Foram colocada à votação no Parlamento duas propostas, uma do PCP e outra do Livre, para impedir a reprivatização da TAP. Ambos os documentos tinham como base a apreciação parlamentar entregue na Assembleia da República que juntou estes dois últimos partidos e o Bloco de Esquerda, e que ia contra as intenções governativas relativamente à companhia aérea nacional.
«As grandes companhias aéreas demonstram o seu interesse em adquirir a TAP, não porque se trate de uma companhia que vale pouco, mas sim porque justamente vale muito – e vale ainda mais como activo estratégico para a economia nacional, para a soberania e desenvolvimento do país», considerou a apreciação parlamentar.
No mesmo texto foi desmontada a narrativa da direita em torno da TAP, explicando o seu contributo para a balança de pagamentos e para a balança comercial, além da contribuição anual de 150 milhões de euros que a empresa coloca na Segurança Social portuguesa e do IRS dos salários que paga. «É a TAP pública que remunera o Estado do dinheiro nela investido», pode ler-se no documento assinado por PCP, Livre e Bloco de Esquerda.
É com base na importância estratégica para o país que PCP e Livre procuraram cessar a vigência do decreto-lei que aprova o processo da primeira fase da reprivatização do capital social da TAP, sabendo à partida que PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal seriam obrigatoriamente contra.
A dúvida estaria, talvez, na posição do Chega, uma vez que, a 10 de Julho ,deste ano o partido de André Ventura revelou que iria pedir uma apreciação parlamentar à reprivatização de 49,9% da TAP. A questão é que o tempo passou e o Chega não pediu aquilo que prometera como também votou contra a tentativa de travar o negócio, fazendo, mais uma vez, as vontades dos grandes senhores do dinheiro.
Além disso, o partido de extrema-direita fez um conjunto de propostas de alteração ao decreto-lei de reprivatização da TAP, não no sentido de combater a sua natureza profundamente lesiva para o Estado, mas para dar uma ideia que o comprador da companhia aérea assume algum tipo de responsabilidades.
Desta forma, o Chega introduziu o conceito de «responsabilidade solidária perante o Estado Português por todas as garantias prestadas, directa ou indiretamente, à TAP AS, decorrentes de responsabilidades efectivas ou potenciais», algo facilmente contornável bastando ver a venda de 75% do capital do Novo Banco à Lone Starr que previa um Acordo de Capitalização Contingente que eliminava ao fundo de investimento norte-americano o risco de investimento.
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