Adnan Abu Hasna, porta-voz da Unrwa, disse à imprensa que a actual ofensiva sionista no Norte do enclave é «a mais perigosa» desde Outubro de 2023, tendo alertado para o impacto e as consequências que tem para quase um milhão de pessoas que ali residem ou ali estão refugiadas.
Abu Hasna disse que esses palestinianos «estão a ser empurrados para uma área com menos de 20 quilómetros quadrados», tendo acrescentado que as pessoas se recusam a abandonar a cidade e a seguir para sul por várias razões, nomeadamente porque não tem dinheiro e devido à falta de alojamentos no Sul.
«As pessoas estão esgotadas e com fome, e não se podem deslocar», afirmou o funcionário da Unrwa, recordando a «amarga experiência» que os habitantes da Cidade de Gaza viveram quando foram obrigados a seguir para sul, no início da guerra de agressão, antes de lhes ter sido permitido regressar, no contexto do cessar-fogo do início deste ano.
Em Agosto último, o gabinete de segurança israelita aprovou o plano apresentado por Bejamin Netanyahu com vista a invadir e reocupar o enclave costeiro em várias fases, a primeira das quais incide na Cidade de Gaza e zonas envolventes.
A ONU estima que a ofensiva sionista vai forçar a deslocação de mais de 900 mil palestinianos. A este propósito, a Unrwa afirmou na sua conta de Twitter (X) que a operação israelita «está a empurrar milhares para o desconhecido», sublinhando que nenhum local é seguro e que não há espaço, nem tendas suficientes.
Cerca de 660 mil crianças sem escola
Numa outra publicação na mesma rede social, a Unrwa estima que cerca de 660 mil crianças estejam a ser privadas do direito à educação, não podendo ir à escola pelo terceiro ano consecutivo devido à ofensiva israelita que dura há 23 meses.
Em comunicado, a agência da ONU declara que «a guerra em Gaza é uma guerra contra as crianças e tem de parar».
«As crianças devem ser protegidas em todos os momentos», afirma a Unrwa, alertando que as crianças e jovens de Gaza correm o risco de se tornar «a geração perdida».
De acordo com o Ministério palestiniano da Educação, cerca de 700 mil estudantes no território cercado viram o seu ano escolar suspenso devido aos bombardeamentos das forças de ocupação.
Ajuda muito longe do que é necessário
Esta segunda-feira, as autoridades na Faixa de Gaza afirmaram em comunicado que, nos últimos cinco dias, apenas 534 camiões com ajuda entraram no enclave.
A ajuda que está a entrar no território mantém-se muito abaixo das necessidades, afirma-se num comunicado divulgado pela imprensa, no qual se sublinha que os camiões que conseguiram entrar «foram saqueados no meio do caos deliberado orquestrado pela ocupação israelita para fabricar a fome e a instabilidade».
Entretanto, o Ministério da Saúde em Gaza – território onde a fome foi oficialmente declarada pela ONU – revelou esta segunda-feira que mais nove pessoas (três das quais crianças) morreram devido à fome e à má-nutrição nas 24 horas anteriores.
Os números oficiais apontam agora para 348 mortos nestas circunstâncias, 127 dos quais menores. As mesmas fontes, citadas pela Wafa, indicam que, desde o início da agressão israelita, em Outubro de 2023, pelo menos 63 557 pessoas foram mortas e 160 660 ficaram feridas no enclave.
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