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Unrwa insiste no fim do bloqueio e na entrada de ajuda em Gaza

Diversos representantes da agência da ONU alertaram nos últimos dias para a fome, o agravamento da situação humanitária, e a necessidade de um cessar-fogo no enclave, que permita «enfrentar a catástrofe».

Funeral de cinco pessoas da mesma família, mortas num ataque israelita quando procuravam receber ajuda, na Cidade de Gaza, a 29 de Julho de 2025 CréditosKhames Alrefi / Anadolu

Adnan Abu Hasna, representante da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa), declarou a uma TV árabe que a situação de crise no território atingiu níveis sem precedentes.

Alertou igualmente para o agravamento das condições sanitárias, bem como para o facto de muitos recém-nascidos sofrerem de baixo peso, devido à má-nutrição provocada pelo bloqueio israelita.

«A verdadeira solução começa com um cessar-fogo, já que uma catástrofe humanitária não se pode enfrentar enquanto a guerra continuar», defendeu o funcionário da Unrwa.

Abu Hasna disse que devem entrar na Faixa de Gaza, todos os dias, centenas de camiões com ajuda, mas que isso não é possível devido aos obstáculos colocados por Israel.

Nesse sentido, exigiu às autoridades do regime sionista que garantam a passagem segura das viaturas carregadas com comida e medicamentos no enclave costeiro, onde mais de 60 200 palestinianos perderam a vida devido à agressão israelita lançada desde 7 de Outubro de 2023.

«Estamos perante toda uma geração cuja saúde e estado psicológico se encontram em risco», disse, frisando que, «se o mundo não agir agora, a catástrofe será mais profunda do que podemos imaginar».

«Camiões têm de entrar em Gaza»

Também Juliette Touma, directora de comunicações da Unrwa, sublinhou, em declarações a uma TV, a necessidade de ser possibilitada a entrada, no enclave, a camiões que estão carregados com ajuda no Egipto e na Jordânia.

Disse ainda que há em Gaza dez mil pessoas que trabalham com a Unrwa, como os médicos e as enfermeiras ou aqueles que garantem a distribuição do pouco que existe disponível, enquanto as equipas internacionais estão banidas, por Israel, de entrar no território.

Sobre os lançamentos de ajuda por via aérea, a agência da ONU mantém-se bastante crítica – desde que Israel anunciou as chamadas «pausas tácticas», no fim-de-semana passado –, sublinhando que os lançamentos aéreos são «inteiramente desnecessários, ineficazes, dispendiosos e arriscados».

A Unrwa lembra a este propósito que, durante o cessar-fogo implementado este ano, a ONU conseguiu fazer entrar na Faixa de Gaza entre 500 e 600 camiões com ajuda por dia. «Precisamos de voltar a isso», defende a agência na sua conta de Twitter.

Israel a desviar-se das críticas e a fome a agravar-se

Além da Unrwa, que alertou para as «cortinas de fumo» a propósito das medidas anunciadas pelo executivo sionista há uma semana, outras organizações humanitárias têm criticado as chamadas «medidas humanitárias» de Israel no enclave, como as pausas diárias nos combates em determinadas zonas, os fornecimentos lançados por via aérea e os corredores de ajuda limitados.

A um jornal britânico, vários trabalhadores humanitários sublinharam que tais medidas são inadequadas e não servem para combater a situação de agravamento da fome. «Estas medidas, introduzidas sob crescente pressão internacional, não aliviaram as severas restrições ao acesso à ajuda», afirmaram.

Bushra Khalidi, da Oxfam, acusou Israel de recorrer a estas medidas «simbólicas» para desviar as críticas internacionais, num contexto em que continua a obstruir a chegada de ajuda.

Por seu lado, Olga Cherevko, da ONU, alertou que as chamadas «pausas tácticas» por si só não são suficientes, insistindo na necessidade de permitir o fluxo continuado de ajuda, de modo a fazer frente às enormes necessiades de Gaza.

Entretanto, os bombardeamentos israelitas prosseguem, provocando dezenas de mortos em vários pontos do enclave, nomeadamente na Cidade de Gaza, em al-Mawasi (Khan Yunis) e Deir al-Balah.

Desde Outubro de 2023, pelo menos 60 332 palestinianos perderam a vida como resultado da agressão israelita, e 147 643 ficaram feridos, refere a Wafa. O número de vítimas sob os escombros é indeterminado.

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