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Agricultores exigem posição firme no Conselho Europeu contra acordo UE-Mercosul

Na véspera da reunião do Conselho Europeu, que se realiza esta quinta-feira e amanhã, a CNA fez um apelo público ao primeiro-ministro para que tenha «uma posição firme» em prol da agricultura nacional e da soberania alimentar do país.

CréditosHugo Delgado / Lusa

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) alerta para os «muitos motivos de preocupação» com as propostas em discussão no Conselho, nomeadamente o Quadro Financeiro Plurianual (2028–2034), a futura Política Agrícola Comum (PAC) pós‑2027 e, especialmente, o acordo de livre‑comércio entre a União Europeia e o Mercosul (UE‑Mercosul), considerando-o «um erro com consequências graves».

A estrutura critica veementemente o apoio público que o Governo português tem dado ao acordo com o Mercosul, considerando‑o «um erro que terá consequências graves para a grande maioria dos agricultores portugueses e também da Europa».

Segundo a confederação, o acordo, mesmo com eventuais cláusulas de salvaguarda, irá agravar a concorrência desleal e acelerar a substituição da agricultura familiar por produções industriais de grande escala.

«Os bovinos produzidos em pequena escala no nosso país competirão com produções de enormes dimensões a preços muito mais reduzidos; as frutas competirão com produções avassaladoras de países com outras características edafoclimáticas e as oleaginosas competirão com as vindas de áreas de elevadíssima produtividade, mesmo à custa do meio ambiente», exemplifica a CNA.

No que respeita ao futuro da PAC, a CNA exige que o Governo português defenda no Conselho Europeu uma política agrícola forte, com regulação do mercado, orçamento robusto e redistribuído para os pequenos e médios produtores, além de verbas dedicadas ao Desenvolvimento Rural. «Uma PAC que respeite os direitos dos agricultores e dos trabalhadores agrícolas e o direito dos cidadãos a alimentos saudáveis e sustentáveis», sublinha a organização.

A CNA acusa os decisores políticos europeus e também o Executivo português de estarem a privilegiar os interesses do grande agronegócio e dos lobbies industriais, em prejuízo dos agricultores que «alimentam as populações».

Essa orientação, alerta, «constitui uma ameaça para o sector agrícola, mas também para a capacidade de alcançar a soberania alimentar, assegurar preços justos e garantir um futuro para os jovens agricultores».

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