Em declarações à Sky News no sábado, James Elder destacou a situação terrível que a população vive no enclave palestiniano, afirmando que a maior parte das mães é obrigada a sacrificar a sua própria comida para garantir que os seus filhos têm o que comer.
Na Faixa de Gaza pela quinta vez, o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse que a maioria das crianças «tem sorte» se conseguir assegurar uma refeição diária e frisou que este «é o pior momento que as mulheres e as crianças já conheceram aqui em Gaza».
«Vejo crianças nos hospitais que não estarão vivas na próxima semana devido ao nível de desnutrição e à impossibilidade de acesso a mantimentos», disse, acrescentando que «a maioria das mães com quem falo recebe uma refeição dia sim, dia não, porque sacrificam qualquer alimento que tenham para os seus filhos».
Elder qualificou o dia a dia que as pessoas vivem no território costeiro como «um verdadeiro inferno», com a situação a agravar-se a cada hora que passa, tendos-se referido aos bombardeamentos incessantes por parte das forças de ocupação e à «terrível falta de comida».
Questionado sobre o facto de ter qualificado a ofensiva israelita na Faixa de Gaza como «uma guerra contra as crianças», o responsável da Unicef afirmou que essa classificação não é atribuída de forma ligeira, para fazer manchetes, mas que se baseia em números, na escala das crianças mortas e feridas – que é diferente da que foi atingida em qualquer conflito moderno.
Falta comida, medicamentos, analgésicos
Estando no enclave pela quinta vez, James Elder disse: «O que me choca desta vez são os gritos nos hospitais. Já vi cem crianças com amputações.»
«A dor, os gritos é algo que não tinha ouvido antes, porque agora simplesmente não há medicamentos», disse, alertando que não é só a comida que falta, mas também medicamentos, analgésicos, material de higiene, e tudo aquilo de que as crianças precisam – em virtude do bloqueio israelita existente.
De acordo com a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), toda a população na Faixa de Gaza enfrenta elevados níveis «insegurança alimentar aguda», com meio milhão em situação de fome.
«De 11 de Maio até final de Setembro de 2025, todo o território será classificado em Emergência (Fase 4 do IPC), prevendo-se que toda a população enfrente Crise ou insegurança alimentar aguda grave (Fase 3 do IPC ou superior)», referiu o IPC no seu portal.
«Isto inclui 470 mil pessoas (22% da população) em Catástrofe (Fase 5 do IPC), mais de um milhão de pessoas (54%) em Emergência (Fase 4 do IPC) e o restante meio milhão (24%) em Crise (Fase 3 do IPC)», explica o texto.
Segundo refere a Wafa, com base em dados das autoridades de saúde divulgados ontem, pelo menos 54 880 pessoas foram mortas no enclave desde 7 de Outubro de 2023, na sua maioria mulheres e crianças, em resultado da ofensiva israelita. Outras 126 277 ficaram feridas.
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