Só no domingo de manhã havia registos hospitalares de pelo menos 38 palestinianos mortos enquanto procuravam ajuda nos centros de distribuição operados pela fundação GHF com o apoio dos EUA e Israel.
As chamadas «pausas tácticas» anunciadas por Israel em determinadas zonas da Faixa de Gaza (alegadamente para permitir aos palestinianos aceder a ajuda) não impediram que as suas forças continuassem a disparar contra as pessoas, ferindo-as e matando-as a caminho dos centros de distribuição ou nas suas imediações, refere a PressTV.
De acordo com fontes da ONU, só na quarta e na quinta-feira da semana passada, as forças de ocupação mataram 105 palestinianos em busca de comida. Até sexta-feira, pelo menos 1373 palestinianos tinham sido mortos nestas circunstâncias.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da Unrwa (agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos), disse no sábado que a fome provocada pelo homem em Gaza foi «em grande parte moldada pelas tentativas deliberadas de substituir o sistema humanitário coordenado pela ONU pelo sistema politicamente motivado da GHF».
«Trata-se de um alegado "sistema de ajuda humanitária" responsável pela morte de quase 1400 pessoas famintas», acusou o responsável da Unrwa no Twitter (X).
«A marginalização e o enfraquecimento da Unrwa nada têm a ver com alegações de desvio de ajuda para grupos armados. É uma medida deliberada para pressionar e punir colectivamente os palestinianos por viverem em Gaza», denunciou Lazzarini.
Mais pessoas a morrer de fome
De acordo com a Wafa, pelo menos 175 palestinianos morreram de fome e má-nutrição na Faixa de Gaza, 93 dos quais são menores. Ontem, os hospitais deram conta de seis novas mortes por estas causas no enclave no espaço de 24 horas, indica a fonte.
Confrontado com críticas internacionais mais veementes – tendo em conta a indignação gerada pelas imagens de crianças com corpos esqueléticos na Faixa de Gaza –, o regime sionista anunciou a possibilidade de lançamentos aéreos de ajuda, e vários países árabes e ocidentais aderiram a esse esquema.
No entanto, a Unrwa e outras organizações humanitárias têm criticado esta forma de ajuda, afirmando que «faz títulos mas não tem impacto» e alertando para os riscos envolvidos para as populações no terreno.
Sublinhando a necessidade de um cessar-fogo imediato e do fim do bloqueio a Gaza, a Unrwa afirma que a forma «mais eficaz, rápida e segura» de distribuir a ajuda, que deve entrar por terra de modo irrestrito, é deixar que seja a ONU, incluindo a Unrwa, a tomar conta da operação.
São necessários pelo menos 600 camiões de ajuda por dia
Também o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou para a grave situação no enclave, onde uma em cada três pessoas estão há dias sem comer.
Ted Chaiban, responsável do organismo, disse no sábado que a Faixa de Gaza é «onde o sofrimento é mais agudo e onde as crianças estão a morrer a um ritmo sem precedentes», tendo acrescentado que «mais de 320 mil crianças pequenas correm o risco de desnutrição aguda».
No mesmo dia, o gabinete de imprensa do governo em Gaza alertou que o território necessita de pelo menos 600 camiões por dia para satisfazer as necessidades básicas de saúde, alimentação e combustível.
Apelou igualmente à abertura imediata das passagens que dão acesso ao território e à entrada de quantidades suficientes de ajuda alimentar e de fórmula infantil, frisando que o bloqueio constitui «um crime sistemático de fome perpetrado diante dos olhos do mundo».
Segundo refere a Wafa, desde 7 de Outubro de 2023, a ofensiva israelita contra Gaza provocou pelo menos 60 839 mortos entre a população palestiniana e 149 588 feridos. As vítimas são na maioria mulheres e crianças,
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