A situação foi divulgada esta sexta-feira pela agência Wafa, referindo que as famílias das duas crianças as levaram do Hospital Nasser, em Khan Yunis, e as sepultaram na quinta-feira à tarde.
«Ambas as crianças foram privadas dos direitos fundamentais aos cuidados médicos e à alimentação», denuncia a fonte.
Na semana anterior, autoridades de saúde na Faixa de Gaza tinham alertado para uma «catástrofe iminente ao nível da saúde», referindo-se em particular à ameaça à vida dos bebés, devido à falta de leite infantil e medicamentos essenciais, que decorre do bloqueio israelita.
Mahmoud Shurab, tio de um dos bebés falecidos, com cinco meses, disse que este morreu por «desnutrição e falta de leite», tendo acrescentado que há casos semelhantes no hospital. Neste contexto, solicitou uma intervenção internacional urgente, de modo a garantir a entrega de «leite terapêutico e nutrição adequada» às crianças.
Por seu lado, Muhammad al-Hams, pai de uma bebé de dez dias, disse que a sua filha morreu devido à desnutrição severa e à falta de medicamentos.
Fontes médicas referidas pela Wafa indicam que, desde o início da agressão israelita ao enclave costeiro, em Outubro de 2023, pelo menos 244 palestinianos perderam a vida por causa da falta de alimentos e medicamentos.
A maior parte das vítimas da fome e da privação de tratamento médico são crianças e idosos, indica a agência, frisando que há muitas mais em situação de risco, à medida que a crise se agrava.
Alertas repetidos por responsáveis das Nações Unidas
Esta semana, Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinianos (Unrwa), chamou a atenção para o agravamento da crise humanitária no território nas últimas semanas, em virtude do bloqueio contínuo imposto por Israel à ajuda humanitária.
Classificando a situação na Faixa de Gaza como «absolutamente terrível», Lazzarini reafirmou a importância de um cessar-fogo no território, bem como a necessidade de levantar o cerco à ajuda humanitária.
Por seu lado, Tlaleng Mofokeng, relatora especial da ONU para o direito à saúde, disse em Genebra que «já não é possível falar do direito à saúde em Gaza de forma significativa», em referência às violações sistemáticas perpetradas por Israel, a potência ocupante.
Ao intervir na 59.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, Mofokeng sublinhou como, desde o início da agressão israelita, há 21 meses, os hospitais, as ambulâncias, os profissionais de saúde foram alvo de ataques repetidos e deliberados.
Mofokeng condenou ainda a ocupação pelos obstáculos que coloca à entrada de ajuda humanitária, bem como o facto de a ajuda estar a ser utilizada como arma, indica a Wafa.
«Estamos agora numa situação em que a ajuda alimentar vital, destinada a prevenir a fome e a morte iminente, está a ser utilizada pelas forças de ocupação para atingir civis indefesos que tentam alimentar-se a si mesmos e às suas famílias», criticou.
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