Não faltam exemplos: «nas Caldas da Rainha, uma trabalhadora que decidiu, e bem, exigir os seus direitos e não aceitar a rescisão de contrato, foi alvo de um processo disciplinar e de uma ordem de transferência para outra loja», refere o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), em comunicado enviado ao AbrilAbril.
A nova loja, para a qual a trabalhadora foi enviada, é a mais de «180 quilómetros da sua residência». Nesta transferência de local de trabalho, para outro distrito, «violando o contrato individual de trabalho e o próprio contrato colectivo de trabalho», o Mercadona «demonstra o desrespeito pelas normas e pelos trabalhadores que tem ao seu serviço».
Injustamente conhecida, na opinião pública, como uma empresa que paga salários decentes, a realidade que se vive nas lojas do Mercadona é, como se pode ver, muito diferente.
Na loja de Matosinhos, o Mercadona optou por outra forma de assédio moral: suspendeu, em Fevereiro, o delegado sindical eleito há apenas quatro meses, depois de este trabalhador ter dinamizado um piquete de greve no dia 24 de Dezembro de 2022. São «represálias» normais na empresa, explicou o delegado sindical do CESP ao JN: «existe uma cultura de culpa e de medo».
Muitas vezes, contou Luís Figueiredo, do CESP, ao mesmo jornal, os funcionários do Mercadona «chegam a trabalhar até dez dias seguidos», sem folgas. «É insultuoso que tratem desta forma quem todos os dias lhes garante brutais lucros, em troco de um salário miserável», considera o sindicato.
O CESP «denuncia e exige a tomada de medidas por parte da empresa e das instâncias competentes sempre que há atropelos e incumprimento do contrato colectivo e da Lei», mesmo quando a pressão impede os trabalhadores de o fazerem eles próprios.
Como tal, no dia 6 de Abril, o sindicato vai promover uma acção de denúncia junto das lojas do Mercadona nas Caldas da Rainha (10h30) e em Aveiro (15h30). «Exigimos respeito pelos direitos dos trabalhadores, respeito pela sua dignidade, valorização dos salários, das carreiras, qualificações e competências, horários dignos que permitam articular a vida profissional com a vida pessoal e familiar».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui