Numa nota publicada no dia 1, o Centro Al Mezan para os Direitos Humanos alerta para o aumento de casos de doenças infecciosas no enclave costeiro, tendo em conta que os ataques israelitas destruíram as infra-estruturas de saúde e as de água e saneamento.
As condições geradas por esta agressão estão a alimentar novos riscos epidemiológicos entre uma população debilitada pela fome, afirma.
De acordo com o Al Mezan e o Ministério da Saúde em Gaza, há cada vez mais pessoas com sintomas que se assemelham aos da gripe e da Covid-19 – tosse, febre alta, dores nas articulações, diarreia – e que se dirigem às urgências hospitalares, mas sem serem diagnosticadas ou tratadas, devido à falta de equipamentos, medicamentos e combustíveis imposta pela ocupação.
«O Ministério da Saúde não conseguiu identificar o vírus devido à ausência de equipamento de diagnóstico essencial, como PCR e testes rápidos», afirma o Al Mezan no seu portal.
As farmácias também ficaram sem os medicamentos básicos que normalmente estão disponíveis sem receita médica. «Senti-me completamente impotente quando procurei em todas as farmácias e centros de saúde medicamentos para a febre para o meu filho de quatro anos, Zain, mas não encontrei nada», disse um habitante da Cidade de Gaza ao Al Mezan.
«Em desespero, fui obrigado a dar-lhe meio comprimido de um medicamento para adultos. É inimaginável que uma criança possa adoecer e ficar privada até dos medicamentos mais básicos, como um antipirético ou analgésico. O que agrava a situação é que a fome já causou estragos devastadores nos nossos corpos – especialmente nos meus filhos», declarou.
Esta quarta-feira, as autoridades de saúde no território confirmaram a morte de mais seis pessoas devido à fome e à má-nutrição, decorrentes do bloqueio e dos ataques impostos pela ocupação sionista. Deste modo, o número de palestinianos mortos nestas condições subiu para 367 (131 dos quais crianças).
Outras doenças a espalhar-se
Outras doenças que se espalham por Gaza incluem a meningite, com mais de mil casos confirmados desde Maio último, e a síndrome de Guillain-Barré, bem como diarreia e sarna, que estão associadas às condições de vida das famílias deslocadas à força. A destruição das centrais de dessalinização e infra-estruturas de saneamento agravou drasticamente esta crise.
«Desde Junho de 2024, Israel aprovou apenas um em cada dez pedidos apresentados pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) para a importação de materiais essenciais para a dessalinização da água», refere o Al Mezan.
Com os hospitais a funcionarem até 300% acima da sua capacidade original de camas, a emergência na saúde continua a agravar-se. Organizações de saúde palestinianas e internacionais têm solicitado repetidamente a entrada irrestrita de materiais e equipamentos médicos, de modo a restaurar o sistema de saúde no enclave, mas, em vez de o permitir, a ocupação persiste nos ataques aos cuidados de saúde.
«O Al Mezan condena veementemente o genocídio em curso por parte de Israel e o endurecimento do seu bloqueio ilegal a Gaza, incluindo a obstrução do fornecimento de alimentos, medicamentos, combustível, material de higiene e outros bens humanitários essenciais», afirma a organização no seu portal.
«Apelamos à comunidade internacional para que actue imediatamente de modo a obrigar Israel a acabar com o genocídio em curso, a impor um cessar-fogo imediato e a levantar o cerco e o bloqueio a Gaza», declara.
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