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Organizações dominicanas repudiam visita do secretário da Guerra dos EUA

Trinta organizações políticas e sociais dominicanas declararam Pete Hegseth «persona non grata», considerando a presença do secretário da Guerra dos EUA no país como «acto hostil à soberania».

Organizações sociais mobilizam-se em Santo Domingo, República Dominicana, na abertura da Semana Internacional «No a la Guerra con Venezuela», a 15 de Novembro de 2025 Créditos / redsocialcodi.com

Numa declaração subscrita por três dezenas de organizações, a visita de Hegseth a território dominicano é classificada como um «acto hostil à soberania nacional», bem como à da Venezuela e à dos demais povos caribenhos e latino-americanos.

O texto denuncia que esta visita ocorre num momento em que os EUA realizam operações militares ameaçadoras nas Caraíbas, que incluem o porta-aviões USS Gerald R. Ford e mísseis nucleares apontados a Caracas.

Em simultâneo – referem –, o chefe do Estado-Maior dos EUA, Dan Caine, visita Porto Rico e Trindade e Tobago, dando instruções para que continuem os exercícios militares a poucas milhas do território venezuelano e com a participação de efectivos dominicanos.

Estas manobras, apresentadas como luta contra o narcotráfico, visam na realidade intimidar e recolonizar a Venezuela, e apropriar-se das suas riquezas naturais, advertem as organizações, lembrando ao presidente dominicano, Luis Abinader, que o país caribenho não é uma colónia norte-americana e que é seu dever defender os interesses do povo e respeitar o direito internacional.

Neste sentido, alertaram o governo dominicano para não envolver o país em planos de agressão contra a Venezuela, sublinhando que a República Dominicana não deve servir como plataforma para uma guerra imperialista contra um país irmão.

Entre as organizações signatárias, contam-se Movimiento Caamañista, Partido Patria Para Todos, Movimiento Popular Dominicano, Movimiento de Izquierda Unida, Partido Comunista del Trabajo, Fuerza de la Revolución e Frente Amplio.

Também subscrevem a declaração organizações como Gentío Político Social, Movimiento Rebelde, Asamblea de los Pueblos del Caribe – Capítulo Dominicano, Campaña Dominicana de Solidaridad con Cuba, Comité Dominicano de Solidaridad con Venezuela, Internacional Anti-Fascista – Capítulo Dominicana, Acción Afro-Dominicana, Internacional Antiimperialista de los Pueblos – Capítulo Dominicano e Alba Movimientos – capítulo RD, entre outras.

PCT rejeita autorização concedida aos EUA

Também esta quarta-feira, o Partido Comunista do Trabalho (PCT) repudiou, em comunicado, a decisão do governo dominicano de autorizar o acesso dos Estados Unidos a determinadas zonas de dois aeroportos em Santo Domingo.

Para os comunistas, esta medida afecta a soberania nacional e constitui uma ameaça potencial à estabilidade regional, especialmente no contexto das tensões com Cuba e Venezuela, países irmãos.

O PCT alertou que o acesso de uma potência militar estrangeira a infra-estruturas estratégicas do país compromete a plena independência da República Dominicana sobre o seu território.

Esta quarta-feira, o presidente dominicano e o secretário norte-americano da Guerra reuniram-se no Palácio Nacional. No final do encontro, Hegseth mostrou-se satisfeito com a decisão de Abinader de aumentar a cooperação aérea e marítima com vista ao reforço daquilo que designa como luta contra o narcotráfico.

Hegseth, que classificou o executivo dominicano como «seu principal aliado na luta contra as drogas e a insegurança na região», disse que vão «perseguir os narco-terroristas», reafirmando a alegação de Washington de que as operações nas Caraíbas e as dezenas execuções extrajudiciais ali cometidas pelos EUA à margem do direito internacional estão ancoradas na luta contra as drogas.

Por seu lado, o chefe de Estado dominicano disse que os EUA poderão utilizar, por tempo limitado, determinadas áreas da Base Aérea de San Isidro e do Aeroporto Internacional Las Américas, que serão destinadas a operações logísticas de reabastecimento, transporte de equipamentos e pessoal técnico, indica a TeleSur.

No comunicado, os comunostas alertam para a possibilidade de o país caribenho se tornar uma plataforma para ingerências ou confrontos com outros estados soberanos das Caraíbas e da América Latina, e exorta Abinader a revogar de imediato a decisão tomada, dando prioridade a acordos de cooperação que se enquadrem estritamente no respeito da soberania, da não ingerência e do direito internacional.

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