|Argentina

Um mar de gente nas ruas de Buenos Aires contra a reforma laboral de Milei

De acordo com os sindicatos, 150 mil pessoas manifestaram-se, na capital, contra a reforma laboral de Milei, que classificam como «esclavagista» e o ataque mais brutal aos trabalhadores desde a ditadura.

CréditosAyelen Césare / tiempoar.com.ar

Sob intenso calor, uma multidão juntou-se esta quinta-feira à tarde no centro de Buenos Aires para dizer «não» ao projecto de reforma laboral proposto por Javier Milei, que o executivo queria ver debatido de forma urgente até ao fim do ano, mas que só o será a 10 de Fevereiro.

Foi gigantesca a resposta ao apelo de mobilização por parte da Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (CGT) e das duas centrais dos trabalhadores da Argentina (CTA e CTA Autónoma), com envolvimento de outras organizações sindicais, movimentos sociais e organizações de base.

Mesmo com diversas organizações a denunciarem que os gendarmes impediam a chegada de manifestantes à mobilização, retendo-os nas autoestradas, e que se tratava de «uma provocação» e de «uma manobra do governo», o aluvião em defesa do trabalho foi crescendo pelas diagonais portenhas, até se fixar na Praça de Maio.

Com cartazes e faixas a afirmar a defesa do «modelo sindical», da contratação colectiva e da educação e da saúde públicas, a praça e as avenidas circundantes foram-se enchendo bem antes das intervenções dos dirigentes sindicais, por volta das 15h locais.

CGT anuncia plano de luta e possibilidade de greve geral

Até há algumas semanas, a CGT assumiu um posicionamento – muito criticado por outras organizações sindicais – de tentar negociar com o governo alguns pontos constantes do projecto de reforma.

No entanto, revela o Tiempo Argentino, na versão definitiva do texto a debater, o governo não fez qualquer tipo de concessão – mantendo os ataques a conquistas dos trabalhadores, à actividade sindical e ao direito à greve no invólucro da «modernização laboral».

No palco, Octavio Argüello, um dos secretários-gerais da CGT, falou do «não claro» dos trabalhadores a esta reforma laboral promovida pelo governo de Milei, advertindo que, se as reivindicações destes não forem respeitadas, a CGT avançará com um plano de luta e uma greve geral.

Por seu lado, Cristian Jerónimo disse que «a reforma laboral foi redigida pelas grandes empresas» e que a central sindical vai defender os direitos dos trabalhadores sem ceder um milímetro a este governo.

Jorge Sola, igualmente dirigente da CGT, também se referiu à possibilidade de uma greve geral caso o governo de Milei continue a não ouvir os trabalhadores.

Principal orador na Praça de Maio, Sola denunciou que o governo «abusa da palavra "liberdade" e só oferece mais grilhões» e alertou para a destruição do tecido social há dois anos. «Uma empresa fecha a cada hora, e nós opomo-nos a isso», disse.

O dirigente sindical frisou que «não há liberdade sem justiça social» e que a CGT se vai opor a cada um dos pontos da reforma.

«Querem legalizar os despedimentos e financiá-los com o dinheiro dos pensionistas. Querem limitar o direito à liberdade de expressão, e é por isso que estão a ir contra o direito à greve. Querem enfraquecer a estrutura sindical», alertou.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui