como este processo foi conduzido e acompanhado politicamente, não se exigindo compromissos, contrapartidas e garantias a uma empresa que recebeu tantos milhões de subsídios públicos durante tantos anos», pode ler-se na nota.

O Governo deve agora cumprir a lei e proceder à atribuição dos apoios previstos a todos os ex-trabalhadores da Cofaco do Pico, defende.

Para o SITACEHT, a não construção da nova fábrica só vem aumentar a necessidade de apoiar socialmente os ex-trabalhadores, que estão confrontados com «a terrível realidade» de não existir qualquer outro «projecto mobilizador com dimensão económica, social para o desenvolvimento do Pico».

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Entretanto, refere o sindicato, com o decreto regulamentar n.º 5/2021, procedeu-se ao estabelecimento dos termos e condições pelos quais se garantia, transitoriamente, a facilitação do acesso, a majoração do valor e o prolongamento da duração dos apoios sociais previstos na referida lei aos ex-trabalhadores da Cofaco.

«É inexplicável que o Governo da República, passados praticamente quatro meses, não tenha feito algo tão simples como aplicar e cumprir uma lei, como é sua obrigação», critica o SITACEHT.

A estrutura sindical já tinha alertado em Julho de 2020 que estes trabalhadores estavam a passar por momentos «muito difíceis», somando-se o facto de já não receberem ou estarem em vias de perder o subsídio de desemprego.

Neste sentido, volta a questionar o Governo sobre quando vai proceder à aplicação efectiva da regulamentação da lei, tendo em conta que a sua aplicação imediata «é fundamental» para minimizar o impacto social e económico do encerramento da Cofaco da Madalena, e consequente desaparecimento de cerca de 300 postos de trabalho directos e indirectos.  

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Quanto à progressão das manipuladoras das trabalhadoras da Cofaco, o dirigente explicou que o sindicato sugeriu que essa categoria «fosse dividida em pelo menos três níveis para que as trabalhadoras beneficiem de distinção e aumentos salariais», tendo admitido que «os únicos aumentos» que as operárias têm são «os decorrentes do aumento da retribuição mínima regional». 

Vítor Silva defende por isso que estas trabalhadoras «estão a ser duplamente prejudicadas», com uma vida de trabalho a auferir o salário mínimo e, mais tarde, «reformas de miséria», tendo acrescentado que a administração da Cofaco Açores «não aceita esta pretensão da dignificação profissional das trabalhadoras». Neste sentido, acrescentou, «não resta outra alternativa às trabalhadoras, e ao SITACEHT/Açores, que não seja continuar a luta e avançar com o aviso prévio de greve».

O responsável denuncia que 85% dos trabalhadores da Cofaco estão impossibilitados de progredir na categoria profissional e avisa que o sindicato «irá até às últimas consequências» até que seja «corrigida a situação» das trabalhadoras da Cofaco, admitindo recorrer do ponto de vista constitucional.

No dia 1 de Maio, o SITACEHT/Açores lança uma petição pelo aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional na região, de 5 para 10%. Vítor Silva lembra que mais de 11% dos trabalhadores açorianos são pobres porque «os vencimentos são extremamente baixos». 

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