Apesar de se terem verificado alguns avanços positivos nas últimas rondas negociais (a administração da Carris chegou a rever a sua proposta de aumento em dois euros), a última proposta da administração (70 euros) continua «aquém do necessário para repor o poder de compra dos trabalhadores».
Na reunião negocial realizada na passada quarta-feira, a «montanha pariu um rato», afirma o STRUP, que acusa o Conselho de Administração da Carris de «desconsiderar os trabalhadores». Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/CGTP-IN) informa que o Conselho de Administração (CA) da Carris «evoluiu dois euros na sua proposta salarial», tendo passado de 52 para 54 euros. O CA «não só insiste em reduzir o nosso poder de compra, como persiste em desconsiderar os trabalhadores», que trata como «enteados» e insulta com «as propostas que apresenta», critica a estrutura sindical. Em seu entender é «inadmissível» que isto ocorra numa empresa que «apresenta lucros, promove a gratuitidade no transporte público para os jovens e idosos e faz investimentos vultuosos na renovação da frota». No texto, o STRUP lembra que a Câmara Municipal de Lisboa é accionista da Carris e, nesse sentido, considera «vergonhoso» que o executivo camarário «invista mais de cinco milhões de euros num palco para um dia da Jornada Mundial da Juventude», permanecendo de «costas voltadas para aqueles que, durante o evento, vão transportar as centenas de milhares de jovens» que estarão na cidade. A organização sindical não se opõe à realização do evento, nem à presença do Papa em Portugal – antes pelo contrário –, mas recusa-se a aceitar que «os profissionais da Carris sejam tratados como "filhos de um deus menor"». De acordo com o sindicato, para valorizar os salários e repor o poder de compra, exige-se um aumento mínimo de 100 euros. A próxima reunião está agendada para dia 7 de Fevereiro, informa a estrutura filiada na Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans). Se então não se verificar uma evolução significativa da parte da administração da Carris, os trabalhadores avançam para a luta, «pela valorização dos seus salários e direitos e pela defesa da sua dignidade». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Administração da Carris «insiste em reduzir poder de compra» dos salários
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«É possível, e urgente, melhorar o poder de compra dos salários dos trabalhadores da Carris. Esta é a razão por que exigimos um aumento de 100 euros (admitindo que este possa ser conjugado com o aumento da tabela salarial ou o subsidio de refeição), assim como a resposta positiva a outras reivindicações, como as 7 horas de trabalho diárias», afirma o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos (STRUP/CGTP-IN).
Embora esta seja a maior proposta de aumento na Carris dos últimos anos, «há que lembrar que vivemos com a inflação mais elevada dos últimos 30 anos. Um facto que leva a que os preços dos bens alimentares tenham aumentado mais em Portugal que em Espanha, apesar de ganharmos menos que os espanhóis».
Foi essa mesma a resposta dada pelos trabalhadores no plenário geral realizado em Miraflores, no dia 16 de Março, reafirmando «um rotundo não à resignação e à capitulação!». Nesta reunião, os trabalhadores da Carris decidiram realizar, entre os dias 3 e 7 de Abril, um ciclo de greves parciais e ao trabalho extraordinário.
«Só com a mobilização e a luta os trabalhadores conseguirão atingir as suas reivindicações», afirma o sindicato. O mais recente plenário realizou-se poucos dias após o Tribunal da Relação de Lisboa dar razão aos trabalhadores num processo, obrigando a Carris a pagar a todos aqueles que participaram no plenário de 27 de Janeiro, como determina a Lei portuguesa.
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