O Ministério palestiniano da Saúde na Faixa de Gaza confirmou este domingo cinco novas mortes devido à fome e à má-nutrição no enclave, duas delas de menores.
Deste modo, o número de vítimas nestas circunstâncias ascende a 217, cem dos quais crianças, noticiou a Wafa, com base em dados oficiais.
A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa) alertou que a subnutrição entre crianças com menos de cinco anos duplicou no enclave costeiro, entre Março e Junho devido ao bloqueio israelita em curso.
Também a Organização Mundial de Saúde (OMS) referiu que os níveis de má-nutrição em Gaza atingiram níveis alarmantes e que o bloqueio deliberado e os atrasos na ajuda causaram muitas mortes, acrescenta a fonte.
Neste contexto, também marcado por bombardeamentos diários e ataques das forças de ocupação a civis em busca de ajuda, vários países ocidentais e árabes aderiram a um esquema israelita que lhes permite lançar ajuda humanitária por via aérea.
Bloqueio e ajuda que mata
No sábado, um jovem palestiniano de 15 anos morreu esmagado por um caixote com ajuda humanitária lançada do ar. Imagens divulgadas mostram pessoas em redor do corpo ensanguentado e, posteriormente, a ser levado para um hospital.
De acordo com a TeleSur, várias pessoas protestaram no local contra o facto de os acessos terrestres a Gaza estarem fechados e a ajuda que «mata os nossos jovens».
As autoridades no território revelaram que o adolescente foi a 23.ª vítima mortal da «ajuda aérea», que também provocou 124 feridos, desde 2023.
No seu relatório de 31 de Julho a 6 de Agosto, a Unrwa continua a classificar este tipo de ajuda como «muito caro e ineficaz». O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, afirma que «os lançamentos aéreos são pelo menos 100 vezes mais caros que os camiões, que transportam o dobro da carga em relação aos aviões».
Seis mil camiões à espera
No documento, a agência das Nações Unidas relembra que há 6000 camiões com material à espera de autorização para entrar em Gaza e que, durante o cessar-fogo deste ano, a ONU conseguiu fazer entrar diariamente no território entre 500 e 600 camiões, fazendo chegar a ajuda a toda la população em condições seguras e dignas.
Neste sentido, insiste que a única forma de entregar ajuda humanitária em grande escala em Gaza é por terra, através das Nações Unidas e dos seus parceiros.
Este domingo, em declarações à Sky News, Sam Rose, representante da Unrwa, voltou a chamar a atenção para a «falta de dignidade» associada aos lançamentos aéreos, que, em seu entender, «de alguma forma legitimam o regime de acesso» imposto por Israel e «são uma distração da solução real: abrir as portas de Gaza à entrada de camiões carregados com ajuda».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui