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Pelo menos 21 mil menores deficientes em Gaza desde o início da agressão israelita

Um comité das Nações Unidas revelou, esta quarta-feira, que pelo menos 21 mil menores ficaram com algum tipo de deficiência no âmbito da mais recente agressão israelita a Gaza, iniciada em Outubro de 2023.

CréditosSaid Khatib / Al Jazeera

Cerca de 40 500 menores sofreram «novos ferimentos relacionados com a guerra» nos quase dois anos de duração da ofensiva sionista, sendo que mais de metade deles ficaram com deficiências, revelou o grupo de especialistas que integram o Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU.

Além disso, mais de mil tiveram de ser submetidos a amputações.

«Com o aumento das operações militares, o número deve ser, sem dúvida, maior, e poderá inclusive ser o dobro», disse em conferência de imprensa Muhannad Salah al-Azzeh, membro do comité.

Referiu-se igualmente à estimativa da Organização Mundial da Saúde que aponta para mais de 480 mil pessoas com problemas de saúde mental ou deficiência psicossocial, sendo a grande maioria delas crianças.

Ao abordar a situação nos territórios palestinianos, o comité destacou que as ordens de evacuação israelitas durante os ataques sionistas a Gaza eram «frequentemente inacessíveis» a pessoas com deficiência auditiva ou visual.

A título de exemplo, Muhannad al-Azzeh mencionou o caso de uma mãe surda em Rafah, que foi morta juntamente com os seus filhos por desconhecer as ordens de evacuação.

«Os relatórios também deram conta de pessoas com deficiência forçadas a fugir em condições inseguras e indignas, como rastejar na areia ou na lama sem assistência para a locomoção», afirmou o comité, citado pela agência AFP.

Impacto desproporcional

A situação humanitária no território é marcada pelos bombardeamentos incessantes das forças de ocupação e pelo bloqueio imposto por Israel, dos quais resultam a falta de serviços especializados, equipamentos de saúde e de ajuda, bem como a fome generalizada, a desnutrição grave e a falta de acesso a água potável.

Neste contexto, o grupo de especialistas destacou o impacto desproporcional que as restrições impostas por Israel ao envio de ajuda humanitária estão a ter nas pessoas com deficiência na Faixa de Gaza.

«As pessoas com deficiência enfrentam graves interrupções na ajuda, ficando muitas sem alimentos, água potável ou saneamento e dependentes de terceiros para sobreviver», referiu o comité.

O organismo também critica o facto de a chamada Gaza Humanitarian Foundation – apoiada por Israel e os EUA – ter apenas quatro «centros de distribuição de ajuda» em todo o território, quando «o sistema da ONU que em grande medida substituiu tinha cerca de 400».

«Não se pode esperar que crianças com deficiência sejam capazes de correr e de se dirigir aos pontos de ajuda», disse al-Azzeh, sublinhando que uma das principais recomendações dos especialistas tem a ver com a necessidade prioritária de se chegar com ajuda às crianças com deficiência.

Obstáculos físicos, como os escombros e a perda de dispositivos de mobilidade, impedem ainda mais as pessoas de alcançar os pontos de ajuda, acrescentou.

Os especialistas sublinham a necessidade de implementar medidas que garantam a protecção das crianças com deficiência e o estabelecimento de protocolos de evacuação, bem como a entrega de ajuda humanitária em grande escala a todas as pessoas com deficiência no enclave costeiro.

Na sequência da ofensiva israelita, desde 7 de Outubro de 2023 até ontem, pelo menos 64 231 palestinianos foram mortos (370 dos quais devido à fome). As autoridades de saúde em Gaza confirmaram ainda que 161 583 pessoas foram feridas nesse período.

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