Num comunicado emitido esta terça-feira à noite, o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas afirmou que apenas metade dos fornecimentos alimentares necessários estão a chegar à Faixa de Gaza.
Abeer Etefa, representante do PAM, descreveu a situação como uma «corrida contra o tempo», referindo que a agência já entregou 20 mil toneladas métricas de alimentos, o que representa cerca de metade da quantidade necessária, e abriu 44 dos 145 pontos de distribuição previstos.
«Precisamos de acesso total. Precisamos que tudo funcione rapidamente», disse Etefa, citada pela PressTV. «Os meses de Inverno estão a chegar. As pessoas ainda sofrem com a fome e as necessidades são enormes», frisou.
A funcionária destacou ainda a falta de variedade nos fornecimentos alimentares para combater a subnutrição, com a maioria das famílias a depender exclusivamente de cereais, leguminosas e rações secas; outros itens essenciais, como carne, ovos, legumes e frutas, raramente estão disponíveis.
Por seu lado, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA) na Palestina referiu que a escassez severa de combustível, incluindo gás de cozinha, está a agravar a crise, obrigando mais de 60% dos habitantes de Gaza a recorrer à queima de resíduos para cozinhar, o que representa uma ameaça significativa para a saúde pública.
Aproximação do Inverno e preocupação com aumento de surtos de doenças
Também uma rede de organizações palestinianas de ajuda humanitária disse que o montante total da ajuda é escasso e que se situa ainda entre um quarto e um terço do que era esperado.
Neste contexto, alertaram para a aproximação do Inverno, bem como para os riscos associados à acumulação de lixo nas imediações de zonas habitadas.
Em declarações à Al Jazeera, Amjad al-Shawa, director da Rede de ONG Palestinianas, disse: «O Inverno está a chegar, o que significa que são esperadas chuvas e inundações, e há um elevado risco de surtos de doenças devido às centenas de toneladas de lixo perto de áreas residenciais.»
Al-Shawa destacou também o facto de a fome persistir no enclave, com a ajuda humanitária a não atingir os 30% das necessidades, bem como «a crise de abrigos», estimando-se que 1,5 milhão de pessoas na Faixa de Gaza necessitem de abrigo.
A este propósito, Shaina Low, porta-voz do Conselho Norueguês para os Refugiados, descreveu as condições de vida no território como «inimagináveis», tendo afirmado que um grande volume de tendas e lonas continua retido à espera da aprovação israelita.
A 10 de Outubro, entrou em vigor um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que tem sido repetidamente violado pelas forças de ocupação israelitas.
Desde a implementação da trégua, a ONU tem registado um aumento da ajuda humanitária no território palestiniano, mas advertindo, como o fez há dias Tess Ingram, responsável da Unicef, que é «lamentavelmente insuficiente».
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