Em comunicado, o Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT) repudia de forma veemente «as ameaças dos EUA nas Caraíbas», com «a recente declaração unilateral e violadora do direito internacional de "encerrar o espaço aéreo venezuelano"» a juntar-se à forte presença militar junto à costa do país sul-americano.
A «suposta luta contra o narcotráfico» a que Trump alude «esconde os verdadeiros objectivos económicos e geopolíticos» do seu governo, que é «o controlo dos recursos energéticos venezuelanos» como «fim último das operações militares e de pressão directas contra a irmã República Bolivariana da Venezuela», denuncia a central sindical de classe.
Destacando «a falta de provas que justifiquem» as operações decretadas por Donald Trump com vista à «apropriação ilegal de recursos como o petróleo», o texto refere-se ao facto de o presidente norte-americano ter mostrado vontade de indultar o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que o ano passado foi considerado culpado, num tribunal norte-americano, de conspirar para importar cocaína para os Estados Unidos.
«Isto evidencia a falsidade e a hipocrisia desta administração, para além da sua clara intenção de intervir directamente no processo eleitoral hondurenho, tal como fez na Argentina, em busca de aliados para promover a utopia reaccionária que a extrema-direita está hoje a erguer no mundo e na região», denuncia a PIT-CNT.
A declaração afirma ainda que «tentar encerrar à força o espaço aéreo de um país constitui uma clara violação da sua soberania», o que contraria «princípios jurídicos internacionais fundamentais para a manutenção da paz e da coexistência pacífica entre povos e nações».
«Perante uma afronta tão brutal», a central sindical defende que «nenhum governo se pode manter em silêncio» e que o executivo uruguaio devia assumir «um posicionamento claro a este respeito e expressá-lo publicamente».
Enquanto «internacionalista e anti-imperialista», a PIT-CNT expressa a sua solidariedade ao povo venezuelano e «a todos os povos na região que hoje estão a ser ameaçados pelo imperialismo norte-americano».
PCU: «Com a desculpa de combater o narcotráfico, os EUA assassinaram dezenas de pessoas»
Também em comunicado, o Partido Comunista do Uruguai (PCU) denunciou a decisão «ilegal e irresponsável» de Trump de declarar unilateralmente o encerramento do espaço aéreo da Venezuela, o que «agrava mais a tensão nas Caraíbas».
«Com a desculpa de combater o narcotráfico, os EUA assassinaram dezenas de pessoas, sem qualquer prova, perto das costas da Venezuela, nas Caraíbas, e da Colômbia, no Pacífico», denuncia o PCU.
Os comunistas uruguaios sublinham que «a desculpa do combate ao narcotráfico cai por terra quando o próprio Trump e os seus principais líderes militares e diplomáticos reconhecem publicamente que querem derrubar o governo venezuelano, e quando os congressistas americanos falam abertamente sobre a necessidade de confiscar o petróleo venezuelano».
O comunicado exige que sejam respeitadas «a soberania e a autodeterminação» dos povos, bem como o Tratado de Tlatelolco, de 1967, que declarou a América Latina e as Caraíbas como zona livre de armas nucleares.
Lembrando que «os EUA têm um longo historial de invasões e agressões contra os países e povos» da região, o PCU exige também o respeito pela declaração da América Latina e Caraíbas como zona de paz, desde 2014, pela Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).
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