As absurdas narrativas dos patrões da hotelaria chegaram às ilhas. Nos Açores, como no resto do país, «as empresas queixam-se da falta de mão de obra, mas não absorvem os formandos das escolas hoteleiras, reclamam junto do Governo Regional, mas não garantem formação profissional em técnicas hoteleiras e línguas portuguesa e inglesa, nem contratos permanentes de trabalho».
A denúncia partiu do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT Açores/CGTP-IN), que alerta para a realidade de um «sector que paga salários muito baixos e exige longas jornadas de trabalho».
A grande maioria dos trabalhadores do sector do turismo nos Açores recebe apenas o salário minino praticado na região, 740,25 euros. É muito trabalho, muito esforço, muitos horários de trabalho «longos e instáveis», para pouco dinheiro.
Estudo aponta para prevalência da precariedade entre os trabalhadores
O estudo «Percepção do emprego no sector da hotelaria e restauração», realizado pela empresa Eurofirms, em Maio de 2022, expõe a dura realidade que os sindicatos e os trabalhadores denunciam há muito tempo.
«Cerca de 61% dos trabalhadores com experiência na área de hotelaria e restauração revelam ter um contrato temporário e 58% dizem não se ver a trabalhar no sector num espaço de três a cinco anos, devido à instabilidade, durabilidade nos contratos e dificuldade do sector em reter talentos».
Os trabalhadores querem mudar os horários, a conciliação com a vida pessoal e a falta de estabilidade financeira.
O movimento sindical unitário açoriano tem defendido que «tempos excepcionais exigem medidas excepcionais» que protejam e reforcem os direitos e os rendimentos dos trabalhadores e que garantam protecção social. «Não vamos abdicar de lutar por melhores salários, melhores horários, defesa dos direitos, carreiras profissionais e condições de trabalho dignas».
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