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A fome e os ataques israelitas matam muito em Gaza, alerta médico

Mohammed Abu Salmiya, director do Hospital al-Shifa, sublinhou que os habitantes de Gaza estão a morrer devido à fome e aos bombardeamentos sionistas, e que os hospitais estão cheios de feridos e mortos.

Dois irmãos, com seis e quatro anos, mostram sintomas de má-nutrição severa, na Cidade de Gaza, a 25 de Julho de 2025 CréditosMahmoud Issa / Anadolu

Em declarações a uma cadeia de TV, a que a Prensa Latina alude, o médico revelou que pelo menos 147 palestinianos, incluindo 88 menores, morreram devida à fome provocada pelo bloqueio israelita.

De acordo com a Wafa, ontem à tarde, o número de falecidos devido à fome e à má-nutrição já tinha subido para 151, 89 dos quais menores.

Abu Salmiya acusou as tropas da ocupação de atacar zonas declaradas como «seguras» e também os chamados «corredores humanitários» – recorde-se que o regime sionista, no fim-de-semana passado, se quis mostrar «humanitário» ao mundo, depois de ser sujeito a uma pressão acrescida, a nível mundial, devida às imagens de «corpos esqueléticos» de crianças a padecer da fome.

A outra cadeia de TV, o médico disse que «a desnutrição está a cobrar a vida dos doentes, apesar de todos os nossos esforços para os salvar».

Abu Salmiya alertou que as condições sanitárias dos hospitais na Faixa de Gaza se estão a deteriorar de dia para dia, devido ao bloqueio, que impede a entrada de comida e medicamentos em quantidade suficiente.

«O sector da saúde já não consegue dar resposta ao número crescente de pacientes, especialmente crianças e mulheres que sofrem de fome severa e imunodeficiência», frisou.

Em sentido semelhante pronunciou-se o médico Khalil al-Daqran, do Hospital Mártires de al-Aqsa. «A cada hora aumenta o número de mortes devido à fome», disse, no meio de críticas à agressão sionista ao enclave.

Fome, caos e muitas críticas a Israel

Um relatório conjunto de agências da ONU, na terça-feira, alerta para a situação de fome generalizada no enclave, afirmando que o consumo de comida e os indicadores nutricionais atingiram os piores níveis desde o início do actual conflito.

Neste contexto, o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) avisaram que o tempo se está a esgotar para lançar «uma resposta humanitária abrangente».

«O conflito em curso, o colapso dos serviços básicos e as severas restrições à entrega e distribuição de ajuda humanitária impostas às Nações Unidas levaram a condições catastróficas de segurança alimentar para centenas de milhares de pessoas na Faixa de Gaza», afirmaram as agências da ONU, citadas pela Wafa.

Entretanto, várias organizações civis no enclave, citadas por The Cradle, apontam para uma situação de caos, em que há alguns camiões com ajuda a entrar, de forma restringida; em que as pessoas famintas são atacadas a tiro nos pontos onde se juntam para receber comida – «por fogo de tanques, snipers e metralhadoras recentemente colocadas pelo inimigo perto dessas áreas».

«Por via deste mecanismo, a ocupação impede o acesso dos camiões aos armazéns das instituições internacionais para uma distribuição segura e justa», acusam, antes de afirmarem que «dezenas de bebés recém-nascidos morreram devido a falta de leite terapêutico e suplementos nutricionais necessários».

Desde que o regime da ocupação anunciou a possibilidade de lançamentos aéreos de ajuda (esquema a que vários países ocidentais já aderiram), a agência da ONU para os refugiados palestinianos (Unrwa) reiterou as críticas a esse esquema, afirmando que «faz títulos mas não tem impacto» e alertando para os riscos envolvidos para as populações no terreno.

A Unrwa insiste na necessidade de acabar com o bloqueio a Gaza e que a forma «mais eficaz, rápida e segura» é deixar que seja a ONU, incluindo a Unrwa, a distribuir a ajuda.

Também as tribos do Sul de Gaza manifestaram a sua oposição aos lançamentos de ajuda aérea, sublinhando que estes aumentam os riscos de mortes e exigindo a abertura das passagens que dão acesso ao enclave.

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